Capítulo 15

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LIZA

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LIZA

Deus que não cabe em lugar nenhum

Me senti uma intrusa ao entrar naquele lugar. Mesmo tendo Anna ao meu lado, ainda era como se eu não me encaixasse. Como se... não me coubesse. Isso até que a dona Rebeca veio com o maior sorriso do mundo falar comigo.

— Bem-vinda, minha querida! — beijou-me as duas bochechas. Eu pensei que ela havia esquecido meu nome, até que ouvi sua próxima frase — A irmã Elizabeth é a presença ilustre no nosso chá de hoje! — anunciou-me para todas. Fiquei desconfortável com os olhares das outras mulheres, apesar de todas parecerem sorrir com sinceridade.

Limpei a garganta para apresentar Anna e tirar um pouco a atenção da minha pessoa. No entanto, a mãe de Nicholas completou:

— Essa já é de casa há muito tempo — ela abraçou a minha ajudante e eu fiquei surpresa. Então a danadinha da Anna já sabia onde estava me levando?

A igreja ficava em um salão bem ventilado, com cerâmica clara no piso e o que eu supunha era que as mesinhas cheias de fru-fru haviam sido arrumadas apenas para aquele momento especificamente. Os instrumentos musicais, microfones e caixas de som ficavam lá na frente. Não deixei de notar o piano lá no canto.

Então aquela era a sensação de estar em uma igreja?

Achei um pouco decepcionante, já que meu coração não palpitou. Não parecia ser tudo aquilo que Amanda ou qualquer outra pessoa que frequentava me contou...

— Bom, vamos iniciar com uma oração e depois cantamos um louvor, minhas queridas. — Uma outra senhora começou. Nesse momento, todas, inclusive Anna, puseram um tecido para cobrir a cabeça. Tentei evitar a careta de estranheza, mas não sei se consegui. Mais um questionamento que eu não deixaria passar.

Depois da oração e dos louvores em conjunto, a irmã Rebeca voltou a ter a palavra.

— Minhas flores, o nosso tema de hoje é muito especial. Surgiu em uma conversa minha com a minha filha Natalie que, infelizmente, não pôde estar presente hoje devido a questões pessoais — o sorriso dela quase sumiu na pausa que deu — mas, louvado seja o Senhor e vamos seguindo. Chamadas para servir, é essa a nossa proposta de reflexão para hoje — apontou para a faixa brilhante que flutuava amarrada por barbantes sobre a mesa. — Antes de tudo, gostaria de lançar uma pergunta às irmãs. Por que servir?

Houveram várias respostas. Fiquei apenas escutando para entender onde ela queria chegar porque era óbvio que aquela foi uma pergunta retórica.

— Gostaria de ler uma passagem bíblica. Abram comigo em Lucas 22:27. — se eu tivesse uma bíblia, poderia ler. Me martirizei mais uma vez. — "Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve." — Rebeca sentou-se, talvez na tentativa de deixar a conversa mais aconchegante. — Por que servir? Porque o filho de Deus, digno de ser tratado com honrarias, serviu ao invés de ser servido. Em todos os seus ensinamentos sobre isso, Jesus mostrou que esse é o nosso papel. Não há honra maior do que ser servo de Deus. Nós, mulheres, somos agraciadas com o matrimônio e a maternidade, que também são formas de serviço que glorificam a Deus. No entanto, mesmo na solteirice, há tanta obra para ser feita... — ela sorriu e me olhou. Pisquei pra disfarçar o incômodo. — Passo a palavra para a irmã Lourdes, agora.

Até que te encontreiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora