Capitulo vinte e três | Uma história de amor

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Quando chegamos a parte de trás, sentamos em uma mesa de jardim com um guarda sol em frente a piscina. Os dois pareciam apreensivos, a mãe de Mason parecia bem pálida, com olheiras e olhar triste. Eu devia parar de chamá-los de "pais do Mason", mas eu não conseguia ainda. Eu vi os exames de DNA, Mason me mandou por email e eu não acho que eles brincaram com algo assim.

Estávamos a alguns minutos sem dizer nada, isso estava me deixando inquieta. Desconfortável. Por baixo da mesa, Mason me passava forças segurando forte minha mão.

—  Senhora Diamond... – Ela me olhou com tristeza ao ouvir eu chamando ela assim.

—  E-eu sei que eu não mereço ser chamada de mãe, mas... Me chame de Mary, se não for te deixar desconfortável, claro – Olho para Mason e ele torce a boca então eu digo que sim com a cabeça.

—  Me chame de Joseph também, por favor querida – Eu sorrio fraco e balanço a cabeça.

Eu não estou com raiva deles, eu devia sentir. Eles me abandonaram, eu sinto uma mágoa profunda, mas não consigo odia-los. Não é o mesmo que senti pelos meus pais adotivos. Não é o mesmo sentimento, eu estou decepcionada com as pessoas na minha frente, mas com meus pais adotivos eu senti uma raiva imensa.

—  Bem, acho que é melhor irmos direto ao ponto – Mason pigarreia.

—  Quando, eu era jovem, bem eu me apaixonei pelo seu pai. Nós éramos dois jovens imaturos, seu pai era herdeiro desse império e eu era uma menina encantada com esse novo mundo, apaixonada por ele e tudo que ele me mostrou de novo. Quando eu recebi a notícia da gravidez de Mason, explodimos de alegria, era fruto do nosso amor, mesmo que fosse um amor proibido. Os pais dele eram difíceis, me odiavam. Passamos quatro anos suportando e encarando eles, mas todo ser humano erra. – Mary limpa uma lágrima solitária.

—  Eu me senti fraco, meus pais começaram a ameaçar me deserdar se eu não me separasse da Mary. Apesar disso eles tinham afeto pelo Mason então disseram que se eu me separasse dela e a esquecesse completamente poderia trazê-lo para ter uma vida feliz e farta, se eu não aceitasse eles iam me deixar na miséria e cuidar para que não conseguissemos emprego em nenhum lugar. Então eu aceitei, deixei Mary e fui embora com Mason quando ele tinha quatro anos – Joseph continua a história.

— Mas o que ele não sabia é que eu estava grávida outra vez, eu me vi num desespero horrível. Eu estava na miséria, ele não sabia, mas os pais dele me arruinaram na época, espalharam boatos de que eu era uma ex condenada e ninguém contratar alguém que já esteve na cadeia. Veja bem, eu não tinha nem uma casa, nenhum teto. Nada. Eu até apanhei na rua, quase te perdi. Uma moça, um pouco mais velha que eu, me amparou e me levou ao hospital. Nessa época morávamos numa cidade pequena, perto da que você morou durante sua vida. Essa mesma mulher disse que não podia ter filhos e pedia a Deus todos os dias que a agraciasse com um bebê. Depois que nos separamos eu observei ela por alguns meses e vi que era uma boa mulher...

—  Você não pensou em... Apenas abortar? – Interrompo.

—  Jamais meu amor, eu tinha a consciência de que você era uma vida e mesmo longe de você eu pelo menos saberia que estaria bem. Com um casal humilde, mas receberia todo amor. Uma casa, comida, uma cama quentinha, pais unidos... Coisas que eu não tinha.

— Esse casal... Essa mulher que te ajudou, foi a mãe dela? Adotiva...  – Mason questiona e a mãe dele consente.

— Fiquei meses morando de baixo de uma ponte, toda minha há gravidez eu tentei arrumar emprego, mas não pude. Meus pais já tinham morrido, qualquer parente meu morava longe. Eu estava abandonada, eu só tinha Deus. Eu dormia numa igreja católica, na capela, escondida do padre. Me sentia protegida lá. Até que a bolsa estourou em uma missa e uma das irmãs me ajudou a ir no hospital, e nasceu essa bela menininha, com os olhos azuis com os do pai. Carequinha, com a pele macia... Eu me apaixonei outra vez. Sobre você meu filho, eu não podia te procurar sem que nada te acontecesse, eu me senti traída, mas eu sabia que estava bem com seu pai, confortável. – Eu já estava em prantos. Ela sofreu demais. — Um mês depois que tive minha linda menina, eu comprei um colar, com o único dinheiro que eu tinha, dez reais que achei no chão. Era um colar da pequena sereia, o único que eu podia te dar. Coloquei em você, peguei o casaco que eu me cobria, onde ganhei de uma pessoa de igreja. Peguei uma caixa e fui até onde a moça bondosa morava. Pela janela eu vi ela chorando balançando um berço, era a pessoa certa. A família certa. Antes que perguntem porque ninguém me impediu, eu... Não tive coragem de contar a ninguém sobre a minha situação, aguentei tudo sozinha, comigo mesma.

The escapeWhere stories live. Discover now