Sentimentos

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Olá querid@s,
Como estão?
Desculpe a demora, a partir dessa semana vou tentar manter as postagens em dia.
Sinto por ainda não ter-lo feito.
Espero que gostem!
Desculpe-me por quaisquer erros.
Boa leitura!!!
Um abraço,
Jéssica Miranda.
❤ ❤ ❤

Melissa

"É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo".

Clarice Lispector

Depois de ficar um tempo sozinha me acalmei. Aos poucos me lembrei como é que se faz para respirar e, também, de como é bom relaxar os músculos. Voltei, então, para o aquário, a fim de me divertir com o meu filho. 

As horas se passaram muito rápido, o João, felizmente, não me importunou mais. Depois da nossa briga, acho que ele caiu na real e me deixou em paz. Eu brinquei com o meu filho e observei-o quando ele brincava com seu pai. Aquela sensação de culpa me tomou novamente. É bom e ruim ver que eles se dão tão bem e, sim, eu sei que isso é egoísmo. Às vezes me pergunto o que será de mim quando eles descobrirem a verdade. Quer saber, é melhor não sofrer por antecipação.

Converso um pouco com a Júlia, que está amando a cidade, enquanto penso: aonde a Valentina se enfiou? Visto que ela sumiu há cerca de uma hora.

A curiosidade me incomodava, mas me controlei e não fui atrás dela, pois talvez ela precisasse de um tempo para pensar. Falo por mim mesma, quando não estou bem, preciso de um tempo sozinha para a minha cabeça voltar para lugar. Eu imagino que a cabeça dela esteja a milhão, ela deve ter muita coisa para pensar, e deve estar aproveitando que tem alguém para cuidar de seu bebê. Afinal, quem é mãe sabe que quando os nossos bebês são pequenos, eles não nos dão tempo nem de ir ao banheiro.

Ainda me lembro como se fosse ontem, o Heitor era uma criança enérgica e não me dava tempo nem para fazer coco. Nos seus dois primeiros anos de vida, acho que entrei em depressão pós parto. Tinha uma época em que eu só esperava ele dormir para poder chorar.

Era muito difícil tudo aquilo para mim. Eu era mãe de primeira viagem, e só tinha o Hugo para me ajudar. A minha mãe me colocou para fora de casa, quando eu não quis abortar e recusei um casamento arranjado. Mas, conto tudo isso para vocês uma outra hora.

Olho para trás e penso no quanto já sofri em minha vida. Como você sabe, eu engravidei do João no dia do meu aniversário de dezoito anos. E, claro que não percebi de imediato, para falar a verdade, só me dei conta quase dois meses depois, quando notei que a minha menstruação realmente não ia descer. Comprei cinco testes de gravidez, e quando o terceiro deu positivo eu parei de fazê-los, por algumas horas. Pois, passei a madrugada chorando. Quando o sol raiou, eu fiz os dois testes restantes e o resultado foi o mesmo. Cheia de olheiras me arrumei e disse a minha mãe que ia para faculdade, mas a verdade é que passei o dia inteiro sentada na beira da praia, enquanto observava as ondas irem e virem. Contudo, aquilo me enjoou. Naquele dia tive o meu primeiro enjoo. 

Então, me senti desesperada com a notícia, e ao mesmo tempo me senti feliz, pois mais uma parte do meu sonho de adolescente estava se realizando. O meu sonho era namorar o João, perder a minha virgindade com ele, me casar com ele, é claro; e ter filhos com ele. Em resumo, ele foi o meu primeiro amor, e para ser sincera ele é o único, na categoria homens que não são da família. 

Enquanto observava o mar, meu coração se encheu de esperanças, eu pensei que quando contasse tudo a ele nós íamos acertar as coisas. Pensei que ele fosse largar aquela mulherzinha dele e ficaria comigo. Eu era tão ingênua naquela época, e fui durante muito tempo. Eu fiquei anos enfurnada dentro daquele apartamento esperando por alguém que nunca chegou. 

Ironias do DesejoWhere stories live. Discover now