Capítulo 05

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Enxugo meu rosto com a bainha da minha blusa regata, fazendo uma careta quando sinto o cheiro que exala dela. Eu estou um nojo, toda suada e exausta e por um momento me arrependendo por ter mandando Célia e Silvio para casa. Eram onze e pouco da manhã e eu não estava nem na metade da casa! Humf, só na minha cabeça mesmo que eu conseguiria limpar uma casa de cinco quartos, uma sala comum e outra sala de estar, escritório, sete banheiros, uma cozinha enorme, isso sem contar com o terraço e a garagem que são enormes, e ainda ficar parando de cinco em cinco minutos para olhar Estela. Onde eu estava com a cabeça?

Assim que termino de dar alimentar Estela, coloco-a dentro da cerquinha recheada de brinquedos e começo a voltar a trabalhar, mas assim que pego no rodo a campainha soa pela casa.

— Fique bem aí. — digo para Estela, mesmo que ela não tenha mais prestado atenção à mim desde que começou a morder a cabeça do Mickey.

Saio correndo até a cozinha para ver a câmera da frente e vejo uma Hilux vermelha parada em frente ao portão.

— Quem diabos ... — uma pessoa sai do carro e mesmo pela câmera percebo que ele está irritado. Novidade. — O que esse babaca faz aqui?

— Eu sei que você está em casa, então é melhor abrir logo a merda desse portão, menina!

A voz de Ben sai pelo alto falante do interfone. Coloco as mãos no quadril e encaro o homem pela câmera. Porque eu iria deixar ele entrar? E a resposta vem imediatamente. Ele é o único tio de Estela e um dos poucos familiares que restaram-na, eu não podia simplesmente isolar a menina de seu único vínculo familiar. Sendo assim, autorizo a entrada de Ben. Corro para a lateral e vejo o momento que ele entra na garagem e quando o carro para mas ainda fica ligado. O silêncio é preenchido pelo som que carros grandes fazem, o tipo de carros que a maioria dos homens têm em uma clara competição silenciosa em qual o carro com o motor mais barulhento.

O carro é desligado e o homem sai do banco do motorista. Quando Ben dá a volta e para na minha frente, tenho a chance de observá-lo. Devo confessar, mesmo que com muito esforço, que o infeliz é um homem bonito. Ele tinha cabelos ruivos escuros que combinavam perfeitamente com sua pele meio bronzeada e olhos verdes. Era alto, mas não muito, e não aparentava ter 23 anos. Ben parecia mais velho? Sim. Isso o deixava ainda mais bonito? Infelizmente, sim. Balanço a cabeça em negativa, me afastando de tais pensamentos.

— A que devemos a honra de sua presença? — pergunto com desgosto.

— Onde está Silvio?

— Dei folgar para ele e Célia.

— Está com a casa há apenas três dias e já sai dando folga para os empregados?

Eu definitivamente odeio esse homem. Respiro fundo e cruzo os braços, mas esse movimento atrai a atenção de Ben, cujos olhos caem sobre meu decote. No mesmo momento tenho vontade de desfazer os braços e ralhar com ele, mas me impeço imediatamente e quando Ben não desvia o olhar tenho vontade de sorrir. Pelo visto a criança aqui tem belos seios. Mas não tenho tempo de cantar vitória já que seus olhos desgrudam de meus seios e descem. Droga! Me dou conta tarde demais que estou apenas usando um short nada grande e uma blusa branca ensopada de suor, com meus cabelos amarrados em um rabo de cavalo mal feito e, pra piorar, estava descalça. Maravilha.

— O que faz aqui? — pergunto, chamando sua atenção. Ele me dá as costas e vai em direção ao banco traseiro de seu carro, abre a porta e em seguida tirar uma, duas, três, quatro, espera, pra que tantas malas?

— Estou me mudando. — diz finalmente.

— Como é que é?

— Isso mesmo, estou vindo morar aqui. Não posso simplesmente ir dormir sabendo que minha sobrinha está em perigo.

LolaWhere stories live. Discover now