Cap. 02

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ㅡ Hum, é aqui que eu dobro... ㅡ Ele disse após um longo riso perfeito. Passamos o caminho todo conversando. Ele conhecia um verdadeiro alfabeto de bandas, ainda me fez prometer ter tempo para ouví-las. Confesso que estar com ele era interessante. Com o passar dos minutos, perdi minha timidez. Tinhamos atitudes e gostos diferentes, o que me fazia gostar do mistério da sua personalidade.

ㅡ Toma! ㅡ Me devolveu minha figura do Nirvana.

ㅡ P-pode ficar pra você...

ㅡ Puxa vida! Obrigado. ㅡ Ele olhou pro pulso, arrumando melhor uma de suas pulseiras. ㅡ Então... Te vejo amanhã? ㅡ Ele perguntou com um riso de canto.

ㅡ Sim... Tchau.

ㅡ Tchau. ㅡ Acenou, o vi sumir pela rua a minha direita. Ri do nada, lembrando de alguma piada boba que tinha me contado.

。☆✼★ Andy Biersack ★✼☆。

Me despedi do garoto, infelizmente. Gostaria de seguí-lo até sua casa, quem sabe me esconder por lá... Gostaria de sumir no horizonte da sua rua, gostaria de desaparecer. Gostaria de nunca precisar voltar pra casa.

Dei meus passos, apressado e ao mesmo tempo lento, eu estava 10min atrasado. A companhia do garoto me fez perder noção do tempo, ele era extremamente fofo e gentil, simpático... E a única pessoa que não me zoou. Ainda.

ㅡ Meu Deus, Andrew. Onde você estava?! ㅡ Lá estava ele. Pronto pra me agredir.

ㅡ Ah... ㅡ Fechei a porta pensando numa desculpa rápida.

ㅡ Você sabe como as coisas funcionam aqui.

ㅡ Eu sei, da escola pra casa, da casa pra escola. ㅡ Revirei meu olhar.

ㅡ Porque essa demora toda?

ㅡ Só atrasei 10min, pai!! Bom, eu tive que ficar pra um projeto de ciências, que vamos apresentar semana que vem. ㅡ Eu já era profissional nas mentiras.

ㅡ Sobre o quê?

ㅡ Não sei, por isso que eu tinha que ficar lá, pra saber sobre o que era. Mas me lembrei que... Meu horário de entrar é 18hr em ponto, e não 18:10.

ㅡ Hum... Não quero saber de você chegar atrasado, ouviu? ㅡ Ele abaixou a mão, me deixando perceber o cinto que frequentemente é casado com minhas costas. ㅡ Ninguém viu seus pulsos, não é?

ㅡ Não, pai. Ninguém viu nada. ㅡ Eu disse com muita certeza.

ㅡ Ótimo... Vai pro seu quarto, agora.

ㅡ Posso ficar pelo menos sem as... ㅡ Eu soei o mais amigável possível, ele balançou o cinto uma única vez, eu subi depressa pro quarto sem falar mais nada.

Após retirar todos os meus acessórios, pus uma roupa bem leve, guardei meus piercings e deitei na cama. Meu quarto só tinha três coisas: a cama, o guarda-roupa e a estante com os livros da escola. O que me divertia era "escrever". Discretamente pegava um caderno secreto e uma caneta secreta e lá escrevia muitas coisas, quando me batia a rebeldia de ficar sem as malditas cordas prendendo meus pulsos. Ouvi passos fortes, joguei tudo em baixo do travesseiro e amarrei meu pulso de novo.

ㅡ Andy, está na hora do jantar. ㅡ Minha mãe. Apesar de me amar incondicionalmente, como ela diz, deixa que aquele homem me trate dessa maneira. Como um bicho de estimação. ㅡ Nossa, você fica tão diferente sem aquelas coisas... ㅡ Ela riu amávelmente. Abraçei meus joelhos, com dificuldade.

ㅡ Estou sem fome... ㅡ Eu disse olhando o profundo da sua alma.

ㅡ Eu tenho certeza que está. Você vai com dinheiro pra escola... E volta com ele.

ㅡ Porque não sinto fome lá também. ㅡ Ela pegou meus pulsos, já machucados.

ㅡ Não precisa amarrar tão forte, Andy. ㅡ Afroxou meus nós, eu senti um alívio expresso numa gotinha. Ela me beijou, bagunçando meu cabelo.

Blue NeighbourhoodWhere stories live. Discover now