XV. Cláusulas

5.2K 635 932
                                    

[N/A: Quero começar o capítulo pedindo perdão pelo nervoso que ele irá causar em leitores desavisados. 

Amo todos vocês, perdoem a Johannah e não desistam de mim. Boa (ou talvez não) leitura!]


O dia de Harry passou de uma maneira  torturantemente lenta, cada segundo escorrendo por seus dedos como um relógio de areia com defeito, principalmente depois de Louis iniciar uma crise de choro mudo, cobrindo a boca com as mãos e tentando fazer as lágrimas pararem de escorrer, como se estivesse envergonhado de fazer aquilo na frente do Styles, que havia passado a vida sempre amparando todas as suas lágrimas, sem reclamar.

Quando o Styles tentou tocá-lo daquela vez, entretanto, e fazer com que ele parasse com o pranto, o mais novo desvencilhou-se de seus braços, andando sem falar nada para o banheiro mais próximo, como se quisesse se recompor sozinho. Harry entendia... Louis não queria lhe culpar pelo término, mas precisava de um tempo para lidar com a própria mágoa.

Nossa, aquilo machucava demais o dono da Dust.

Quando o adolescente saiu de dentro do banheiro, não chorava mais e tentou com todas as forças colocar um sorriso no rosto, que falhou miseravelmente, com uma aura pesada rodeando-o durante todo o restante do dia.

O silêncio pairou entre eles durante todo o caminho de carro até o apartamento que dividiam desde que Louis era pequeno, subindo com eles pelo elevador e sentando-se, com as pernas cruzadas ao entrarem na sala do apartamento, como se fosse uma presença física. Naquele dia o Tomlinson estava usando uma regata larga, com as laterais abertas até o fim das costelas e vez ou outra a forma como ele se movia acabava exibindo a tatuagem do apanhador de sonhos.

A tatuagem que havia sido feita para Harry.

Todas as tentativas de diálogo entre eles foi morrendo rápido demais enquanto a noite caía e para Harry, restou apenas esperar que o menor fosse para a cama, deitando-se ao lado dele, dando a camiseta para que as mãos pequenas agarrassem enquanto zelava seu sono como um anjo da guarda, porque não importava o quanto Louis estivesse magoado, ele nunca lhe negava na hora de ir dormir. Assim como não negou o cafuné leve do mais velho nos fios de seu cabelo, até que a inconsciência o levasse...

Até o Styles se levantar, tomado pela insônia, amiga do silêncio de mais cedo, que o acompanhou cama à fora, em direção a varanda do apartamento, na qual sentou, com um cinzeiro, um maço de cigarros, um isqueiro e as duas presenças fiéis de seu dia: insônia e silêncio.

Milhares de coisas passeavam por sua cabeça enquanto Harry via os cigarros sendo consumidos, um a um, naquela noite particularmente estranha. O relógio de pulso do Styles apitou a batida das três horas da manhã e ele acabou suspirando. Iria ter um câncer em pouco tempo se não parasse de fumar daquela forma... Mas o que fazer quando as milhares de substâncias tóxicas e potencialmente viciantes do cigarro eram muito eficazes em lhe manter calmo?

Ouviu a porta se abrindo naquela casa que só era preenchida pelo som do relógio de parede que ficava pendurado na sala e acabou tragando – talvez – milésimo cigarro daquela noite, vendo que Louis saía do quarto coçando os olhos como se ainda fosse a mesma criança que havia resgatado da rua, muitos anos antes.

Claro que havia um sex appeal que não existia antes, ele tinha ficado definitivamente mais bonito e seu corpo estava longe de ser infantil, mas machucá-lo causava o mesmo gosto amargo que sentia quando tinha de sair para trabalhar e ele estava doente, pedindo sua companhia.

Louis parou ao seu lado, vestido em um moletom de Harry, que cobria bem pouco suas pernas conforme ele se movia, abrindo a porta de vidro da varanda e fazendo o mais velho abaixar o cigarro em reflexo, para que a fumaça não batesse contra o outro.

Infindo {l.s}Where stories live. Discover now