Um belo sim

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Olhei para frente, para a linha de árvores com troncos vermelhos, depois para o céu azul e branco, senti uma gota de suor descer pela lateral de meu rosto. Estava quente, muito quente, o sol da tarde estava mais intenso que nunca. Desci minha vista para a mão diteita. Aquela marca que surgiu junto com o poder, deveriam estar conectados de algum jeito, certo? Fechei minha mão e meus olhos. Tentei encontrar os fios. Nada. Tentei encontrar aquela vastidão em minha mente. Nada. Por que tentar acessar aquele poder por vontade própria não dava certo? Tinha alguma espécie de condição que ele se manifestava quando quisesse. Abri meus olhos.
Talvez fosse isso! Aquela voz se juntou a da garotinha depois do poder, aquela voz tinha me guiado, talvez eu precisasse dela.
- Você está aí?
O que eu estava fazendo? Falando com o vento? A que ponto eu não tinha chegado! Como se o treino de um dia fosse bastar para progredir em alguma coisa.
Sempre estou aqui.
Não era a voz que eu esperava. Fechei meus olhos tentando me concentrar, talvez só mais um pouquinho e ela iria embora.
- Me chama e me ignora?
Abri um único olho, ainda forçando o outro, infelizmente, lá estava ela. A garota ruiva dos meus pesadelos.
- Não chamei você.
- Oh! Sim. Você queria o outro cara. - ela olhou para o lado. - Mas não foi ele quem você chamou.
- Foi sim.
Ela riu, o vestido rasgado e sujo voou com o vento como se ela realmente estivesse ali.
- Você quer ajuda com o poder. - Não era uma pergunta. - Eu posso ajudar, mas o farei apenas dessa vez. Não pode depender de mim para sempre. Um dia eu não estarei aqui.
Ela apontou para mim.
- Você realmente pode ajudar?
Ela fez uma expressão de raiva e colocou as mãos na cintura.
- Sou mais importante que o outro, eu vim antes dele. Posso sim.
Engoli em seco.
- Espero poder contar com você, então.
Ela riu e rodopiou, como uma criança comum faria.
- Ah! - ela parou - Você tem companhia.
Me virei no instante em que ela sumiu e vi ele se aproximar.
- Olá!
Meu cumprimento foi animado demais e demorado demais.
- Oi. Está treinando?
Shun parecia tão calmo que eu ficava ainda mais nervosa.
- Tentando.
- Então nada ainda?
Balancei minha cabeça para negar, cabelo loiro rodou para todo lado.
- Talvez precise de um descanso.
Acenei.
- Não quer falar?
Balancei minha cabeça mais uma vez e vi a descrença no olhar dele.
- Não! Quero dizer, sim. É que...
Você me deixa nervosa, mas não um nervosa ruim, mas não consigo falar direito, minha cabeça não está funcionando. Mas estava funcionando o suficiente para não deixar essas palavras saírem.
- Estou realmente cansada.
Eu merecia ser morta por uma deaculpa tão boba quanto aquela. Ele não reagiu, continuou o Shun de sempre.
- Eu te acompanho.
Ah! O silêncio. Conversar com ele era muito difícil, por ele ser tão quieto, mas o bom era que eu podia aproveitar a companhia sem ter que pensar muito em respostas para um diálogo.
Chegamos no portão de ferro e ele não entrou mais.
- Vá deitar um pouco.
- Acho que preciso mesmo.
Ele acenou e se despediu. Estava saindo quando eu pensei no que enfrentaria naquela noite.
- Shun!
Ele se virou.
- Sim?
Oh! Não, eu não diria o que estava pensando, seria tosco e vergonhoso. Rápido, tinha que pensar em outra coisa.
- É... - olhei para os lados, grama, árvore, grama. - Amanhã... - o que? O que tinha amanhã? Ah! - Vamos almoçar juntos?
Ótimo! Um simples convite. Ah não! Eu tinha convidado ele para um almoço! Isso era quase tão bobo quanto o que eu ia dizer antes. Ele exibiu um breve sorriso. Oh não! Ia ser recusada tão cedo!
- Sim! - Sim? - Vamos.
Vamos? Ele... ele tinha aceitado? Ele... aceitou! Calma, Tirya! Não ia ter um encontro, era um almoço.
- Sim! Vamos!
Eu repeti empolgada.
- Até amanhã!
- Até!
Ele se virou de costas e eu quase dancei a dança da vitória, mas esperei entrar na cozinha para isso.
- O que é isso?
Parei de pular e rodopiar e vi um estranho ao lado de Britta. Os dois olhavam para mim com estranheza nos olhos. Pigarreei e ajeitei minha blusa a puxando de leve.
- Nada.
Minha voz saiu fina. Pigarrei novamente.
- Onde... onde está Claren?
Britta apontou para trás sem tirar os olhos de mim.
- Obrigada.
Passei vergonhosamente pelas duas pessoas que me acompanharam com os olhos e assim que tive meu caminho livre corri para cima.

×××
Esse cap foi mais para descontração antes da emoção, apesar de ter uma coisinha importante, que é segredo. A dança da vitória da Tirya é realmente muito vergonhosa para ela e muito engraçada para nós, tem rebolado, gritinho, vários pulinhos e rodadas.
No próximo capítulo: Ainda será dia, um estranho na casa. E finalmente a noite chega. Estão preparados?
Ah. Eu disse que colocaria o nome do próximo livro. Aqui está
Contos de Espinhos.
Nem todo conto de fadas é bonito!
Ah. Esse cap foi curto pq passei o dia assistindo gintama, mas não achem de todo ruim, gracas a ele tive uma ideia pro terceiro livro, gracas ao arco que eu chamo de arco Otae. Não posso esquecer.
Bye baby (como o Zura! - ele grita longe: não é zura! É Katsura- kkkkk piada interna)
Brighid

Cidade de Magia - Marcada por EspinhosWhere stories live. Discover now