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"Serena pensa direito" ela diz enquanto eu dirijo para o centro, "Eu sei, tenho que pensar direito pra não comprar uma árvore maior que o apartamento, fica tranquila" "Serena" "que cor você quer decorar? Vermelho mesmo? Pode ser" "SERENA" "O QUE?" "Você nem perguntou quando ele vai" "Eu não quero saber" "Para de ser egoísta!" "É pedir muito querer que ele fique do meu lado nesse momento?" "Serena, se coloca no lugar dele. É um momento importante pra ele!" ela tem razão, eu passo muito tempo trancada dentro de mim, com auto-piedade, chega a ser ridículo. "Você tem razão" eu tento dizer em voz baixa "Tenho?" ela repete, "Não aguento mais as pessoas saindo de perto de mim Jenna" "Ele não está saindo, está sendo levado. É a vida S, ele ainda vai te amar, acredite em mim, não serão os quilômetros que farão isso mudar" ela tenta ver o lado doce, novamente "Tá romântica demais pra ser você" comento, tranquilizada por ela "É a gravidez" 

Compro a menor árvore, na loja eu e Jen descobrimos o preço desses enfeites e calculamos que seria melhor gastar em presente para o bebê. Já no carro, chegando em casa, estamos infinitamente  mais tranquilas, a vendedora da loja duvidou que Jenny estava grávida e arrumamos briga na fila preferencial, conseguimos descarregar nossa frustrações em cima de quem duvidou que ela carrega meu sobrinho. 

"Melhor?" ela me pergunta "Depois de ter gritado com todo mundo na loja? Muito melhor" ela dá risada e coloca a mão na barriga, cada dia mais ela se parece com uma mãe, e cada dia mais eu tenho certeza de que ela será a melhor possível. 

Abro a porta do apartamento, com a árvore debaixo do braço e ainda dando risada do que aconteceu com Jenna, Lucca e Jake conversam aflitos na sala. "Você não pode fazer isso" Jake reclama para L. 

"Não pode fazer o que?" eu pergunto, "Desistir" Lucca diz se virando pra nós, "Desistir de...." Jen tenta entender, "Da Alemanha" ele diz sério, eu dou risada, muita. 

Percebo que mais ninguém ri, "Isso é sério?" pergunto, "Por que não? Você acabou de sair daqui brava" "Por que é a sua vida! E mais ninguém tem que se interferir" "Mas você é minha vida S" "Para de ser frouxo L, por favor" "Não fala assim comigo" "Desculpa, mas você não pode desistir a cada dificuldade. É a sua vida" "Então você acha que eu tenho que ir?" "Vai te deixar feliz?" "Muito" "Então vai" ele anda na minha direção, "Eles querem muito a minha pesquisa, e estão dispostos a me darem qualquer coisa por isso. Acho que posso pedir espaço e tempo pra eles, o que acha?" "Acho que seria ótimo, seria muito ruim ter que conversar sobre isso em apenas um dia e tomar a decisão agora" eu digo, extremamente aliviada. Ele beija minha testa, meu rosto, minha boca e meu pescoço. "Vocês são muito dramáticos" Jenna exclama da cozinha "Para de reclamar por que eu sei que você ama" eu respondo rindo. S, e essa história de Philip" "Você não precisa se preocupar, sei ser profissional e nosso contato será extremamente sobre o trabalho" "Odeio saber que você passará mais tempo com ele do que comigo" "Eu to aqui agora" digo o beijando com uma saudade que valeria por meses. 

"Você já contou pra sua família sobre a bolsa de estudos?" pergunto realmente interessada na resposta "Ainda não, eu ainda to organizando toda a pesquisa, tendo estudar a empresa interessada, mal tive tempo de ligar pra lá" "Amanhã é natal, quer chamar seus pais para virem aqui?" "Acho que eles não virão, sempre passam com a minha irmã" "Ah, não custa tentar. E Jake, se você quiser convidar sua família" ele faz que sim e vejo Jenna o agradecer, elas os têm como pais também. "S, você não vai trabalhar no Natal não é?" "Só na parte da manhã, voltarei antes do almoço para ficar com vocês" "Quem vai cozinhar?" Jenna pergunta da cozinha "Se minha mãe vier não se preocupem, terá comigo para um batalhão" Jake responde e Jey sorri "Amo os exageros da minha sogra" "Será um bom momento para conhece-la" respondo aliviada por não ter que pensar em cozinhar. "Digamos que a Serena não é muito conhecida por fazer grandes compras em super mercados" Lucca diz, tirando sarro de mim "Muito engraçadinho. Mas agora falando sério, você não quer ligar para os seus pais?" "Pode ser apenas pra minha mãe?" eu havia me esquecido de como a relação dele e de seu pai eram conturbadas, depois de algumas cenas que eu vi, até eu não sei como lidar com meu sogro. "Pode! Jesse e Kitty virão, minha tia acabou de responder a mensagem que eu mandei" 

Enquanto Lucca conversa com a mãe no telefone, eu o observo de longe. Ele sente um carinho enorme por ela e uma vontade de proteger também, não é a toa. Angela é uma mulher incrível, mas seria muito melhor se não fosse aprisionada pelo seu marido. Lucca nunca me disse nada revelador, mas depois das marcas que escondi em seu casamento e das roupas compridas no starbucks, eu pude perceber que há muito mais por trás do casal carinhoso que eles aparentam ser. 

"Meus pais brigaram" Lucca entra no quarto resmungando "Então eles não virão?" "Minha mãe só, mas duvido que meu pai vai deixar" "Como assim?" "Ela não sai sem ele, pra literalmente lugar nenhum" "L, como era sua mãe na época que ficou separada do seu pai?" "Ela entrou em depressão S. Foi a pior época pra minha família, eles diziam que ela gostava de ser mau tratada" "Que preconceito!" "Pois é, eles não entendem que meu pai conseguiu destruir minha mãe, eles não entendem que depois de anos acorrentada, a liberdade se parece como um monstro" "Muita gente julga a mulher que continua com o marido que a faz mal, mas poucos tentam ajuda-la de fato, infelizmente sua mãe não é caso raro" "Eu estou aqui L, pra qualquer coisa, você sabe. Até pra dividir os fardos da vida" "Eu sei e eu te amo por isso" nós nos beijamos novamente como se não nos víssemos a muito tempo, começo a temer sua viagem. Mas Temer jamais rs.  


FinalmenteWhere stories live. Discover now