Capítulo 3 - Família

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Depois dos acontecimentos do segundo episódio se passaram 5 anos. Eles residem agora na casa de Justo e de Bela, um casal muito simpático, que tem uma filha chamada Raquel. Os refugiados ficavam escondidos e não saiam de casa já fazia meia década para Henry e Mateus. Nesse meio tempo o Henry se tornou um seguidor do Caminho. Na casa de Justo tinha livros sobre o assunto no qual o protagonista lia assiduamente. Demorou um ano para ele se tornar um seguidor, mas finalmente o é. O conhecimento dele sobre os assuntos que abrangiam o Caminho aumentou muito e isso de vez em quando se tornou motivo de orgulho em que ele tentava se livrar. Afinal, descobriu que o Caminho não é pros orgulhosos e sim para os humildes. 

Mateus nesse meio tempo não inventou nada de mais, já que o lugar em que estava não tinha aparelhos e parafernálias para ele mexer e conseguir soltar mais uma vez a palavra "Eureca". Mateus também aprendeu mais sobre a vida de um peregrino. Nesse meio tempo ele também começou a se apaixonar pelas mortes heróicas, acreditando que era um jeito épico de morrer e que seu nome poderia assim ficar gravado entre os seguidores do Caminho. Infelizmente era um motivo egoísta que se baseava na história de um grande homem chamado Inácio.

Agora vou falar sobre os que estavam juntos com a família de Justo, outros fugitivos sem um lar, que em comunhão eram uma só família.  Eram mais 3, o primeiro se chamava Euclides, um senhor com seus 90 anos embora aparentava ter menos pelo seu vigor. Geralmente ficava sentado já que não arriscava cair e prejudicar os seus queridos irmãos. David, um homem com 35 anos, lia muito mais que os outros o Grande Livro. Por último a Helena uma jovem bonita, geralmente ficava quieta, mas às vezes entrava em um bom papo e não lhe faltava argumentos.

Os cinco ficavam escondidos em uma sala secreta que ficava atrás de uma enorme estante de livros. Lá se situavam os livros sobre o Caminho e o principal deles era o Grande Livro. Isso ajudou muito os fugitivos a crescerem. A sala secreta se dividia em dois por um varal criado pelos moradores no qual continha alguns lençóis para dar privacidade a Helena se trocar e fazer outras coisas. Eles tinham que ficar em silêncio o dia todo para não atrair atenção. Só a noite que eles poderiam falar mais, só que mesmo podendo falar era evitado fazer muito barulho.

Justo, Bela e Raquel todos os dias iam visitar os seus amigos, levando palavras de conforto. Dentre os 3 a filha de 8 anos, animava mais os fugitivos com sua simpatia e alegria. Em um desses dias de visita, Henry se encontrava lendo um livro chamado "O Peregrino" no qual estava gostando bastante, claro que não gostava tanto quanto o Grande Livro em que ele lia mais. Ao ver o líder, logo disse:

- Meu amigo, essa literatura que você tem em sua casa é formidável

Justo assentiu e falou:

- Sim, um grande material de fato. E pensar que um dia isso se encontrava em qualquer livraria. O que antes eram conhecidos como clássicos entraram no esquecimento - Lamentou ele
Sentindo o mesmo, Henry assentiu e disse:

- Como você conseguiu todos esses livros?

Mateus que observava a conversa interferiu:

- Não importa de onde veio, o que importa é que está aqui.

Justo concordou, mas mesmo assim explicou para Henry:

- Sou seguidor do Caminho faz um tempo, e agora sou um líder e fui conseguindo com os meus amigos. Alguns como você já pode notar são manuscritos, cópias e outros são edições antigas que saíram antes da Grande Proibição.

Euclides ao ouvir essas duas últimas palavras com grande tristeza disse:

- Eu era jovem, mas ainda me lembro do dia da Grande Proibição, foi um dia histórico e triste. Nesse tempo muitos que confessavam ser do Caminho o abandonaram. É triste, mas sei que se eles saíram do nosso meio é porque não eram de nós.

Helena ao ouvir a conversa e a imaginar a geração passada logo ficou curiosa:

- Deve ter sido maravilhoso ter liberdade.

O idoso assentiu e continuou:

- Sim era, mas já havia pessoas perseguidas em outros lugares. Embora fosse permitido ser um seguidor, nós éramos mal vistos pela sociedade em geral, pois não concordávamos com a prática deles. Em um mundo onde o valor absoluto é não ter valores absolutos a Verdade é vista com ódio.

Bela lembrando-se de uma frase que tinha lido em algum lugar, acrescentou:

- "Hipocritamente aplaudimos homens por buscarem a verdade, mas clamamos pela execução pública de qualquer um que seja arrogante o bastante para dizer que a encontrou."

O marido feliz com o comentário de sua sábia esposa disse:

- Com toda a certeza amor, o que você falou é um fato incontestável.

David ao ver que o assunto tinha sido encerrado disse:

- Agora peço desculpas por vocês terem que carregar um fardo tão grande de nos alimentar - e olhando para a Raquel - me perdoe princesa já que você tem que comer menos por nossa causa.

Raquel com sua sinceridade disse:

- Realmente estou comendo menos, mas como os que antes completaram a jornada repartiram a qualquer um que tivesse necessidade, então de bom grado eu dou a minha comida.

Justo e Bela se encheram de alegria por onde os pés da sua filhinha pisava.

Eram tempos agradáveis, contudo estavam ameaçados, por causa da ansiedade de Mateus que queria muito ver as ruas, as pessoas e as novidades. E isso poderia ser prejudicial para os outros.

Inimigos do EstadoWhere stories live. Discover now