14 - Parte 1

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Louis não sabe quanto tempo ficou esperando para Harry sair do banheiro e, depois do que pareceram horas, ele decidiu ir comer alguma coisa e ligar para Zayn avisando que não iria trabalhar novamente. Apesar de Harry não querer vê-lo, Louis não queria deixá-lo sozinho.

O cacheado estava assustado, Louis sabia disso. Ele só queria saber o porquê, queria saber porque Harry não confiava nele e o falava o que tinha acontecido.

Louis sabia que algo de muito ruim deve ter acontecido na vida de Harry. Ele sabia que o cacheado teria cicatrizes para sempre por algo que aconteceu. Ele sabia disso por causa dos gemidos de dor que Harry soltava a noite, do seu olhar assustado e dolorido e da forma como ele parecia solitário e machucado. Ele só queria que Harry confiasse um pouco em si e lhe dissesse o que aconteceu. Assim, Louis poderia tentar curar esses machucados. Não havia um modo de curar as cicatrizes, mas ele poderia amenizar a dor. Ele faria de tudo para amenizar a dor do menino. Ele só queria poder vê-lo sorrindo o tempo todo, mais confiante e mais feliz.

Ao pôr um pacotinho de chá na água quente para o seu chá, Louis finalmente ouviu Harry sair do banheiro no andar de cima. Mas logo o barulho da tranca da porta de seu quarto foi ouvida novamente.

Louis entendia que Harry precisava de privacidade. Talvez agora ele quisesse trocar de roupa ou fazer alguma outra coisa e Louis sabia que havia dito que aquele quarto era tanto de Harry quanto dele agora, mas ele não conseguiu deixar de colocar a caneca em que bebia seu chá de lado e subir em direção ao seu quarto.

Ao que levou sua mão a maçaneta da porta se lembrou de que Harry havia trancado-a. No entanto, ao girar, a porta estava aberta. Talvez Harry tenha se lembrado que a casa não era dele e se sentiu mal por trancar a porta para o verdadeiro morador de lá. Louis não se importava se ele quisesse trancar. Era engraçado, mas ele realmente sentia que aquele quarto era dele e de Harry. Eles não haviam passado nem uma semana dividindo-o, mas era como se Harry fizesse parte.

Ao abrir totalmente a porta ele encontrou um Harry vestido com roupas diferentes. Haviam em seu corpo uma calça skinny escura, um suéter de lã chumbo, a jaqueta preta e nos pés o Converse branco. A mesma roupa que ele havia vindo para a casa de Louis. 

Ao ver o cacheado arrumar a cama em que dormiam, se tocou de uma coisa. Era provavelmente o último dia do cio de Anne. Alguns ômegas têm cios mais longos com uma semana, por exemplo, mas a maioria variava de três a cinco dias. E como já se fazia cinco dias desde que Anne entrou no cio, era provável que hoje fosse o último. Mesmo que ainda não tivesse acabado, o desejo dela estaria bem menor, o que deixaria sua presença suportável.

Logo, Harry iria embora. Não para longe, somente para outra rua. Mas pensar que não teria mais a presença do cacheado ao seu lado não lhe dava uma sensação muito boa.

Louis não sabia o que falar. Ele sabia que tinha que falar alguma coisa sobre o beijo que aconteceu, mas nada vinha na sua mente. Ele estava nervoso e com medo. Louis não se lembrava de alguma vez já ter sentido medo, aquele medo de perder Harry, de ser rejeitado. Ele podia jurar que o sentimento que sentia pelo cacheado era retribuído, mas pelo visto não.

— Hoje provavelmente acaba o cio de Anne, não é? — perguntou o óbvio. Ele somente não queria ficar sem assunto.

— Sim. — Harry respondeu simplesmente.

Louis suspirou sem saber o que falar.

— Então você já vai?

— Acho que já dá pra eu ir. Só vou esperar Anne.

— Okay, eu, eu vou descer. Vou fazer um chocolate pra você.

Harry não respondeu nada e Louis somente saiu do quarto sem saber mais o que falar.

O restante da manhã e da tarde passou assim, com os dois agindo de modo estranho. Louis não queria que as coisas acontecessem assim, mas ele não tinha nenhuma ideia do que poderia falar para acabar com aquele clima estranho entre os dois.

Por fim, já no final da tarde quando as meninas já haviam chegado, Jay entrou pela porta da frente. Havia um enorme sorriso em seu rosto quando ela disse que Anne estava esperando por Harry.

O cacheado fez um aceno positivo com a cabeça, agradecendo à Jay, à Louis e às meninas por terem deixado ele ficar em sua casa. Louis se ofereceu para levar o menino de volta, mas esse recusou com tanta pressa, dizendo que era perto, que o alfa ficou sem reação e o deixou ir.

Louis teve vontade de bater em si mesmo por deixar o menino escapar e não falar nada. Ele sabia que na hora em que o cacheado estava ali, ele não conseguiu pensar em nada que pudesse falar, mas agora, ao ver o de olhos verdes longe, ele viu como foi idiota.

Quando sua mãe lhe contou como se sentiu aquela semana por ter uma ômega tão especial consigo como Anne, Louis viu como estava feliz por ela. Ele realmente só desejava a felicidade de sua mãe e Anne era maravilhosa.

Louis viu sua oportunidade de conversar com Harry na noite do outro dia, quando Jay disse que sairia com Anne em um encontro. A casa de Anne estaria vazia provavelmente, a não ser pelo cacheado, e sozinhos eles poderiam conversar e esclarecer seus sentimentos.

Logo que Louis viu que Jay havia saído, ele disse para suas irmãs que também iria sair, para elas se comportarem e ligarem caso qualquer coisa acontecesse. Pegou as chaves do carro e partiu para a casa de Harry. Depois de estacionar, nervoso, tocou a campainha e um Harry assustado e hesitante abriu a porta.

— Lou?

— Hey, Harry. Hum, eu vi que minha mãe e Anne saíram, então achei uma boa eu vir aqui. Pra gente conversar, sabe?

— Conversar? — As bochechas do cacheado começaram lentamente a ficarem vermelhas. — Sozinhos?

— É, eu, eu acho que sozinhos seria melhor. Quero dizer, a gente teria mais privacidade e eu realmente quero te dizer algumas coisas, Harry.

Harry respirou fundo tentando se acalmar.

— Okay.

Ele deu espaço para Louis entrar e logo que colocou os pés dentro da casa sentiu um cheiro bom. Um cheiro incrivelmente maravilhoso que seu olfato sabia que pertencia a um ômega. Sua mente se voltou para Harry, mas logo descartou a ideia. Ele nunca havia sentido nenhum cheiro em Harry. Provavelmente era o cheiro de Anne, ela havia acabado de sair de um cio, era natural que o seu cheiro estivesse por toda a casa. Ainda assim, aquele cheiro agradavelmente doce que insistia em deixar Louis desorientado, não parecia se relacionar a Anne. Alguma coisa levava a Harry e Louis tinha vontade de se aproximar ainda mais do cacheado para sentir.

Eles se sentaram no sofá e Louis se virou um pouco de lado, olhando para o de olhos verdes.

— Então, Harry, eu só queria esclarecer algumas coisas.

— Okay.

— Primeiro de tudo, eu preciso que você saiba de uma coisa.

Ele deu uma pausa, respirando fundo e decidindo se a próxima frase que diria era uma boa para o começo daquela conversa. Mas ele pensou que sim, pois só desse jeito ele poderia mostrar a Harry como se sentia verdadeiramente. E então ele disse:

— Eu estou apaixonado por você.

destinyWhere stories live. Discover now