Capítulo 27

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"Uma vida não questionada não merece ser vivida." -Platão



Como planejado, partimos depois do almoço. O carro que Brendan dirigia foi na frente, e o nosso logo atrás. Miguel ajudou Elizabeth a colocar seus pertences no carro e eu joguei sobre o ombro uma mochila emprestada de Isadora com algumas peças de roupas, produtos de higiene e alguns calçados.

Elizabeth havia pedido que eu fosse no acento da frente e a deixasse sozinha no banco de trás para que tivesse espaço suficiente para esticar as pernas. Fiz o que ela havia dito e me sentei, logo estávamos na estrada.

Depois de alguns minutos em silêncio, o clima estava meio estranho, ninguém sabia o que dizer, e eu particularmente me sentia um pouco desconcertada com toda essa situação, então Eliza iniciou a conversa para o meu alívio.

-Bella, quantos anos você tem querida? -ela perguntou.

-Vinte e sete. -respondi.

-Ah, então você está em uma ótima fase da vida. Na sua idade, eu havia vivido uma das melhores épocas da minha vida.

-É mesmo? Por que? -perguntei curiosa.

-Porque foi a época em que me casei com o avô de Miguel. E no ano seguinte, eu estava dando a luz a Gisela, minha filha mais velha, Giovana é a caçula da casa.

-Faz um bom tempo que não vejo tia Ela, estou com saudade. -comentou Miguel.

-Ela, Henrique e os meninos virão para o meu aniversário, e será uma ótima oportunidade para você conhece-los, assim como o restante da família, Bella.

Olhei para o retrovisor e encontrei os olhos cor do céu de quem Miguel herdara. Eliza me encarava como se esperasse uma resposta para sua pergunta silenciosa, esperando que eu confirmasse minha presença. Sorri para ela, mas nada respondi.

Miguel me olhou de canto de olho, mas fingi não ver. Ao que parecia ele também queria uma resposta, mas eu sabia que provavelmente ela seria um sonoro não. Ele não perguntou sobre isso, pelo menos não agora, então agradeci por ele não ter dito nada.

-Sabe, essa vai ser uma longa viagem, e seria bom que algum de vocês começasse a falar. -disse Eizabeth.

Eu nada disse e muito menos Miguel. Senti uma súbita vontade de olhar para ele, saber o que ele estava pensando. Eu não queria dar mancada, ou seja, abrir minha boca sobre um assunto que era no mínimo... digamos, indefinido.

-Tá, bem. Já que nenhum dos dois vai dizer nada, então eu vou.

-Você é solteira, querida? -ela perguntou.

-Hum... sou. -respondi.

-Sabe, eu posso dar uma ajudinha para você. Não que você precise, longe disso, mas no meu aniversário muitos parentes vão estar reunidos em minha casa. Posso te apresentar alguém, um neto, um primo, amigo... ah, e tem o filho da Judite! Ele é um amor de menino, além de ser lindo. -disse e piscou para mim.

-Vovó! -repreendeu Miguel.

-O que foi?

-Arabella não precisa ser jogada para cima dos nossos parentes, ela não precisa disso. Ela está bem assim.

-Ah, é? Quem disse isso? Você? Porque eu não a ouvi protestar contra a ideia.

Nesse instante ele olhou para mim e arqueou as sobrancelhas. Esperou por uma reação mas eu nada fiz ou disse. O que eu diria? "Foi mal, Eliza, mas é que eu estou em um lance que é meio secreto com seu neto, só que ninguém pode saber de nada, obrigada, de nada." É óbvio que não.

Concorrentes -Os Bertottis #1 [Completo]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora