Leoa

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Eu sonhei com imensas labaredas douradas. Tudo o que eu via era o fogo. Do meio dele veio a garotinha ruiva.
- Eu disse que você estava sozinha.
Então tinha sido ela.
- Pensei que ia me ajudar.
- Ainda não estava na hora.
- Então quando será?
Ela exibiu um sorriso travesso.
- Você verá.

◇•°•◇

Eu acordei sugando ar com a boca enquanto me sentava em agonia. Era como se eu estivesse me afogando. Senti uma tontura e então percebi que estava molhada. Finalmente me dei conta de minha situação, eu estava em uma piscina extremamente rasa, eu realmente estava me afogando, estremeci com o pensamento de que se eu não tivesse acordado o pior aconteceria.
Olhei ao redor. De um lado um imenso paredão de concreto que subia para bem além de mim, do outro uma elevação, como um pequeno monte, coberto por grama e alguns arbustos e havia onde eu estava um córrego artificial de água verde e lodosa. Ergui minhas mãos e vi elas sujas, um calafrio percorreu minha espinha, era estremamente desconfortável estar em água suja. Pensei em passar as mãos na roupa, mas estava ainda mais suja que minhas mãos. As agitei no ar para que a sujeira saisse com o movimento, depois passei a mão pelo cabelo já imaginando o estado, senti algo pontudo e me espantei, mas me obriguei a levar a mão ao lugar novamente mesmo com o medo, apalpei com cuidado e agarrei o que era e então puxei, alguns fios estavam enrroscados e tive trabalho para tirar o que quer que fosse. Quando livrei aquilo dos meus cabelos, ou o contrário, levei à vista e vi que era um galho quebrado. Olhei para a grama que estava um pouco alta e percebi que estava amassada em uma faixa que seguia do topo até o início da água. Eu tinha rolado lá de cima até aquela poça de lodo enquando estava desacordada. Me levantei e imediatamente meu corpo protestou, tudo girou por alguns segundos, meu joelho fraquejou com uma dor aguda e um pé também. Depois que o equilíbrio voltou a mim comecei a subir mancando. Assim que cheguei ao topo uma brisa um pouco forte soprou e senti meu rosto arder, deveria estar toda arranhada, o cume do pequeno monte tinha um sombreiro de madeira e trepadeiras, uma árvore grande nuda, todas as folhas estavam ao chão a rodeando já amarelas, e um tecido gasto estirado abaixo do sombreiro.
Olhei para o céu, era uma gradação de azul e laranja. Estava amanhecendo ou anoitecendo?
Mais uma vez olhei ao redor, eu vi corrimões ao fim do paredão de concreto, galhos retorcidos de árvores distantes e o topo de algumas jaulas. Enfim percebi onde estava e porque ali tinham tantas jaulas. Aquilo era um zoológico.
Acima do concreto tinha uma enorme placa desbotando, ela dizia: Não alimente provoque os leões.

Cidade de Magia - Marcada por EspinhosWhere stories live. Discover now