-Eu nem sei o que dizer. -eu disse com as mãos para o alto me rendendo.

-Não diga nada. Deixe que na hora eu resolvo.

-Vovó, não.

-Por que você sempre tem que ser chato?

-Eu não sou chato, só acho desnecessário, vó.

-Mas eu não. Talvez eu não precisasse fazer essas coisas se você não fosse um idiota. Você é meu neto e eu o amo, mas tenho que dizer a verdade, você é meio lerdo se tratando de alguns assuntos.

-Que?! Vovó!

-Que foi? Só estou falando a verdade. Todo mundo vê que vocês dois formam um lindo casal e que rola uma química entre vocês. Tá na cara, Miguel. E você fica aí dando bobeira, até deixou seu amigo Maurício chama-la para sair.

Arregalei os olhos com o que Elizabeth havia acabado de dizer. Sério que as pessoas estavam nos observando? Tenho que tomar mais cuidado.

-E o que a senhora queria que eu fizesse?

-Tomasse uma atitude? -perguntou irônica.

-Ah, talvez eu devesse ter mandado ele ir pastar, ou melhor, ter amarrado Arabella na cabeceira da minha cama. Que tal?

-Nossa, isso soou meio... cinquenta tons de cinza. -ela riu.

-Gente, eu ainda estou aqui. -tentei chamar a atenção e encerrar o assunto, mas Eliza ignorou.

-Vovó! -ele a repreendeu.

-Falando nisso, eu vi hoje mais cedo, a mocinha saindo do seu quarto. Estavam se acertando? Vocês... passaram a noite juntos? Meu deus!

-Mas é claro que não! -dissemos em uníssimo.

-Quer dizer, a gente dormiu junto, mas foi só dormir, dormir no sentido literal da palavra, vovó. -ele explicou.

Elizabeth gargalhou em alto e bom som.

-Vocês tinham que ver a cara de vocês, foi impagável. -ela riu.

-Não tem graça, vó.

-Ah, tem sim, querido. Mas, pelo menos eu vejo que as coisas estão diferentes. Vocês não vão me contar mesmo o que está rolando?

Miguel olhou para mim em busca de consentimento para falar, e eu apenas dei de ombros.

-Nós estamos nos conhecendo melhor...

-E isso inclui enfiar a língua na garganta um do outro? -ela riu.

-Vó, sério, assim a senhora deixa qualquer um constrangido. Será que eu posso continuar?

-Pode, querido. -Eliza tentou disfarçar o riso.

-Então... quer saber? Eu não sei fazer isso, essa coisa de mulher, que fica contando fofoca para as amiga. Pergunte a Bella, ela vai saber responder melhor do que eu.

-Nem vem, eu também não sei dessas coisas. Melhor deixar esse assunto de lado.

-Vocês são uns estraga prazeres. E eu achando que estava no carro mais legal, que a gente ia falar sobre vários assuntos, discutir a relação entre outras coisas, mas vocês são dois chatos e indecisos.

-Obrigada pela parte que me toca, vovó.

-Por nada, querido. Mas só para ressaltar, eu sabia que, se não estava acontecendo alguma coisa entre vocês, logo iria acontecer.

-Ou a senhora iria dar um jeito de acontecer, não é? Eu me lembro do dia em que a senhora estava me contando umas histórias, e eu percebi que na maioria delas, a senhora bancava a cupido para cima dos seus amigos -eu disse me lembrando da nossa conversa.

-Isso é verdade, se não fosse com um, seria com o outro. -ela disse e eu congelei na hora.

Sabia que ela estava se referindo a Miguel e Kaile. Mas, isso não era um assunto que deveria vir a tona.

-Você é impossível, vovó.

-Pode me chamar de supergirl, gato. -ela disse e piscou divertida para o neto.

-Chegamos. -ele anunciou ao manobrar o carro em frente a uma enorme porteira.

Eu que não estava prestando muita atenção a mudança de paisagem do lado de fora do carro, me surpreendi com o que vi, era simplesmente lindo. Agora eu já não estava mais tão concentrada na conversa e sim, naquele espetáculo do lado de fora. Era realmente perfeito, ainda mais que, devido o horário em que estávamos chegando, era o timing exato, no momento do por do sol. E então, eu me apaixonei por aquele lugar. 

Concorrentes -Os Bertottis #1 [Completo]Where stories live. Discover now