Almost a Suavim

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- Eu aceito a missão. – Respondi repentina, querendo fugir daquela situação. Escutei sua risada espontânea e foquei meu olhar nela. Sorria para mim, os braços cruzados.

- Tudo bem, vamos, eu vou avisar minha mãe e pegar minhas chaves. – Acenou ainda risonha para que eu me levantasse. Eu olhei dela para o prato de porcelana sobre a mesa, uma última Camila. Voltei a olhar para ela que esperava eu agir.

- O que? – Perguntei confusa. Ela deu de ombros. Eu peguei a tortinha e mordisquei, lhe oferecendo a outra metade ao me erguer. Ela olhou para a tortinha na minha mão e me olhou, e caramba, era como se ela tivesse parado o universo todo lá fora, eu nem sabia se eu respirava.

- Não é como se eu pudesse recusar essa tortinha, mesmo vinda de você. – Ela falou pegando o pedaço da minha mão e o levando a boca, dando uma piscadela e começando a caminhar. Eu não reagi de imediato, eu ainda estava hipnotizada com o mordiscar e a piscadela. Ela é tão...

- Lauren?

Eu movi o olhar, ela me chamava há distância. Eu acenei, ansiosa, começando a me mover para aproximar dela. Iria pegar as benditas chaves. Eu me aproximei do balcão, sua mãe falava com um jovem, parecia trabalhar na cafeteria, ao ver a filha contornar o balcão para ir aos fundos e me ver aproximando, ela sorriu simpática. Ela, sua mãe, eram duas mulheres gentis, apaixonantes, eu pouco a conhecia, mas ela me tratava como se nos conhecêssemos há anos.

- Estão de saída, filha? – Ela perguntou, se inclinando para olhar Camila que pausou a olhando.

- Sim, vamos a biblioteca, vou organizar algumas coisas lá, amanhã tenho que dedicar ao meu apartamento, Austin está agindo como um idiota. – Sua fala me fez ficar pensativa. Aquele nome, não me era tão estranho...Mas há tanta gente por aí. Apoiei o braço no balcão enquanto ela desapareceu para os fundos e sua mãe me olhou como se eu fosse uma pessoa interessante para ser olhada. Oh não, eu não sou, por favor vire seu rosto.

- Eu gostei de tê-la aqui, Lauren, não relute em voltar, mesmo que Camila não esteja aqui, eu vou sempre ser honrada em recebe-la. – Ela falou dando um leve sorriso gentil. Era isso, era esse jeito doce e fascinante que elas me tratavam, digo, é meio maçante a maneira que eu sempre toco nesse assunto, nesse ponto, mas eu nunca estive acostumada com boas aceitações, eu sempre espero uma inicial rejeição a certa doçura, e ter isso, fácil, vindo delas que pouco conheço, ainda, é impressionante.

- Lauren? – Talvez o meu nome seja a coisa que eu mais ouvi na vida. Sempre me chamam, me sugando desse turbilhão que são meus pensamentos.

- Oi, oh, eu... Bem, eu agradeço pela gentileza, e prometo vir sempre de agora em diante... – Falei meio desconcertada. Ela assentiu estendendo a mão. Eu olhei relutante, se para algum aperto. Ela insistiu, sorrindo mais aberto. Eu pousei minha mão sobre a sua em um aperto gentil.

- Aliás, meu nome é Sinu, Camila é avoada demais para apresentações. Sinu. – Acenou. Eu assenti. Sinu, é um nome diferente. Não parece Norte-Americano, aliás. Mas eu fiquei tão sem graça sobre perguntar isso que sorri de volta.

- Lauren, mesmo que já saiba. – Falei sentindo seu aperto macio na minha mão.

- Vamos lá, eu estou pronta. – A voz de Camila me despertou daquele transe interno. Sua mãe soltou minha mão, virando para atrás a abraçando carinhosamente. Essa relação, essa coisa visível que há entre elas. Essa união delas...Camila tem um pai? Onde ele está?

- Lauren? Vamos lá, menina. – Era Camila, o jeito que pronunciou menina, foi doce, era tão doce. Era tudo doce, eu estou mesmo na fábrica da Hersheys. Eu nunca culpo seu ex idiota e o cartão doce, é puramente tão doce, eu posso até ter overdose. Pelas teorias, overdose é bem como uma dose à mais de qualquer coisa, dizem, com grande segurança, que qualquer coisa em excesso faz mal, faz mal ao sistema, faz mal à saúde, pode até matar.

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