Capítulo 22

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NICHOLAS

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NICHOLAS

O que chás não podem me lembrar

Eldoria, um mês depois

A primeira diferença que notei quando cheguei em Eldoria foi o clima. Porto do Céu, a cidade onde vivi em boa parte da minha vida, era litorânea, com muito verde por todos os lados, abundante água e vento, enquanto minha localização atual parecia o contrário disso. Meus amigos e irmãos em Cristo, diferente de mim, já estavam acostumados com tudo.

Jessie e sua avó nos receberam com alegria, quando batemos na porta, todos agasalhados em plenas 16h.

― Que a paz seja convosco! Sejam bem-vindos ― nos comunicamos em inglês. ― A casa é simples, pequena, mas cabe todo mundo, graças a Deus ― a risada da graciosa senhora refrescou o momento. Abracei-a, assim que tive oportunidade.

Havia um presbítero conosco que nos lideraria nos primeiros meses e depois seria trocado por outro, como num rodízio. Assim, eles podiam voltar às suas famílias e congregações locais. O presb. Josué falou:

― Amém. Não se preocupe com isso, irmã Jane. Deus proverá tudo.

― Ah... ― Jessie, a neta dela que entrou em contato pedindo auxílio para a congregação que nascia em Eldoria, me cutucou. Era uma moça alta, de cabelos loiros dourados e algumas sardas no nariz. Tinha uma beleza escultural e uma doçura natural na voz. ― Posso levar as malas de vocês?

― Imagina! ― Joshua fez que não com a cabeça. ― Muito pesadas, irmã.

― Nós levamos, Jessie ― tranquilizei-a com um sorriso e ela assentiu.

― Posso então guiá-los ao local, então ficarão mais à vontade após guardar tudo.

― Por favor ― David pediu.

Durante a tarde, fomos apresentados ao local onde os irmãos se reuniam para ouvir a Palavra de Deus. Era no terreno atrás da casa, que era bem limpo e dispunha de algumas cadeiras de plástico.

― O irmão Elvis ministra as escolas bíblicas com as revistas da igreja do Brasil. Ele faz todas as traduções para que possamos acompanhar e entender. ― Jessie explicou, enquanto nos servia um chá queimando a língua.

Lembrei de alguém e meu coração deu alguns pulos desacertados.

Fica quieto, aí. Reclamei com o danado e entrei na conversa para mudar os pensamentos.

― Onde ele está?

Jessie falou sorrindo:

― Deve estar chegando. Mandei os vizinhos avisarem-no que vocês já estão em solo eldoriano.

Ela sentou-se na cadeira ao meu lado, bebericando o último chá que sobrou da bandeja. De um lado, Brian fazia várias perguntas à dona Jane, enquanto os dois outros rapazes já comentavam algumas ideias sobre a construção de um templo provisório ali.

― Ainda queria mais? ― Jessie perguntou-me, com o olhar culpado.

― O que?

― Chá?

De novo.

― Não posso. ― me expressei mal.

― Mas você tomou ― ela deu uma risadinha desentendida.

Fechei os olhos por dois segundos, refletindo sobre minha burrice momentânea.

― Não posso falar sobre chás. Quero dizer, pensar... hum... esqueça.

A moça juntou as sobrancelhas e voltou-se à minha direção.

― Agora fiquei mais curiosa.

Soltei um riso, junto do ar de meus pulmões. Meneei a cabeça e finalizei aquela conversa:

― Digamos que isso não é sobre chás.

Até que te encontreiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora