Capítulo três | Uma ajuda inesperada

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"A poesia não é um modo de libertar a emoção, mas uma fuga da emoção; não é uma expressão da própria personalidade, mas uma fuga da personalidade." T.S.Eliot

Vou postar um capítulo por semana ♥

[Não revisado]

Deitada no chão da parte de trás da minha casa, observando o céu azul da manhã e o vento leve batendo no meu rosto, nem parece que estou com a cabeça cheia de problemas, cheia de confusão, com meu coração apertado por angustias e amargurada por mentiras contadas. Aqui, nesse momento, parece que sou uma personagem de filme, e vivo uma vida feliz. Parece até que minha família é tão feliz quanto às famílias de comercias de margarina. Não é nada disso. Agora, estou pensando em como uma pessoa pode se decepcionar tanto com algo, por mais simples que seja. Por omissão de algo ou por uma mentira.

Eu disse que queria falar com meus pais, ontem, mas acabei adormecendo em um poço de lágrimas silenciosas. Meus olhos pesam, meu rosto está paralisado, eu não sinto mais nada, estou anestesiada fisicamente, mas internamente a cada vez que me lembro daquelas palavras, eu levo uma facada nas costas e um tiro no peito. É tudo tão complicado, tudo tão árduo.

Eu já não tinha uma auto-estima das melhores, sempre tive pena de mim mesma por ser "desprovida de inteligência" - burra mesmo - HAHA dá até vontade de rir. Pra que palavras bonitas e bem colocadas se meu consciente já sabe?! Eu nunca fui genial, nem as melhores notas. Nunca tive chance alguma de mostrar algo bom de mim mesma aqui nessa cidade. Apesar de ter amigos a minha volta dizendo "você vai conseguir" "você é capaz Ariel" no fundo, eu sabia que não era bem assim.

Tudo está se embaralhado dentro de mim e já não estou mais conseguindo separar meus sentimentos e nem organizar meus pensamentos. Tudo se mistura numa coisa só, uma hora eu penso nas coisas boas e de repente vem algo ruim. Eu queria voltar no tempo e saber do porque de eu ser abandonada. Porque não fui o suficiente para meus pais biológicos?!

Sinto meu telefone vibrar e o pego no bolso da frente da minha saia, olho a tela e era Mayara. Atendo de imediato.

- Alô? - Digo.

- Oi Ari, tudo bem? - Ela diz baixo.

- Sim, e você?

- Bem também, graças a Deus. Decidiu se virá pra cá, eu li sua mensagem ontem dizendo que ia falar com seus pais.

- É, mas eu ainda não falei, vou falar hoje, aproveitar que é feriado e eles dois estão em casa.

- Boa sorte. - Deseja-me e eu sorrio fraco.

- Ariel! - Ouço a voz grave de meu pai e reviro os olhos.

- Tenho que desligar May, mais tarde manda mensagem.

- Ok, fica com Deus. Beijos. - O telefone fica mudo logo em seguida e eu o guardo.

Levanto do chão onde estava e limpo minha roupa, passo pela porta de trás e sinto o cheiro de comida. Olho para frente e todos já estão comendo em frente a televisão, meu prato está na pia. Pego novamente o celular e vejo à hora. - Já são quase duas da tarde e eu estava pensando que era cedo. - Pego meu prato e vou em direção ao quarto.

- Ram... ram... - Meu pai pigarreia e eu o fito. - Senta para comer com sua família.

- Não quero - Replico e pego na maçaneta da porta.

- Não foi um pedido! - Responde e eu o encaro - Sente-se.

- Quer que eu coma com a minha família? - Pergunto irônica.

The escapeWhere stories live. Discover now