Hospital

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Acordei em um quarto todo branco. Eu tinha aparelhos monitorando meu pulso e batimento cardíaco, e soro aplicado na veia. Tentei me lembrar de como tinha ido parar ali, mas só me passaram imagens vagas e embaçadas na mente. Tudo real tão irreal quanto num sonho: Braços me puxando da água, pessoas se amontoando ao meu redor, alguém chorando quando meu corpo entrou em convulsão e... mais nada. Levantei meus dedos fracos para tocar meu cabelo, e percebi que a minha cabeça estava enfaixada no ponto próximo a testa. 

Senti alguém se mexer um pouco com meu leve movimento, o que me fez olhar para baixo. Enzo estava espremido em um canto da minha cama, com os braços envolta de mim e a cabeça apoiada na minha barriga. Escutei sua respiração suave, e percebi que ele estava dormindo. Num impulso, comecei a acariciar seu cabelo em movimentos suaves. Mesmo de olhos fechados, ele pareceu relaxar ao meu toque e apertou um pouco mais os braços ao meu redor.

Ouvi passos se aproximando, e me surpreendi com a figura que vi parada ao meu lado.

---- Papai.__ Sussurrei.

---- Oi, amor. Você está bem?__ Perguntou carinhosamente.

---- Estou. Mas, o que você está fazendo aqui?

Ele indicou Enzo com a cabeça, e eu murmurei um:

---- Ah.

---- Tenho que confessar que o garoto é mais do que eu esperava.__Lhe lancei um olhar questionador. ---- Pra falar a verdade, eu o achava um mauricinho idiota que não seria capaz de dar a minha filha o futuro que ela merece.

---- Pai!

---- Eu sei o que você vai dizer: Eu não preciso que ninguém me dê um futuro, pai.__Sorri, pois era exatamente o que eu iria falar. ---- Mas você não pode impedir um velho de sonhar em ver sua filha feliz com alguém.__ Ele segurou minha mão livre, e observou Enzo dormir profundamente. ---- Ele salvou sua vida, Melanie.

---- O quê?

---- Ele te tirou do mar, prestou os primeiros socorros e te aqueceu. O garoto fez um helicóptero aparecer em minutos, te trouxe pro melhor hospital do país e obrigou todos os médicos do andar a te atenderam ao mesmo tempo.__ Ele fez uma pausa, para que eu pudesse digerir aquilo tudo. ---- Você teve hipotermia, asfixia pela água nos pulmões, uma pequena hemorragia do ferimento na cabeça e até uma parada cardíaca. Eu vi como ele ficou. Quando nós chegamos aqui, estava caído na porta da UTI. Ele não comia, nem bebia e não havia uma alma sequer que o convencesse a sair de perto de você. Houve uma hora que os médicos quase desistiram de tentar te salvar. Aí ele começou a chorar e gritar seu nome desesperadamente. Invadiu a UTI, e eu o encontrei ajoelhado ao lado da sua cama. Os seguranças estavam prestes a expulsá -lo, até que você começou a melhorar instantaneamente. Depois disso, passaram a deixar ele ficar com você e seu corpo pareceu voltar a vida. Eu vi a sua cura diante dos meus próprios olhos, pensei que era um milagre e me dei conta que na verdade, ele tinha salvado você.

Senti um orgulho imenso do meu namorado. Aquilo era a maior prova de amor que alguém poderia dar a outra pessoa.

---- Então você o aprova?

Ele deu uma risada baixa.

---- Eu nunca vi alguém amar tanto uma pessoa assim. Se existe no mundo uma pessoa digna da minha filha, é esse rapaz aqui.

Abri um enorme sorriso.

---- Isso não que dizer que eu não tenha vontade de queimá - lo vivo, por roubar minha bonequinha de mim.

Eu ri alto de mais, Enzo se levantou abruptamente. Ele abriu os olhos quando já estava em pé e olhou para o meu pai.

---- Cadê a Melanie? Aconteceu alguma coisa com ela? Ela está bem?

Meu Príncipe DesencantadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora