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Alycias's POV

- Vem amor, vamos pra cama - Disse pegando Eliza no colo, com uma mão empurrava devagar o suporte do seu soro, ela aconchegou em meu peito e não dizia nada, apenas ficava de olhos fechados. Um tempo havia se passado e eu ja havia banhado a mesma, ela não vomitou mais depois disso mas ainda continuava com nausea.

Com cuidado deitei Eliza na cama e a cobri com a coberta que estava em seus pés, a mesma se aninhou no travesseiro e abriu os olhos, me olhando com carinho, fiz um cafuné em seu cabelo e beijei sua testa.

- Você quer tentar dormir um pouco? - perguntei puxando a poltrona pra perto da cama, ela estendeu sua mão pra mim, entrelacei nossos dedos, então ela puxou minha mão me fazendo aproximar mais

- Deita comigo - susurrou ela baixo, assenti sentindo meu coração doer com sua expressão de dor, de cansaço. Me deitei ao seu lado e ela logo deitou a cabeça no meu peito, sua mão embaixo da sua bochecha, a abraçei de lado e então ela susurrou outra vez.

- Lê pra mim? eu apenas preciso escutar sua voz - pediu baixinho, mordi o labio e estiquei um braço pra pegar um livro que estava ao lado da cama. Peguei o livro e abri o mesmo, Eliza manteve os olhos fechados, me ajeitei melhor, beijei sua testa e respirei fundo.

- Um novo amanha.. capitulo um.. As paredes de pedra estavam de pé havia mais de dois seculos, simples, mas resistentes. Formadas por rochas das colinas e dos vales.... - Comecei a ler, Eliza ainda estava acordada, hora ou outra sua testa franzia, indicando que ela estava com nausea ainda. Ja haviam se passado três capítulos e eu senti seu corpo mole ao meu lado, sua respiração calma, então percebi que ela estava adormecida em meus braços, e eu me senti aliviada por ajuda-la a dormir, me sentia impotente em relação a quimio, como se eu não pudesse fazer nada pra ajuda-la, ou pra fazer sua dor sumir, ou diminuir, e isso me deixava frustrada, não aguentava ve-la triste, ou com dor, ou qualquer coisa relacionada. Ela devia estar fazendo o que gosta, com amigos, dançando, bebendo, se divertindo, e não deitada em uma cama de hospital sem ao menos conseguir se levantar sozinha. Era o terçeiro dia de sua quimio e ela estava cada vez mais fraca, mas não havia nada que eu podia fazer a não deixa-la confortável e mostrar que eu jamais sairia do seu lado.

- Ela dormiu? - perguntou Marie que nos observava da cama de acompanhante, assenti e olhei para Eliza, acariciei seu rosto, sua expressão agora tranquila, seus labios entre abertos, e ela estava dormindo profundamente.

- Vá dormir tambem, irei cuidar dela durante a madrugada, se eu precisar de alguma coisa eu te chamo, mas durma, sei que tem aula amanha - disse para Marie que tambem parecia cansada, ela assentiu sussurrando um 'obrigada', e se deitou. A madrugada de passava e Megg entrou no quarto duas vezes para tirar sangue de Eliza, a mesma fez tudo com o maior cuidado pra não acordar Eliza, suas mãos eram de fadas, pois Eliza continuava dormindo profundamente. Disse para Megg o que havia ocorrido mais cedo e ela disse que conversaria com Dra White pra ajustar algum remédio para que a nausea e o vomito diminuíssem. Marie não dormia assim como eu, hora ou outra ela de virara pra olhar se Eliza continuava a dormir e eu apenas assentia em silencio e ela se virava novamente.

A manha chegou e Eliza espreguiçou ao meu lado o que fez a cama apitar, ela assustou e começou a rir, porem seu sorriso era triste, suas olheiras estavam visiveis, sua expressão mais cansada que a noite passada, e outra vez senti algo dentro de mim doer. Ela me olhou e eu tentei sorrir, acariciei seu rosto e ela encostou a testa na minha, acariciei suas bochechas e ela sorriu novamente, olhei seus labios, seus dentes perfeitos e pequenos, e não me segurei, segurei sua nuca e a beijei, não esperava esse meu ato mas eu precisava senti-la, precisava da minha Eliza, seu beijo era como um conforto pra mim, o remedio que fazia a minha dor passar, e eu precisava a todo tempo. Eliza retribuiu o beijo lentamente, acariciei sua nuca e segurei seu rosto com as duas mãos intensificando o beijo, uma enorme vontade de chorar se formando dentro de mim, suas mãos foram pra cima das minhas e ela se afastou do beijo, como se fosse muito pra ela e eu me senti culpada, selei seus labios com carinho e seus olhos estavam cravados em meus labios.

My Worst DistractionWo Geschichten leben. Entdecke jetzt