Cavaleiro de Olhos Azuis (2/romance/fantasia)

Capítulo 4 - Noite de lua cheia

Brayan...

Reviro-me na cama pela milésima vez, não consigo dormir, olho no relógio e são 3 horas da manhã, resolvo levantar, Lua só levanta a cabeça quando saio da cama e volta a dormir, pego meu casaco e vou até a cozinha.

Faço um chá, mamãe e papai são viciados em chá, o pior é que eu estou indo pelo mesmo caminho, não consigo ficar um dia sem tomar a bebida, sinto o leve aroma do chá de hortelã e bebo vagarosamente, olho pela janela e a lua esta mais brilhante do que nunca, deve ser noite de lua cheia. Deixo a xícara na pia, vou até o porão pego a adaga, que ganhei de papai, calço as botas colocando a adaga dentro de uma e saio, o leve vento passa sofre minha pele, sinto um calafrio, mas continuo andando, quando vejo já estou no meio dos vinhedos indo em direção a escola.

Paro assim que chego próximo a divisa da propriedade, passo os olhos pela construção e tem luz em uma das janelas, isso me desperta a curiosidade, que estaria acordado essas horas?

Uma sombra se aproxima da janela, pelo lado de dentro, tem a silueta de uma mulher, pare-se estar abrindo a janela, me escolho no meio da plantação, ela não pode me ver, vou arrumar confusão se isso acontecer.

Espio entre as plantas, não pode ser, é ela, fico em choque. Ela se inclina para a frente, estende os braços na janela e com um salto ela senta no beiral, olha para cima, olho na mesma direção que ela esta olhando e é a lua.

Volto a olhá-la, parece que esta com um vestido curto preto, o tecido brilha com a luz da lua e sua pele parece mais branca do que nunca, os cabelos longos estão jogados para o lado, deixando a mostra uma boa parte de seu pescoço, ela tem algo na mão, não da para ver ao certo o que é, me inclino um pouco e acabo me desequilibrando e caindo no meio das plantas, tendo me esconder rápido, acho que ela não me viu, passa um tempo olho para a janela, mas a luz já está apagada, levando e vou para casa.

*****

Samantha...

Não consigo dormir, aqueles olhos azuis me perseguem, tenho que tirá-los de minha mente, mas não consigo e o pior fico só esperando a hora de Brayan vir buscar Elisa, para poder vê-lo. Levanto e vou até a janela a lua esta linda.

Sento no beiral da janela. Já faz alguns dias que estou aqui e ainda nem sinal do livro branco, ouvi alguns boatos que a dona desses vinhedos se casou com alguém, acho que o nome dele é Bento, essa pessoa sofreu um acidente e perdeu a memória, não se lembra de nada do seu passado. O boato também diz que a família sabe manusear espadas, é estranho, pois nos dias atuais, os humanos não têm esse costume, preferem aprender a usar armas de fogo.

Giro em minhas mãos meu anel, bem é o único objeto que tenho ainda comigo de origem do meu passado, antes de ir morar com Boris. Na verdade ele se apoderou de tudo que eu tinha, disse que iria guardar para mim, pedi para ele me devolver diversas vezes, mas ele negou, um dia que ele não estava lá, fui buscar as minhas coisas, mas na caixa só havia um vestido branco e esse anel dourado em formato de asas de anjo, achei estranho, um anel com asas de anjo. Pensei que tivesse mais coisas, alguma coisa que lembra-se mais da minha origem, pois quase não lembro de muita coisa antes de morar com ele e com o tempo essas memórias quase sumirão por completo.

O vestido deixei lá, pois era muito pequeno, mas o anel carrego comigo desde então e por mais estranho que possa ser, ele ainda entra em meu dedo. Quando Boris descobriu ficou furioso, queria a todo custo que devolve-se o anel, mas não o fiz. No final ele me deixou de castigo.

Escuto um barulho que me tira de meus pensamentos, passo os olhos pelos arredores, mas não vejo nada, deve ser um cachorro ou um gato.

Fico mais um tempo ali, resolvo ver se consigo dormir, amanha tenho tempo livre vou vascular a biblioteca da escola e procurar nos registros de jornais antigo, talvez encontre alguma coisa lá.