- Ah, relaxa, Laur, não é como se não conhecêssemos ninguém...

- Mas nós não conhecemos ninguém... – Revirei os olhos e Vero sorriu de canto, negando com a cabeça. – Ou melhor, eu não conheço ninguém, pelo visto você já tem alguns amigos... – Semicerrei os olhos na direção de algumas pessoas que acenavam para Veronica, que acenou de volta.

- Você não achou que eu chegaria sendo a novata babaca, não é? É claro que eu tive que dar uma pesquisada nas redes sociais pra me manter informada sobre quem estudava aqui e olha ai... – Ela apontou com o olhar para algumas garotas, as mesmas que acenaram para ela, elas vestiam roupas curtas e tinham o rosto repleto de maquiagem. – Elas fazem parte do time de vôlei da escola, são as...

- Populares. – Completei quase rosnando.

Odiava esse tipo de gente, odiava essas regrinhas básicas de que pessoas de grupos diferentes não poderiam se misturar, ou coisa parecida. Era tudo tão idiota e previsível. Eu odiava previsibilidade!

- Alguém não parece animada... – Debochou da minha irritação.

- Porque será em, Vero? Você falou com elas pelas redes sociais? – Minha melhor amiga assentiu. – Então é isso... Serei a única novata babaca daqui já que você tem com quem se misturar.

- Ah, qual é, Laur? Eu posso te apresentar a elas e podemos andar juntas, você sabe, fazer parte da mesma turma ou coisa parecida... – Ela disse mesmo sabendo do meu ódio por isso tudo. – Que tal um sorrisinho? – Grunhi em sua direção. – Ah, transar ninguém quer né? Por isso esse mau humor todo! – Cruzou os braços, fingindo irritação.

- Já falei que não sou como você, que pega qualquer puta pra aliviar suas vontades. – Desdenhei me enchendo de raiva dela.

Era sempre assim, precisava de pouco pra Vero tirar minha paciência por completo, esse era o beneficio de sermos tão intimas uma da outra.

- Hey, não me xingue, eu só...

- Só desconta a raiva reprimida que sente do seu pai por ele não te dá atenção, ficando com qualquer garota que apareça na sua frente e as descartando depois, pois você não consegue se manter firme com alguém por medo de ser ignorada e deixava de lado assim como seu pai faz com você... – Falei fazendo-a ficar de olhos arregalados e abrir a boca várias vezes antes de finalmente formular alguma frase.

- Pare de me analisar... Eu odeio quando você faz isso! – Ela desviou o olhar, constrangida por eu ter acertado tudo.

Vero e todo mundo que me conhece sempre disseram que eu era uma pessoa que adorava analisar as outras pessoas, eu tinha o hábito de sempre saber como as pessoas se sentem em relação á algo ou alguém. O pior de tudo é quando elas reclamam da minha completa sinceridade e da minha falta de filtro. Dizendo que eu não costumo pensar antes de falar.

Isso talvez venha da minha mãe que sempre me ensinou a dizer a verdade em qualquer circunstância, sendo misturado pelos ensinamentos do meu pai que me ensinou a nunca abaixar a cabeça pra ninguém, não de um jeito desrespeitoso, mas que não me machuque. Esses ensinamentos foram fundamentais para meu crescimento já que sofria bastante por minha condição intersexual quando criança e ter total apoio de meus pais e de Vero foi fundamental para que agora eu não ligasse para opinião de ninguém quanto a isso, não me envergonhasse de mim mesma e nem tentasse esconder o que sou. Por isso nunca mudaria meu jeito de ser, as pessoas que lidassem com isso.

- E eu odeio essa coisa de grupinho e pirâmide escolar. Em Los Angeles não tínhamos isso, é ridículo e...

- Antes que você fique ai reclamando de tudo, eu preciso ir para minha aula. Anda, pegamos os horários quando seus pais vieram fazer a matricula, qual sua primeira aula? – Perguntou mudando de assunto antes que discutíssemos.

Unpredictable LoveWhere stories live. Discover now