Capítulo 23

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Eve Price

Rolei na cama passando por cima de um corpo e caí no chão, puxando todo o cobertor e lutando pra sair daquele ninho que ele fez em mim. Gemi baixo sentindo o osso da bunda doer e vi que estava apenas de calcinha, no quarto de Justin, e o que aconteceu ontem a noite não foi um sonho, e eu ri sozinha, por ter acontecido aquilo, tão naturalmente, diferente do que eu imaginava.

  - Viu passarinho verde? -A cara amassada de Justin apareceu bem na minha frente e ele sorriu, me olhando de cima da cama-

  - Ele tem olhos lindos -Falei e ele deu risada- Por que eu ainda estou no chão? -Perguntei mais pra mim mesma-

  - Porque você me atropelou, e então se sentiu culpada e quis se suicidar -Ele disse se sentando na cama-

  - Sua imaginação vai além do que eu pensava -Eu disse levantando e ele me abraçou, colocando o rosto na minha barriga-

  - Como assim o Lorenzo já está mexendo? -Ele franziu a testa se fazendo de sério-

  - Não sabia que fome havia mudado o nome para Lorenzo -Eu disse e sua gargalhada saiu abafada na minha barriga- Eu preciso ligar pra minha mãe.

  - Não precisa, eu disse pra ela que você ia passar o dia comigo -Ele disse-

  - Você não tem o número dela -Eu falei ajeitando o lençol que estava em volta do meu corpo-

  - Mas você tem -Ele deu de ombros- Seu sono estava tão pesado que não ouviu seu celular tocar feito um condenado.

  - Justin você atendeu o meu celular? -Eu berrei-

  - Eu precisava dormir -Ele deu de ombros-

  - Meu pai deve estar achando ótimo você ter atendido meu celular após eu passar a noite fora de casa sem avisar. -Eu disse cruzando os braços e ele desmanchou o sorrisinho sacana-

  - É, eu não devia ter atendido -Justin disse e eu gargalhei-

Peguei meu celular e liguei pra minha mãe, e ela disse para aproveitar o dia com Justin, porque hoje eles iriam passar o domingo na casa de um vizinho no churrasco. E logo eu quis ir pra lá, o calor da pobraiada sempre foi a melhor coisa pra mim.

  - Ah meus pais vão no churrasco do vizinho -Eu disse chegando na cozinha depois de tomar banho e claro, roubar uma roupa de Justin no closet-

  - Então nós vamos nesse churrasco -Justin disse me olhando enquanto colocava torradas no prato- O que precisa levar?

  - Claro que nós não vamos, eu não consigo imaginar você em um churrasco de domingo -Eu disse rindo ao imaginar a cena-

  - Por que não? Tenho certeza que é legal -Ele disse cruzando os braços-

  - Se você quiser ir, tudo bem -Eu disse dando de ombros e ele sorriu-

Justin parecia uma criancinha indo pro seu primeiro dia de aula, minha mãe havia dito que não precisava levar nada, mas Justin insistiu em comprar quase o supermercado todo.

  - Você vai beber essa cerveja toda sozinho, pra aprender -Eu disse olhando pro banco e trás vendo as várias caixinhas de cerveja que ele havia comprado- Justin ninguém de lá nunca nem ouviu falar nessa cerveja que parece xixi.

  - Eles vão gostar -Ele disse dando de ombros-

  - O tamanho dessa linguiça -Eu peguei na sacola uma linguiça enorme e ele gargalhou- Uma dessa me enche.

  - Claro, seu estômago é de rato -Ele disse e eu bati com a linguiça na sua testa- Ai Eve, que nojo!

  - Para de ser fresco, ela tá na embalagem -Falei fazendo ele mostrar a língua-

Naquele churrasco, Justin estava sendo o centro das atenções. Eu lhe olhava conversando com os homens e via o quanto ele estava feliz, tão diferente de quando o vejo no dia a dia, na correria da empresa, estressado e de mal humor. Ele sorria de verdade, e eu não conseguia entender como ele só conseguia encontrar felicidade no meio de gente que não tinha nada pra oferecer além de um sorriso e simpatia. Alguém como ele que sempre teve nas mãos as coisas que qualquer pessoa faria de um tudo pra ter, alguém como ele que sai diversas vezes no ano em capas de revista e vira manchete em vários sites de famosos. E tendo ele como prova, eu percebi que riqueza não significa nada quando não existe felicidade.

  - A baba tá escorrendo, gatinha -Amber, minha vizinha, disse quando se aproximou de mim, e eu ri- De onde esse saiu, tem mais? -Ela olhou pra Justin-

  - Não, igual a ele não tem -Balancei a cabeça e suspirei- Ele é tão incrível que eu nem acredito que existe.

  - Tu tá apaixonada mesmo, em? -Ela me olhou rindo- Nunca te vi assim tão cheia de suspiros.

  - Tô! E acho que você deveria experimentar também -Eu disse e ela riu, balançando a cabeça-

  - Estou ótima assim, obrigada pelo conselho -Ela falou e eu ri-

  - Mamãe! -Os gritos de Melissa chamaram a nossa atenção-

Ela veio correndo na nossa direção, e eu vi que seu nariz sangrava.

  - Mel o que aconteceu? -Eu perguntei me abaixando na sua frente-

  - Ela bateu a cabeça na placa -A garotinha que estava com ela, disse-

  - Calma meu amor, não foi nada demais -Eu disse- Vem lavar o rosto.

Peguei na sua mão e a levei para uma torneira que havia ali fora.

- Pronto, não precisa ficar assustada, isso é normal ok? -Eu disse lhe confortando e ela assentiu- Agora senta lá com a mãe e fica quietinha.

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