O doce sabor do desejo (degustação )

Cap 8

Megan

Eu nunca tinha sorrido tanto, como tinha feito nos últimos trinta minutos. A Leona parecia me provocar. Eu não queria que ela miasse e chamasse a atenção do Leon. Se eu fizesse carinho nos seus pelos macios, ela ficava quieta, quando meus dedos se cansavam e eu parava, ela miava me provocando.
Eu ria das suas graças e não me senti sozinha pra primeira vez na vida.
- MEGAN!- escutei um grito.
Dei um pulo na cama e como instinto joguei as cobertas por cima da gata.
- ooi....- gaguejei.
- o que está acontecendo aqui?- não tinha nenhum pingo de humor na sua voz. Ele me olhava com as sombracelhas arqueadas e rugas se formaram na sua testa.
- nadaa. Eu....eu estava assistindo um filme. Garfield....e ri em excesso.
A gata miou novamente e eu quis morrer de raiva.
- a televisão está desligada Meg. De onde surgiu o miado?
- eu não sei.
Eu não tinha mais argumentos ou mentiras para dizer. Deixei a gata escapar dos lençóis e se aconchegar em meus braços. A apertei em meu corpo. Eu sabia que era seu fim.
- vamos esclarecer algumas coisas aqui- ele começou dizendo. Empurrou a porta com força e entrou no quarto- quanto eu tiver um filho, se um dia eu tiver, ele vai ter mãos e pés e não quatro patas.
Assenti, concordando e respirei fundo, me lembrando que eu não respirava a alguns minutos.
- Leona é um nome lindo. Mas eu não preciso de ninguém que me faça homenagens. Isso inclui seres com pelos.
- ah sim.- tentei responder, mas engasguei e comecei a tossir.
- sobre  a minha prepotência, eu não me lembro de te dizer em momento algum que eu era simpático, amoroso ou essas baboseiras todas. E sobre a minha casa sombria, eu acho que não estamos brincando de casinha. Não vou comprar flores para alegrar o seu dia e nem pintar paredes vermelhas para melhorar seu astral. Entendido?- perguntou com frieza.
Ele mantinha deliberadamente seus olhos fixos em mim. Na verdade um olhar assassino.
- sim, senhor.- respondi com cautela.
- eu quero esse gato fora da minha casa agora.- ele apontou para porta e percebi que seus dedos tremiam- eu espero que você me obedeça Megan. Não sei te avisei, mas quando sou desobedecido costumo tomar medidas drásticas e eu realmente torço para que a Leona permaneça viva por mais alguns anos.
Me arrepiei com a ameaça escondida entre as palavras. E me inundei de tristeza imaginado o vazio no quarto sem ela.
- Ela não tem pra onde ir. Deixe ela ficar comigo Leon, eu estou aqui na sua e nunca te pedi nada. Ela não vai te incomodar eu prometo.
Eu estava odiando implorar, mas faria o que fosse necessário para manter a gata comigo.
Ele deixou passar um instante antes de rosponder. Parecia ponderar o meu pedido.
- quando eu voltar do trabalho não quero encontrar nenhum pelo dessa gata aqui.- respondeu por fim.- estamos entendidos?
- sim.- respondi já com lágrimas nos olhos.
Era sempre assim. Tudo que eu amava ia embora.
Quando ele saiu do quarto, deitei abraçada com a Leona e tentei adormecer.
Os primeiros raios de sol entraram no quarto antes que meu sono chegasse. Decidi levantar e sair a procura de uma casa para a gata. Peguei ela no colo e desci as escadas, por azar, dando de topo com o senhor prepotência.
- bom dia.- eu nem deveria falar com ele, porém odiava ser mal educada.
- bom dia. Sai de perto de mim com esse gato. Eu sou alérgico.
Bufei e sai pisando fundo.
- seja mais educada mocinha. Você ainda está morando na minha casa.
- idiota.- falei baixinho antes de sair correndo pra rua. Se ele escutou eu não sei.
Eu não sabia por onde começar. Eu estava em um condomínio luxuoso, lotado de gente chata e metida. Não ia ser fácil encontrar uma alma bondosa para cuidar da Leona.
Dei várias voltar por todo o bairro. Não encontrei ninguém. Me lembrei então que o irmão da Julie tinha me dado o número do seu celular e disse que eu poderia ligar se um dia precisasse.
A Julie sempre foi uma boa amiga e o irmão dela é um revoltado da vida, que não sei o porque, me tratou com carinho desde a primeira vez que colocou os olhos em mim.
Voltei correndo pra casa e subi no quarto para ligar. Ele atendeu no primeiro toque.
- Diogo, é a Megan. Você se lembra de mim, sou amiga da Julie?
- eu nunca me esqueceria de você pequena.
- que bom. Estou precisando de um favor seu. Você disse que eu poderia ligar se precisasse.
