A perda.

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[a/n: esse capitulo é dedicado a mim e a todos que, de uma maneira ou de outra, já perderam alguém.]

Narrador pov.

Caro leitores, leiam com atenção as próximas palavras pois esse será o único conselho que serei realmente capaz de dar-lhes, em minha completa experiência: Não importa o quanto você acha que está, você jamais estará preparado o suficiente para perder alguém que ama.

E Camila aprendeu isso da pior maneira possível.

Era uma terça-feira qualquer, Camila estava deixando a sua segunda aula do dia quando seu celular avisou que alguém havia lhe deixado uma mensagem de voz, um numero desconhecido. Normalmente ela não ouvia mensagem de números que não conhecia pois na maioria das vezes era da operadora ou lojas fazendo propagandas, porém dessa vez foi como se algo lhe dissesse que ela tinha de ouvir então foi o que ela fez.

Camila sentou-se na escadaria da saída do prédio, deixou suas coisas no degrau ao seu lado, desbloqueou o celular, colocou-o perto do ouvido e esperou para ouvir a tal mensagem.

"Mila, é a abuella. Estou usando o telefone do hospital... - um grande suspiro. - Ah mi hija, não sei como lhe dizer isso. - silencio seguido de mais um suspiro, talvez lágrimas. - É a sua mãe..."

Nossa protagonista não teve de ouvir o resto da mensagem de voz, ela sabia o que significava. Ela sabia que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde, mas diferente do que ela pensava, saber não tornou mais fácil.

A Camila foi para sua casa, talvez um pouco desnorteada. Pegou sua mala e nela colocou as primeiras coisas que viu em seu armário, sem se preocupar se estava pegando as coisas certas ou se faziam sentido. Enquanto descia no elevador, resolveu parar no quinto andar e bater na porta de Harry, que ficou surpreso ao abrir e encontrar sua amiga de mala feita.


- Onde você vai? - Pergunta mas ela não responde de primeira.

- Eu estou indo pra Miami, minha mãe... - Ela deixa a frase morrer, enquanto morde o lábio nervosa.

- Ah querida, quer entrar um pouco? Eu posso te fazer um chá ou...

- Não. - Ela interrompe. - Eu tenho que ir, minha irmã precisa de mim e tem a minha avó que não pode fazer tudo sozinha e meu pai que... - Ela respira fundo. - Eu tenho que ir logo, só... Você pode avisar a Lauren pra mim. Eu mesma falaria mas sei que ela vai querer me abraçar e consolar, e se eu parar para essas coisas...

- Não vai conseguir fazer nada. - Ele completa a frase dela, que apenas concorda. - Tudo bem, eu falo com ela.

- Obrigada. - Diz já virando-se para ir ao elevador.

- Camila. - Harry chama antes dela entrar no elevador. - Eu sinto muito. - Ela sorri sem animação e se deixa ir.


Um voo para Miami nunca havia sido tão rápido e lento ao mesmo tempo, para nossa protagonista. Rápido porque os pensamentos que lhe percorriam estava a distraindo, lento porque os pensamentos não eram os melhores que já havia tido, nem de longe. 

Mas agora ali estava ela, parada em frente a casa de sua avó, e assim ela ficou por uns bons cinco minutos enquanto criava coragem para o que teria de enfrentar assim que cruzasse a porta. 

Parada ali, lembrou-se da primeira vez que visitou essa casa de sua vó, tinha por volta dos seis anos e sentiu uma alegria imensurável ao parar em frente aquela casa gigante, sentindo-se uma princesa prestes a entrar no castelo. Lembrou como se fosse ontem das risadas de sua mãe e sua avó enquanto tomavam chá na sala de estar, e a pequena Camila corria de um lado para o outro pela casa que ainda estava pouco mobiliada gritando: temos um castelo, temos um castelo...

A Garota Errada.Onde as histórias ganham vida. Descobre agora