Intensidade - parte 2

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- Melissa. Digo próximo ao seu ouvido, colocando os nossos corpos. Ela continua na mesma posição, de costas para mim e de frente para a porta. - Para ser sincero, eu estava pensando no quanto eu te desejo. Sou mais claro dessa vez. Ela solta a respiração, e continua imóvel e calada. E me delício com o fato de ter-la deixada sem palavras ao menos uma vez. - E, só para que fique claro, eu não te acho fácil. Além disso, nós somos dois adultos, por isso, podemos fazer o que quisermos. Ela continua em silêncio por um tempo, então, diz:

- Eu não posso, João. Ela completa depois de outra pausa. - Eu não posso. Isso é errado! Ela encosta a sua testa na porta.

- Melissa. Sei que tenho a propensão de ser um idiota com você e já fui muitas vezes; mas, eu passei anos pensando em te ter de novo. Eu nunca me esqueci daquela noite. E...

- Nada daquilo importa mais. Tudo ficou no passado, e deve permanecer lá.

- Eu não concordo com isso. Ela se vira, e me olha de um modo que nunca me olhou antes, em seu olhar não tinha desejo, não tinha sentimentos amorosos, nem mesmo o seu conhecido sarcasmo, ou sua constante ironia. Ele apenas parecia...convicto. Então, ela disse:

- Isso não importa. A declaração me afetou mais do que deveria. E ela não parou por aí. - O que aconteceu aqui não vai se repetir. Depois de mais uma pequena pausa, completou: - Nunca mais.

Assim, ela abriu a porta e saiu, fiquei parado por alguns segundos, pensando no quanto ela me surpreende.

- Merda. Praguejo e saio do quarto para ir atrás dela. Vejo a parada em frente ao elevador a uma certa distância. Ando em sua direção, um pouco apressado. Ela me olha e diz:

- Tranque a porta, seu babaca. E soube que ela estava de volta, a Melissa sensível, insegura, a quem eu conheci, tinha ido embora outra vez, o que tive no quarto foi um raro vislumbre dela. Em seu lugar estava a nova Melissa, com a sua língua rápida, uma pitada de arrogância, boas doses de sarcasmo e ironia, um senso de humor único, e corpo enlouquecedor. Sorrio, e volto para fechar o quarto. Assim que levanto a cabeça vejo o seu sorriso malicioso. Ela me dá um tchauzinho e entra no elevador.

- Cretina! Digo e corro em direção a ela. Corro bastante, mas, não adianta. Perco elevador e fico esperando que ele, ou o outro, voltem. Aperto o botão desesperadamente, e aguardo. Penso em descer pelas escadas, então, sorrio de novo, quando vejo que o elevador em que ela entrou, subiu; e, agora, estava descendo. Não posso deixar de me divertir com a ironia.

💜💜💜
Melissa

Estou sozinha no elevador e começo a sorrir, mas paro assim que o elevador sobe ao invés de descer.

- Merda! Xingo alto, é claro que a vida não ia deixar isso passar em branco. Obviamente, ela nunca perde a chance de tirar sarro de mim. Nesse momento, eu diria que ela me deu um belo tapa na bunda, e disse: Toma distraída.

Eu tive a brilhante ideia de fazê-lo de palhaço, mas agora quem vai ficar com cara de besta sou eu. Dessa vez o meu castigo veio a jato.

As portas se abrem, eu subi apenas um andar, como verifico no painel. As portas se fecham e começo a descer mais uma vez, torcendo para que aquele babaca tenha descido pelas escadas. Quando as portas se abrem novamente, vejo que não tive essa sorte. E odeio ver o sorriso debochado naqueles lábios lindos. Só então me ocorre que eu deveria ter descido no andar de cima, todavia só pensei nisso agora.

Ele me encara, ainda do lado de fora, sua mão está na porta impedindo que ela se feche.

- Não vai entrar? Pergunto irritada e envergonhada.

Ironias do DesejoWhere stories live. Discover now