É guerra

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A luz fraca da manhã entrava pela janela do quarto, enquanto os passarinhos cantavam ao fundo como um coral. Aquele deveria ser um dia bonito, daqueles que te da vontade de sair, ver a luz do sol. E seria, se eu não estivesse sentindo aquele aperto no peito.
Talvez por isso ao invés de bom dia, Pedro havia me acordado com um:

---- Como você está?

Me levantei e respondi triste:

---- Quer uma resposta depressiva ou reconfortante?

---- Quero uma resposta sincera.__ Ele cruzou os braços.

---- Eu estou péssima.

---- Isso não é depressivo?

---- Não. Se fosse, eu te diria que eu estou com vontade de pular do topo do Empire State.__ Respondi indo lavar o rosto.

---- Como você consegue fazer piadas depois de tudo que você viu ontem?

---- Quem disse que é uma piada?

Ele suspirou, e me entregou uma pequena bolsa de pano.

---- O que é isso?

---- Roupas. Alice mandou trazer, e disse que você está dispensada das aulas de hoje.

---- Que bom. Eu não estou em condições de fazer nada.

---- Mas infelizmente, vai ter que voltar pra mansão.

Um medo cresceu dentro de mim. Eu não queria voltar pra lá. Ver aquelas pessoas me encarando, ouvir cochicharem a meu respeito, suportar a expressão de triunfo de Meghan, e principalmente, tratar Enzo como se nada tivesse acontecido. Sabia que aquilo seria um caos.

---- Ta.__ Respondi visivelmente derrotada.

---- Sinto muito por ter que passar por isso. Se eu pudesse fazer alguma coisa...

---- Eu sei. Só estou mal mesmo.

----  Vai passar.__ Me encorajou, colocando uma mão no meu ombro.

---- Vai.__ Falei dando um sorriso fraco. É claro que eu estava mentindo.

Depois de pronta, Pedro me acompanhou até a Mansão Martiolli. Subi para meu quarto depressa, longe de olhares curiosos.
Assim que abri a porta Alice me deu um abraço esmagador.

---- Ah querida, como você está?__ Falou.

---- Estou bem, Alice.__ Tentei tranquiliza - la, porém as lágrimas que ameaçavam a cair novamente, me entregaram.

---- Vem, sente - se aqui.__ Ela me levou até a poltrona e se sentou na cama a minha frente. ---- Você não sabia mesmo o passado do príncipe ?

Balancei a cabeça negativamente.

---- A culpa é toda minha. Eu devia ter te contado. Como eu sou burra! É claro que você não ia saber. Isso aconteceu há  muito tempo.

---- Não Alice, você não  tem culpa de nada. Quem tinha que ter me contado era ele.

---- Talvez ele também tenha pensado que você já sabia.__ Disse tentando me animar.

---- Eu perguntei, e ele mentiu.

Ela murchou com a resposta que eu dei.

---- Deve ter sido horrível.

---- E o pior de tudo, é que ele tinha acabado de me pedir em namoro.__ Levantei a mão com o anel.

---- A não.__ Falou levando as mãos a boca, surpresa.

---- Como ele pôde fazer isso comigo?

Ela me abraçou e eu deitei no seu colo, enquanto ela mexia no meu cabelo.

Meu Príncipe DesencantadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora