Despertar

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Oi querid@s,
Como estão? Estou de volta.
As postagens regulares de Ironias do Desejo começaram logo. Depois defino o dia e conto para vocês. Enquanto isso, postarei alguns capítulos para vocês irem entrando no clima.
Desculpe-me por quaisquer erros.
Um abraço carinhoso,
Jéssica Miranda.

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Melissa

Eu era só uma menina estranha, meio deslocada, com a cabeça grande demais para o meu corpo franzino. Meus longos cabelos pretos me escondiam do mundo. A minha franja tampava as taturanas que eu tinha na testa, que são mais conhecidas como sobrancelhas.

Enfim, eu era magra demais, tímida demais, desengonçada demais e nerd demais. Eu não me encaixava em nenhum grupo, e naquele dia tudo estava mais difícil eu era a esquisita novata. Uma estranha em uma escola pequena e elitizada, meu sobrenome não me ajudou nada no meio daqueles monstros, ninguém conhecia o senhor Vidal, ainda, isso só aconteceu anos depois.

Nos primeiros minutos tudo foi um filme de horror com direito a todos os tipos de bullying como: olha a esquisita; olha a sobrancelha dela; essa calça caqui, ninguém usa esse uniforme ridículo; ela tem mesmo um guarda-costas? Acho que ela está se sentindo a filha do presidente dos Estados Unidos.

O fato era que todos ou riam de mim, ou me ignoravam. Olha que ainda nem tinha chegado o recreio, e já estava pensando em ir chorar no banheiro. Mas, é claro que eu não podia fazer isso, primeiro eu tinha que acompanhar o motorista da família até a sala da diretora, como a megera me instruiu, quero dizer, como a minha mãe me instruiu.

Entendam a minha situação, eu era uma adolescente estranha, anti-social, com uma mãe louca e fútil, cujo pai se mudou de cidade a fim de inaugurar uma filial da empresa de advocacia da família. Então, voltando a minha mãe louca, ela se recusou a ficar no Rio de Janeiro, mesmo o meu pai dizendo a ela que só ficaria em Belo Horizonte por seis meses.

E como o meu pai é um banana, aqui estamos nós. Eu, meu irmão, o Márcio, meu pai, o senhor Luciano, e a minha mãe, a senhora Frida. Pessoalmente, acho que o nome combina com a sua personalidade fria. Sabe aquelas mães que não tem nenhum talento para maternidade, pois estão sempre preocupadas demais consigo mesmas, então, essa é a descrição da minha mãe. Já o meu pai ele era um anjo, muito atencioso e preocupado conosco. Por isso, assim como eu e o Hugo, ele era contra a nossa mudança, ele não queria que eu tivesse que abrir mão de tudo, da casa, dos amigos, da escola. Mas, a minha mãe e o babaca do Márcio venceram a queda de braço. A minha mãe alegou que não queria ficar sem meu pai, fez aquele drama de sempre e convenceu. O Márcio já viria de qualquer jeito, ele é formado em direto e ajuda o meu pai na empresa. Mas, o sortudo foi o Hugo, que não veio por causa da faculdade de medicina. Todavia, ele estava com todos os feriados nos próximos meses comprometidos, e as férias também.

E voltando a minha vida trágica, de uma adolescente sem direito a escolha, lá estava eu recomeçando a minha vida em um lugar estranho, sem nenhum amigo, e pagando o maior mico na escola no meu primeiro dia de aula. Assistindo as minhas chances de ser popular serem minadas.

A diretora da escola me recebeu muito bem, e me encaminhou até a sala da sétima série. Ela me apresentou para todos e sua presença conteve os risos dos meus colegas.

A professora de português mandou que eu me sentasse ao lado da Valentina, uma menina loira, de olhos claros. Uma típica garota popular, só faltou estar com cabelos sedosos ao vento, como numa cena de filme de Hollywood. Em suma, foi antipatia a primeira vista. Mas, calada eu me ajeitei em uma carteira ao seu lado.

Ironias do DesejoWhere stories live. Discover now