Capítulo 12 - A sós

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“Eu quero amanhecer ao seu redor*”.

— Roberto Carlos

(Música: John Mayer & Katy Perry – Who You Love)

Depois que ela dormiu, saí de dentro dela e a puxei delicadamente para o meu colo. Seus braços se enrolaram em minha cintura e seu rosto ficou enfiado na curvatura do meu pescoço. Sua respiração estava leve, mas suas feições demonstravam seu cansaço. A noite tinha sido pesada para ambos.

Passei a viagem digerindo tudo o que aconteceu. Inconscientemente, Eva acabou fazendo comigo o mesmo que fiz com ela no jantar beneficente. Eu não tinha percebido o quanto eu a estava machucando com minhas atitudes. Mais uma vez agi pensando na minha própria conveniência, no meu próprio conforto. Mais uma vez fui um calhorda com ela, não levando seus sentimentos em consideração. Eu achava que não tinha nada demais, que era apenas um exagero, mas não. Senti na pele exatamente o que ela sente com a proximidade de Corinne.

Esse episódio me deu muito que pensar.

Você ama quem ama e não aceita menos que isso, não quer ter menos do que isso. Mas mesmo se Eva quisesse estar com Brett não significa que desistiria dela. Eu a quero para o resto da minha vida. Isso é algo que nunca vai mudar. E, francamente, eu não quero que mude. Tentei fugir do que sentia, me fiz acreditar que ela era mais uma foda conveniente, mas eu só mentia pra mim mesmo. Não quis aceitar o fato de que eu já não tinha mais para onde correr. Eu nunca deixei ninguém penetrar a barreira que construí durante a minha vida. Eva simplesmente a destruiu. Não fez esforço algum par chamar minha atenção, não precisou se jogar em cima de mim, forjar encontros ou me fazer engolir sua presença. Eu a quis no momento em que pus os olhos nela e, mesmo não admitindo, eu sabia que não haveria mais ninguém, não poderia haver mais ninguém. Só ela.

Pela primeira vez, eu me permiti... Sonhar. Com um futuro que não se resumisse apenas a mim mesmo. Nunca me imaginei casando e hoje eu vejo isso como um passo inevitável. Ser marido de alguém. Ser o marido de Eva. Sim... Isso soa muito bem pra mim. Só não soa melhor do que chamar Eva de esposa. E, quem sabe, num futuro meio distante, ser... Pai? Nossa, nisso eu realmente nunca pensei. Mas pode acontecer, não pode? Quer dizer, é o curso natura das coisas e...

Suspiro.

Essa mulher realmente me deixou muito mole.

O carro para de se movimentar. Volto minha atenção para Eva, que dorme pacificamente enlaçada a mim.

“Meu anjo”, sussurro em seu ouvido, “Acorda”.

Ela geme fechando os olhos com mais força e afundando ainda mais a cabeça em meu pescoço.

“Me deixa em paz, seu tarado”.

Solto uma risada silenciosa. Adoro até mesmo seu mau humor matinal. Dou um beijo estalado em sua testa e começo a levantar. “Já chegamos”.

Abotoo a calça e visto a camiseta preta novamente.

Ela olha pela janela e parece espantada por ver o mar.

“Onde estamos?” pergunta, admirando a passagem.

“Na Carolina do Norte”, respondo. “Levanta os braços”.

Ela obedece e coloco a regata nela.

“Preciso pôr o sutiã”, comenta já vestida.

“Não tem ninguém aqui além de nós, e vamos direto pra banheira”. Raul está no banco do motorista, com as janelas fechadas e a divisória de vidro escuro erguida para nos dar privacidade. Ordenei que ele usasse fones de ouvido e ficasse em total silêncio até que saiamos do veículo. Mas Eva não precisa saber disso.

SÉRIE CROSSFIRE - Livro 2 (Gideon PDV): Profundamente MinhaWhere stories live. Discover now