A decisão

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Como eu previ, minha maninha praticamente se ajoelhou aos meus pés quando o momento - zumbi passou. Ela usou todas as suas armas secretas: a fofura,a gentileza,a submissão... mas nada disso deu certo, então ela decidiu ativar o modo hard e teve uma evolução assim como um pokemon, só que um pokemon do mal. Elizabeth estava me deixando louca a 2 semanas, ela fez chantagem emocional, me ameaçou de morte umas 300 vezes por dia, e disse que se eu não me inscrevesse pra aquele reality show idiota ela iria me jogar da sacada ou se jogar da sacada. Eu pensei seriamente em interna - la num manicômio, mas pra isso eu precisaria da autorização dos meus pais e tudo que eles faziam era aplaudir tudo que a minha irmã fazia e achar bonitinho. Quando eu pedi ajuda a mamãe ela disse:

---- Ah Melanie, ela é só uma garotinha apaixonada por seu ídolo. Você devia fazer o que ela pediu.

Eu abri a boca chocada com o quanto minha opinião era insignificante naquela casa. E fui reclamar com papai que sempre tomava o meu lado nas brigas.

---- Olha filha, se fosse em uma situação normal eu nunca diria pra você se inscrever. Mas a Beth ta pedindo tanto, e além do mais as moças do país inteiro estão competindo. As chances de você ser selecionada são quase 0. E, se por acaso você fosse selecionada seria como ganhar na loteria. Eu sei o quanto você amaria atuar num musical, ou você acha que eu e sua mãe não vimos todas aquelas revistas sobre como é ser uma estrela, ou que não vemos quando você dança escondido copiando as bailarinas da internet, ou a sua felicidade quando esta no palco do seu curso de teatro e todo o seu esforço pra ser uma professora melhor pras crianças do coral da igreja? Você quer isso mais que tudo, esta escrito nos seus olhos mesmo que você não veja.

Eu saí bufando, por que eu sabia que as palavras do meu pai iam ficar me atormentando em todos os meus breves momentos livres. Ele tinha razão, todas essas coisas eram verdade, por isso eu estava cursando Pedagogia. Por que o meu sonho era um dia abrir uma companhia de artes,com aulas de dança, canto, teatro, pintura,literatura e tudo mais que envolvesse esse mundo. Eu me esforçava para ser a melhor em tudo, pois eu queria que as pessoas me vissem como alguém capaz de realizar isso. E eu sabia que sonhava alto demais pra alguém com o meu nível social, não que eu fosse pobre a ponto de ter que regular a comida,eu não chegava nem perto. Meus pais eram jornalistas aposentados, donos de uma pequena lanchonete no centro da cidade, e nós tínhamos uma vida estável. Mas não ao ponto de eu ter grana pra fazer tudo que eu quero, e mesmo se tivesse, eu não usaria o dinheiro dos meus pais pra realizar o meu sonho. Ele era meu não deles, e se tem uma coisa que aprendi com meus pais é conquistar o que você quer com seus próprios esforços. 

Pensando nisso eu fui ao único lugar que me livraria de todas as preocupações: meu grupo de teatro. Enquanto eu me alongava e tirava os tênis, meus amigos chegaram perto de mim.

---- OIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII ___ Gritaram Ju, Fabi,João e Pedro ao mesmo tempo. 

Ju e Pedro eram irmãos gêmeos de 19 anos, ambos com a pele negra,corpo escultural e cabelos cacheados de fazer inveja em qualquer cabeleireiro Parisiense. A Ju era a pessoa mais meiga e inocente que alguém poderia conhecer, sempre sonhando com contos de fadas e príncipes encantados,exatamente como a minha irmã,as duas sempre se uniam na missão "namorado para garota que não quer namorado" quando me viam conversando,rindo ou sequer respirando perto de um menino que elas não conheciam. Por isso, eu a considerava como uma 2° irmã caçula. O Pedro era um mulherengo da vida, sempre flertando com todas as meninas possíveis, só que nós todos sabíamos que isso tudo era pra disfarçar o amor platônico que ele tinha pela Fabi e que só aquela cega não via. Por falar em Fabi, a menina de 22 anos, dona de cabelos coloridos e repicados, como uma espécie de arco iris e que eu conheci a 5 anos atrás no torneio de matemática da escola,eu poderia dizer que não via um estilo definido nela. Pois ela era a junção de vários estilos: rockeira,nerd, durona,palhaça e mais tudo que se possa imaginar. Ela era meu unicórnio revoltado preferido. E por ultimo mas não menos importante, João. Eu tenho uma leve suspeita de que ele era meu melhor amigo mesmo antes de nascer, já que nossas mães engravidaram praticamente ao mesmo tempo e ele faz aniversário 2 dias depois de mim, no dia 13 de janeiro e por acaso é meu primo. Os cabelos no mesmo tom de loiro escuro da Beth e os olhos azuis que são a marca dos Albuquerque. Ele era simpático e extrovertido, capaz de fazer qualquer um dar gargalhadas, principalmente quando ele contava suas histórias malucas dos seus vários namorados que mal duravam 1 semana. Meus amigos eram parte da minha família, e a opinião deles pesava muito pra mim, então é claro que resolvi pedir sua ajuda.

Meu Príncipe DesencantadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora