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A visão do corpo morto de John na frente de Louis fez o alfa ficar enjoado e sua visão turva. Ele sabia que iria desmaiar a qualquer momento, porque ele sabia que quem havia matado aquele alfa foi ele. Louis sabia. Poderiam dizer o que quisessem e John poderia ser o pior ser humano existente, mas Louis o matou. E não é como se ele não quisesse ver o outro morto há tempos, porque ele confessava que queria. John não merecia o ar que respirava, o que havia feito com Harry era desumano. Ainda assim, ver o corpo sem vida na sua frente e sangue — tanto sangue — fazia seu estômago embrulhar e Louis só queria subir para seu quarto, ficar abraçado com Harry e chorar. Deus, ele queria tanto chorar, mas as lágrimas não desciam. Era como se sua mente estivesse em branco, todas as energias saíram de seu corpo e tudo o que restou era a culpa, o medo. Ele estava tão assustado com o que aconteceria em seguida.

Louis ficou sem reação ao olhar para a mulher ajoelhada no chão, desesperada. Ele nem ao menos sabia seu nome. Louis estava petrificado e não conseguiu fazer nada quando a alfa olhou para a arma jogada ao lado do marido. Em um ato rápido, sem pensar, pegou e apontou para o próprio peito. A consciência de Louis voltou ao ver a cena e ele estendeu sua mão para a alfa, em um ato falho de impedi-la. No momento em que deu um passo em sua direção, o som do tiro encheu o lugar. Louis ficou parado, os olhos em choque.

Louis sentiu seu corpo ficar fraco e ele não pôde controlar seus joelhos se curvando fazendo o corpo do alfa cair no chão. Duas mortes. Duas.

Um barulho insuportável e agudo invadiu seus ouvidos e ele sentiu que desmaiaria. Era horrível, a culpa consumindo seu corpo fez Louis querer vomitar. Havia suor escorrendo pelas suas costas e rosto e os joelhos pressionados no chão duro machucavam, mas aquilo não era nada comparado a culpa.

Ainda assim outra coisa veio em sua mente. Como Harry estava? Louis queria tanto se levantar e ir ver o cacheado. Ele planejava arrumar aquilo, conversar com a alfa desesperada pela morte de seu marido, ligar para a polícia. Mas agora, vendo os dois corpos mortos, o sangue sujando todo o piso claro da cozinha de seu mãe, Louis não conseguia se mexer.

Tentou fazer sua mente trabalhar e se levantar. Mas seu corpo estava fraco e tudo o que ele via era sangue. Duas pessoas mortas. Mortas por ele.

Louis não conseguia pensar em quanto tempo havia ficado ali, parado, olhando o vermelho tingir o chão e o branco se espalhar pelos corpos sem vida dos pais de Harry. Ele havia os matado. As coisas começaram a fazer sentido quando uma Jay e Anne desesperadas chegaram perto dele. Anne tentava fazê-lo conversar com ela e Jay olhava as coisas em volta, em seu olhar uma mistura de susto, surpresa e confusão. Logo as perguntas vieram dela também e Louis não conseguiu responder. Era tudo tão vago, aquele som irritante ainda estava na sua cabeça, como um alarme o culpando pelo o que havia feito, o cheiro do sangue que agora sujava suas calças e as vozes das mulheres eram algo nublado.

E então havia mais homens entrando na cozinha. Homens altos e fortes que Louis dificilmente reconheceu como policiais. Anne começou a conversar com eles, enquanto alguns outros examinavam os corpos e Louis ainda não conseguia se mexer.

Algo frio passou pelos pulsos de Louis e ele abaixou sua cabeça lentamente, olhando as algemas presas ali.

— Mas foi em legítima defesa, policial. Louis somente foi proteger Harry. — Anne disse em um tom desesperado e Louis ainda não conseguia fazer nada. Seu corpo foi puxado bruscamente para cima e Louis sentia que suas pernas não iriam aguentar seu peso.

— Tudo bem, senhora, nós não estamos discordando, mas não podemos fazer nada por enquanto. Esse homem, Louis, era quem estava na cena do crime, com a arma próximo a si. E até termos provas de que ele é inocente, ele terá que ficar detido.

Aos poucos a consciência de Louis foi voltando ao que ele era empurrado pelos policiais para fora, olhando uma última vez para os corpos mortos no chão da sua cozinha. 

Passou pela sala olhando para as escadas que levavam até seu quarto. Onde estava Harry?

Encolheu seu corpo ao ser colocado dentro da viatura. Sua mente nublada não conseguia mais absorver o que sua mãe e Anne falavam com os policiais. Ele só queria que tudo aquilo acabasse. Ele queria ser feliz com o seu ômega. Só queria sair daquele carro e ir para seu quarto e abraçar o menino cacheado. Mas ele não tinha forças, nem físicas, muito menos psicológicas.

A viatura foi ligada e então Louis estava se afastando de sua casa, não sem antes ouvir um choro desesperado. Olhou para fora e viu que era seu ômega vindo ali. Ele corria, mas o carro já estava afastado e, ao virar a rua, Louis teve uma perfeita visão de seu rosto vermelho e cheio de lágrimas, os ombros se mexendo pelos soluços. Suas pernas então ficaram fracas e ele caiu ajoelhado no chão, chorando desesperadamente. A última coisa que Louis viu foi Anne correndo até o cacheado e abraçando o seu corpo trêmulo.

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