- é só dizer o que precisa. Só me dá um tempo se for a lua, vai demorar um pouco pra buscá-la.
- não.- disse sorrindo- é mais simples o que eu preciso. Eu estou com uma gata aqui comigo e meu noivo tem alergia de gatos, você não pode ficar com ela?
- noivo? Você está noiva?- percebi a rispidez nas suas palavras.
- é uma longa história, mas estou sim. Por favor, não fale pra Julie ainda ou ela vai ficar preocupada. Deixe que eu conto.
- você não saiu nenhuma vez comigo. E eu te liguei várias vezes. Agora tem um noivo e quer me dar um gato?
- deixa pra lá. Foi uma péssima ideia te ligar.- falei irritada. Ele me daria a lua né! Só se fosse em troco de outra coisa.
- espere! Eu fico com a gata. Onde posso pega-la?
Passei o endereço e depois de meia hora escutei alguém tocando o interfone.
Quando abri a porta me assustei com a imagem. Ele sempre me assustava. Primeiro pela beleza. Ele era lindo! Depois pelas tatuagens que cobriam o seu corpo. Eram muitas. E por último suas roupas negras que constratavan com sua pele branca.
- bom dia.- falei chamando sua atenção.
- bom dia.- ele respondeu me encarando. E que encarada! Seus olhos negros me fizeram arrepiar.
- você deve estar pensando que eu sou louca, te ligando para cuidar de um gato.
- eu pensaria qualquer coisa de você, menos que é louca.- ele abriu um sorriso.
- esta é a Leona.- estendi a gata que estava nos meus braços.
Qualquer um se apaixonaria por ela. Qualquer um que tivesse coração. O que não era o caso do Leon.
- porque está dando essa coisa mais linda embora?- ele perguntou. Acariciou a cabeça da gata que soltou um miado doce. Gata esperta!
Ele a pegou dos meus braços, deixando o conforto dos seus pelos quentes e me lembrando do frio que sentiria sozinha.
- meu noivo é alérgico a gatos. Ele me deu ordens de desfazer do gato até hoje a noite.
Abri um sorriso tristonho e ele retribui.
- vou ficar com sua gata. Mas saiba que seu noivo é um idiota. Eu espirraria o resto da vida só para te ver sorrir.
Esse era o Diogo. Quem olhasse de longe pensaria que ele era um ogro. Mas seu coração era enorme. Só estava escondido por baixo daquelas roupas pretas e das tatuagens.
O abracei. Ele era muito alto e me senti uma anã abraçando sua barriga.
- obrigada Diogo. Isso é muito importante pra mim.
Ficamos assim por alguns minutos. Eu a Leona agarradas a ele, que acariciava meus cabelos.
Posso saber o que está acontecendo aqui?- escutei uma voz conhecida dizer.
Droga! O senhor prepotente ainda não tinha saído de casa. Dei um pulo para trás e vi um sorriso malicioso se formar no rosto do Diogo.
- oi Leon. O Diogo é um amigo que vai ficar com a Leona.
- prazer. Você deve ser o noivo idiota e alérgico.- ele disse estendendo a mão.
O Leon não retribuiu o cumprimento. Se aproximou e passou os braços na minha cintura me puxando para perto.
- alérgico e noivo sim. Idiota só sou para os que entram no caminho da minha mulher. Que não deve ser o caso aqui não é baby?
Ele me olhava sorrindo, mas por traz dos seus olhos eu reconheci o ódio. Ele queria me matar. Tenho certeza!
- o Diogo já estava de saída. A Leona está com fome e sono. Você precisa cuidar bem dela.
- vou cuidar pequena. Você pode nos visitar sempre para conferir.
Assenti com os olhos já cheios de lágrimas. Aquela gata tinha ganhado meu coração em poucos dias.
Me desvencilhei dos braços do Leon e me aproximei, dando um beijo na gata e um abraço no Diogo. Assim que me afastei, ele secou uma lágrimas que escorria no meu rosto.
E se abaixou sussurrando em meu ouvido:
- se quiser, tem espaço para as duas gatas lá em casa. E tem um coração gigante que vai se esforçar para te fazer sorrir e não chorar.
Ele se afastou e abriu um sorriso. Olhou para o Leon e pigarreou.
- eu vou cuidar da gata. E se você não cuidar da pequena, eu passo em cima de você com o meu carro de corrida, até você ficar fino como um papel.
Ele saiu, levando a Leona.
- posso saber que MERDA é essa?- Leon gritou quando a porta se fechou.
Dei de ombros e fui saindo da sala.
Fui surpreendida por uma mão firme que segurou meu braço.
- vamos esclarecer algumas coisas aqui e AGORA!
Eu estava ferrada!

Façam chover comentários kkkkk saibam que quando vcs comentam eu me empolgo mais para escrever!

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