Dia de coral

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Ja era quinta feira daquela semana, o que significava aulas para o coral. Quando eu pensava naquela pequena parte da minha vida, sempre me sentia feliz. Pois quando eu estava com aquelas crianças, me tornava outra pessoa. A partir do momento que eu atravessava as portas da igreja, eu me sentia como uma super heroína dos filmes da Marvel. Era só olhar pro rostinho dos meus alunos que eu me transformava, la eu não era a Melanie Albuquerque eu era a Super Tia Mel. Eles me faziam sentir especial, como se eu pudesse fazer tudo que quisesse e sonhar o quanto eu quisesse, por que por mais que eu sonhasse em ter a lua, minhas crianças nunca riam de mim e nunca diziam que eu sonhava alto demais. Eu as amava de todo coração. E esse era o grande motivo de eu estar cursando Pedagogia. Porém hoje eu estava um pouco nervosa, esse era o ultimo ensaio da apresentação para o aniversário da igreja, que por ser a mais antiga e famosa da cidade iria estar lotada.  Então quando eu cheguei no meio do caminho para o palco do coral, as crianças vieram todas pra cima de mim e começaram a falar ao mesmo tempo, transformando a a paz da igreja numa bagunça generalizada de vozes tagarelas.

---- CRIANÇAS! ___ Eu gritei.

No mesmo instante todos fizeram silêncio.

---- Vamos nos sentar em roda,fazer a oração e depois nós conversamos, Tudo bem? __ Eu disse sorrindo e encaminhando meus alunos para o tapete de quebra cabeça embaixo do altar.

Era impressionante  como meu sorriso saia fácil ali com eles. Eu não ficava séria nem quando eu estava de mau - humor, totalmente o contrário de mim nos outros dias. A Beth costumava ficar morrendo de ciúmes deles quando era mais nova, ela dizia que eu era muito mais legal na igreja e que eu me importava mais com meus alunos do que com ela. Eu ria sempre que ela fazia isso, só pra ver a pirralha fazendo beicinho e poder apertar suas bochechas. Tudo era mais fácil quando ela era uma criança, mas agora com essa fase insuportável da pré adolescência em que as meninas ficam se achando adultas, nós brigávamos sempre. 

Quando todos estavam acomodados eu disse:

---- Vamos ver se estão todos aqui.

---- Nina?

---- Aqui.

---- Joaquim?

---- Aqui.

---- Mimi?

---- Aqui.

---- Biel?

---- Aqui.

---- Lucca?

---- Aqui.

---- Cami?

---- Aqui.

---- Maju?

---- Aqui.

---- JP?

---- Aqui.

---- Nanda?

---- Aqui.

Depois de feita a chamada, nós fizemos a tradicional oração de inicio__ Que as crianças achavam uma chatice, mas ja que estávamos na igreja eu tinha que obrigá las a fazer__ E demos incio a roda da conversa. Eu não podia reclamar da igreja, ja que o Padre Juarez havia nos dado bastante espaço deixando até que nós cantássemos musicas fora do meio gospel nas apresentações__ nessa por exemplo, nós iriamos cantar ABC do Michael Jackson__ eu só queria que meus alunos pudessem apresentar em outros lugares além de eventos religiosos, que fosse permitida a entrada de crianças de outras igrejas,religiões e elas também deveriam ter aulas mais dinâmicas, para que elas participassem por vontade própria e não por pressão dos pais, como era o caso da maioria dos meus alunos. Então eu tentava ao máximo tornar aquilo divertido, pra que eles possam vir cantar felizes. E parecia que estava funcionando, ja que de 5 alunos a turma dobrou para 10 ( o máximo de crianças numa turma que a igreja permitia).

Meu Príncipe DesencantadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora