XVIII. Sete Dias

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Não demorou muito para que Louis  estivesse de novo no condomínio aonde morava. Estava devidamente medicado, por isso grande parte de sua dor estava em níveis imperceptíveis, entretanto havia um incômodo alojado em todo seu corpo. Um incômodo que apenas piorou quando ele teve ímpetos de apertar o botão do próprio andar ao chegar no elevador. Ele não iria para casa. Estava por tempo indeterminado na casa de Zayn.

Chegava a ser ridículo comparar essa sensação com aquela que ele sentiu ao ser abandonado pela mãe, mas no fim das contas esses pensamentos lhe alcançavam, mesmo quando Louis tentava fugir deles. O problema era que dessa vez ele sentia que quem o havia largado na chuva era Harry.

Quando o elevador chegou no andar, Louis propositalmente enrolou, vendo Trisha entrar pela porta e Liam e Zayn pausarem na soleira, lado a lado.

O mais alto dos dois encostou-se ao batente da porta e puxou o corpo menor pela cintura com uma das mãos, sendo recebido prontamente pelo outro, que enlaçou sua cintura e colou os lábios aos dele, num beijo de despedida um tanto quanto fogoso.

Louis prendeu a respiração, evitando fazer qualquer movimento. O adolescente sabia que a culpa não era deles se sua vida estava naquela situação... Se seu namoro havia durado apenas alguns dias. Eles não tinham culpa de nada e tinham o direito de se despedir decentemente na porta da própria casa, mas isso não queria dizer que ver os dois naquela cena não doía.

Doía – inclusive – de uma maneira bem masoquista porque apesar de Louis sentir pontadas ardidas contra seu peito ao observar aquilo, ele também não conseguia desviar o olhar. De onde estava dava até mesmo para ver a língua dos dois tocando-se conforme os movimentos aconteciam.

As mãos de Zayn se grudavam e puxavam levemente os cabelos da nuca do namorado e deu pra ouvir perfeitamente um leve gemido da parte dele quando uma das mãos de Liam resolveu descer até as nádegas do mais novo, que riu antes de arrancar a mão dele dali, murmurando que a porta de sua casa não era lugar para aquele tipo de safadezas.

Com certeza eles tinham se esquecido completamente que Louis ainda não havia entrado em casa.

O Tomlinson soltou a porta do elevador, que causou um barulho seco quando ao se fechar, fazendo o casal se soltar e encarar o amigo acidentado como se ele fosse uma assombração ou o pai de Zayn, provavelmente pensando que não sabiam qual dos dois seria pior.

—Não se incomodem comigo. —  Murmurou, passando por eles e entrando na casa sem encará-los, indo rapidamente até um dos sofás sem ascender as luzes, gostando da companhia do escuro. De alguma forma, ele era acolhedor.

Ainda assim, de onde Louis estava ele conseguia ver a luz da suíte acesa, deixando claro que até mesmo Trisha queria dar um tempo para que o casal pudesse ficar à sós.

Por que a vida deles parecia tão fácil? Mesmo com o caos do final do noivado de Liam e o possível surto do pai de Zayn quando ele descobrisse da sexualidade do filho, ainda assim tudo parecia tão certo...

O Malik tinha uma mãe que daria inveja a qualquer pessoa sã, tinha o primeiro cara com quem se envolveu sentimentalmente correspondendo a esse sentimento da mesma maneira, mesmo depois dos erros consecutivos que haviam cometido e agora estavam namorando publicamente, pouco se importado com o que o resto do mundo ia pensar, recebendo apoio materno de ambas as partes.

Podia até ser egoísmo, mas Louis não consegui evitar a comparação com a própria vida.

Não tinha pai, sua mãe havia engravidado por puro interesse – ao que parecia – e lhe abandonou assim que ele morreu; sua única família não possuía laços de sangue consigo e não havia nada de errado com isso, até na única vez que eles tentam ser algo além de fraternos o relacionamento acabava para que Harry pudesse se envolver com uma mulher tão baixa quanto a auto-estima de Louis estava atualmente.

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