Prólogo

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Melissa

- João. Eu grito para ver se eu consigo chamar a sua atenção, para que ele para de dar chileque. Poxa, me sinto até ofendida, afinal a mulher aqui sou eu. - Pare de dar uma de vítima, seu sem noção. Você é o cachorro dessa estória. Berro mais uma vez. Eu sempre quis dizer a ele o quanto ele é um cachorro. Confesso.

-Eu é que sou o cachorro? Fui eu que escondi um filho de você por dez anos? Se tem alguém errado nessa estória toda é você, sua mentirosa. Ele me acusa.

- Falou a pessoa que se esqueceu de me avisar que estava noivo e que se casaria dentro de dez dias.

- Eu já te disse que nós tínhamos terminado aquela noite.

- Sei, foi só por uma noite, mesmo. Não é? Ironizo.

- Sua menina mimada, teria sido definitivo se você não tivesse fugido.

- Ahhhhh. Como eu te odeio, João. Seu desgraçado. Você me comeu, enquanto traia a sua noiva. Você se casou dez dias depois e nunca mais me procurou. Você me usou, como se eu fosse uma qualquer. Eu não acredito que deixei você tirar a minha virgindade. Para falar a verdade, nem foi tão bom assim, seu bruto.

- Engraçado. Quantas vezes você gozou mesmo? Umas três? Você sabe quantas mulheres gozam em sua primeira vez?

- Ahhhh, deixe de se achar.

- Eu não me acho, eu sou. E você sabe disso. E outra coisa, para de fugir do assunto. Você mentiu para mim.

- Eu menti para você? O que você queria? Queria que eu aparecesse em sua porta com um bebê nos braços? Depois você ia querer o quê? Ia querer tomar o meu filho e criá-lo com a piranha da sua esposa?

- Não coloque o Alicia no meio disso. Ele fica bravo.

- Por um acaso, João, você recebeu a carta que eu entreguei a ela, quando a minha mãe me expulsou de casa, por eu querer ter um filho seu?

- Do que você está falando? Ele pergunta meio surpreso.

- Pergunta para aquela vagabunda o que ela fez com a carta de amor, de uma menina idiota apaixonada? Pergunta. Mas, saiba que você matou aquela menina.

- Mel, eu não sei de carta nenhuma. Ele disse sabendo que foi injusto comigo.

- É claro que você não sabe. Você nunca sabe de nada, seu idiota.

- Mas que merda, Melissa. Vou te dar uns tapas por ser tão mal educada e boca suja. Me respeita, caralho.

- Seu babaca. Ignoro a sua advertência e continuo o meu desabafo. - Você não sabe o que é ser mãe aos dezoito anos; você não sabe o que é ter uma mãe louca e uma família que não te ajuda em nada, com exceção do Hugo, é claro; você não sabe o que é parir uma criança e não saber o que fazer; você não sabe o que é uma gravidez e o que ela faz o seu corpo e seus hormônios. Você é um filho da puta, egoísta. Seu filho está aí, lindo, educado e bem cuidado. E você só sabe me acusar, ao invés de me agradecer.

- Melissa, você é muito intensa e completamente maluca. Por que você não me ligou? É coisa de velho mandar carta.

- Ahhh, vai te catar, seu ingrato. Eu fiz a minha parte, eu te contei a verdade. O problema é seu se tem uma vaca mentirosa em casa.

- Eu sei que a Alicia tem culpa nisso. Mas, você podia ter tentado me contar de outros modos.

- Você sabe o quanto eu esperei? Você sabe quantas noites eu chorei, esperando uma resposta sua?

- Melissa, você não pode me culpar por isso.

- E nem você pode me culpar. Eu fiz o melhor que pude.

- Mel, eu sei que sim.

- Não me chame assim, seu falso.

- Melissa, eu não minto. Tá bom, eu não minto mais.

- Sei... deixo a palavra e a ironia que ela representa morrerem no ar.

- Mel, eu e você não podemos mudar o passado. Mas, podemos mudar o futuro, a gente precisa contar a verdade para o Heitor. Eu quero recuperar o tempo perdido. Me dê uma chance. Ele pede, parece sincero, mas eu já pensei assim antes.

- Concordo, mas só em partes.

- Com que você não concorda, Mel? Ele pergunta, como se estivesse dizendo: Lá vem ela de novo. E quer saber, ele está certo.

- Nós podemos recomeçar. A gente deve contar a verdade ao nosso filho. Você pode fazer parte da vida do Heitor, mas você está proibido de encostar, tocar, ou ficar a menos de um metro de distância de mim.

- Você tem certeza, meu docinho? Ele se aproxima um pouco de mim. Tem certeza que não sentir o meu cheiro e o meu calor? Ele diz perto demais. Reage, sua anta, eu penso, mas não saio do lugar. - Tem certeza que não quer mais isso? Ele beija os meus lábios, enquanto uma de suas mãos vai para minha nuca e a outra vai para as minhas costas. Ele cola mais os nossos corpos, só uma fina camada de roupa está entre nós. Mas, eu não sei por quanto tempo, já que agora ele está com uma mão em minha bunda, ele a aperta gostoso, depois de ter subido o meu vestido. Então, sinto sua mão subindo para o meu seio, e eu penso: graças a Deus por esse vestido de malha. E... pahhh. Dou um tapa na cara dele, e me afasto.

- Você me bateu. Ele diz passando a mão no rosto com um olhar predador. Isso não é bom, penso enquanto o xingo.

- Mas, que merda, João. Digo pensando na besteira que eu estou fazendo. - Eu tenho certeza que não quero mais isso. Se você quer sexo, vai atrás da sua mulherzinha.

Ele não me responde, mas continua com aquele olhar. Ele começa a andar em minha direção. Isso definitivamente não é bom.

- Nem mais um passo. Digo enquanto recuo. Mas, eu dou um passo para trás e ele dá dois para frente. Minha única opção é correr. Então, eu corro.

Consigo chegar à porta, ele me pega enquanto eu a estava destrancando. Ele chega por trás me imprensando contra a bendita porta, eu viro a cabeça para protestar, ele me beija, e roça aquele membro rígido em mim.

- Calada. Ele diz enquanto começa a baixar a minha calcinha, beijando e mordendo a minha bunda já que ele se abaixou no processo.

- João. Digo, meio gemendo. Ele que já estava de pé, me dá um belo tapa na bunda e rosna em meu ouvido:

- Eu disse calada. Fazer o quê, né? Não está mais aqui quem falou, penso enquanto ele chupa a minha orelha.

Ironias do DesejoWhere stories live. Discover now