Mack

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Visto uma calça jeans preta, e uma camisa branca. A camisa fica ridícula em mim que costumo usar moletom, era de Jesse. Penso nela e pego meu telefone, penso em discar seu número, mas mando uma mensagem, se minha tia ouvisse minha voz saberia o quão destroçada estou. Digo que sinto falta da minha irmã e que Black me contratou. Sei que ela responderá apenas de tarde, então termino de me arrumar com a maior calma possível. Olho pra cama bagunçada, Lucca foi para a UCLA cedo, cedo demais até pra ele. Tento não pensar nisso.

Inicio um ciclo hoje, saio do meu quarto aos passos leves, para que minha ansiedade não acorde ninguém. Chego na cozinha e percebo que alguém já deixou meu café lá, um chocochip. Abro a porta do quarto de J+J e eles dormem, Lucca me deixou isso? 

Vejo que em cima do prato branco tem um pedaço de papel rasgado "Se o trabalho for muito chato, volte pra casa e deixo você procurar o pôr do sol em meus olhos" sorrio, desejando que ele estivesse aqui. Então é isso? Ele vai pra Alemanha? Eu vou ficar aqui? 

Tento não pensar nisso, pego meu café e desço as escadas, permitindo que o sol penetre em cada parte do meu corpo. Respiro fundo e entro no carro, o caminho não é tão perto, fica perto da entrada da cidade, quase o oposto do Vista Cay e da faculdade, mas eu nunca reclamei de dirigir. 

O natal é daqui uma semana, então por onde ando vejo as decorações, elas me trazem uma sensação de conforto, que só essa época pode trazer, sigo na estrada sorrindo de nervoso, mas existe uma faísca dentro de mim que me faz eu me sentir segura. Isso por que era minha mãe que montava a arvore de natal comigo e olhando ao arredor, eu consigo senti-la. Sei que ela torce muito por mim. 

A agência é enorme, uma fachada gigante branca com o letreiro escrito "Mack" em dourado. Para dois senhores e experientes na área, o nome da empresa é bem ruim. Paro o carro onde se parece ser um estacionamento do lugar. Um outro veículo familiar já está lá, somos os únicos aparentemente. 

Entro na agência que se parece uma casa, toda a pintura é branca, os móveis são preto e tudo tem um ar de moderno, me sinto velha aqui e por incrível que pareça todos tem a mesma idade que eu. Black está parada no meio da entrada principal, uma sala enorme, onde se parece ser o cômodo onde os clientes esperarão. Uma mesa com café, pães e frios se faz enorme, e todos os novos empregados se apresentam em volta dela. Percebo minha advogada no telefone rindo e decido não a interver, encaro meu chocochip na esperança de não parecer tão sozinha, já que todos os outros conversam informalmente. 

Sinto uma mão quente em minhas costas, não preciso me virar para saber que é Black. "Querida S" "Aqui é enorme! Como conseguiu fazer tudo isso ás escondidas?" "Foi preciso paciência e empréstimos" ela diz dando risada e é perceptível como sua postura mudou, ela se sente mais leve e até se veste assim. Seu cabelo preto contrasta com o conjunto antigo de saia/camisa branca, chego a pensar se ela não faz parte da mobília. 

"Serena querida, preciso te apresentar seu novo companheiro. Juntos serão meus ajudantes, e passarão a maior parte do tempo fazendo o mesmo trabalho, até receberem uma promoção" "Eu estou animada, amo fazer novas amizades" ela ri, como se eu acabara de ser irônica, opto por ignorar. "Acho que ele ainda não chegou, assim que eu o avistar os apresento" ele? "Ok, muito obrigada chefe" damos risada "Somos chefes uma da outra, já percebeu?" ela diz, de um modo animado, faço que sim com a cabeça, gosto de vê-la assim. Ela se despede e vai ao encontro a um outro funcionário, um homem de cabelos grisalhos e que tem muita cara de advogado, aquele dos bons. 

Eu ainda a observo quando, em uma expressão de quase susto, ela sai de perto do senhor e caminha em minha direção novamente. Sorrio enquanto ela abre os braços, mas quando Black chega mais perto, percebo que não é pra mim o sorriso. 

FinalmenteWhere stories live. Discover now