O Inesperado

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A morena encarava séria como nunca a cena do outro lado do refeitório.

"Quer dizer que arrisquei vir pro colégio mesmo morrendo de sono pra isso!?" - pensava.

Selena não sabia bem o que pensar em relação à isso, mas não era nada muito agradável. Aquele tonto... talvez não tivesse mesmo mais salvação. Ela olhou direto nos olhos da amiga morena simbolizando sua insatisfação.

— Quer que eu vá lá? — Marinette fez que não com a cabeça e suspirou. Selena repetiu o ato. — Tudo bem, mas acho que não quero ficar aqui vendo isso.

Se levantou e caminhou tranquilamente até a entrada do prédio. Talvez ficasse lá em sua sala e cochilasse o tempo que ainda tinha, mas a entrada, porém, era caminho para onde Adrien e Lilá batiam o maior papo.

Passando pelo lado dos dois, seu olhar e o da garota de longos cabelos se cruzaram. Adrien pareceu ter percebido e se virou para cumprimentar a amiga.

— Ah, oi, Lena.

— Lena é a sua vó — rosnou ela entredentes, fazendo o rapaz recuar na hora. — Patético. Agora vejo pra que eu lutei tanto — cuspiu as palavras.

— Ora... que rude — a voz fina de Lilá ecoou na conversa, chamando a atenção da outra. Seu olhar era de deboche. — Se quiser eu vou embora e deixo vocês conversarem sozinhos, que tal?

Selena cruzou os braços e se manteve em sua posição de superioridade de sempre. Ela sorriu de canto.

— Não fique chateada, fofa — falou as palavras em tom enjoado, fazendo o rosto da outra se contorcer um pouco. — Eu só estava passando e ele me cumprimentou, isso. Ou será que está tão insegura a ponto de fingir que está mesmo tudo bem em me deixar conversando com ele à sós?

— Ora, sua... — o rosto da de cabelos longos se transformou em meio a raiva e ela se segurava para não avançar na garota a sua frente. Adrien pareceu ter notado a situação e tentou fazer algo para que aquilo não partisse para algo pior.

— Ahn... garotas? Que tal tomarmos algo pra aliviar esse estresse?

— Não pretendo ficar mais um milésimo de segundo perto de você, Agreste — Selena olhou bem em seus olhos com fúria, que se transformou em mágoa em segundos. — Achei que você era capaz, Adrien, achei mesmo.

Logo depois, ela se retirou dali sem dizer mais uma palavra, ouvindo o bufar de Lilá. Selena já havia estourado sua cota de paciência com o rapaz tentando fazer o mínimo de juízo penetrar naquela cabeça de melão, mas não pareceu dar frutos.

Andando pelos corredores, a garota se deparou novamente com o professor Jonathan. Ele que saía do banheiro e parou o que estava fazendo quando pôs os olhos em Selena. Rodou seu olhar pela calça jeans cinza justa que ela resolvera usar, juntamente com sua alva camisa sem manga apertada no busto e solta no resto, o que acentuava ainda mais seus seios. A garota só notou quando este começou a se aproximar de si rapidamente, a prensando contra a parede do corredor. Selena mais uma vez o encarava com uma expressão incrédula, mas não conseguia se mexer. Estava estática, em choque. A verdade, é que Selena estava com medo que o que aconteceu à treze anos se repetisse, dessa vez no banheiro dos professores.

— O QUE DIABOS!?

A garota de trança olhou para o lado e viu ninguém mais do que a Chloe, de braços dados com o Damian — esse que havia gritado. — A loira encarava Selena com um pouco de raiva, mas a expressão que fazia para o professor era bem mais de repulsa. Damian trincava os dentes de raiva ao ver o homem, agora apavorado.

— Mas que gritaria é essa aqui!?

Do lado oposto, um garoto ruivo acompanhado de uma mulher de cerca de vinte anos vinham em direção a eles. A mulher trazia uma expressão de reprovação ao ato de Damian com seu grito de raiva. Por ser mais conhecida como Magda, a inspetora disciplinar do prédio de Direito.
Quando esta pôs os olhos no professor que os encarava de forma suspeita, ela se dirigiu a Selena.

— O que houve aqui?

Selena estava atordoada e zonza com tamanha atenção que recebia no momento.

Ela estava sendo ajudada.
Seu coração falhou uma batida.

Uma pequena lágrima se formou em seu olho, fazendo-a soluçar.
Damian soltou-se do braço da Chloe e correu para abraçar a garota de trança que desabou em choro nos seus braços e balbuciava coisas sem sentido.
Magda levou seu olhar furioso ao professor Jonathan e suspirou.

— Nath, vá na frente. Eu já chego lá — ordenou a mulher para o ruivo que lhe obedeceu na hora, e foi sem olhar pra trás. Magda então agarrou bruscamente o colarinho do homem, o encarando com um olhar de puro ódio. — Você vai ter o que merece, seu maldito pervertido asqueroso!

O homem não conseguiu dizer nem apenas uma palavra, apenas sendo levado pela forte mulher até algum lugar.

Chloe manteve seu olhar no chão, até quando viu que seu primo realmente ficaria ali até que a outra se acalmasse e parasse de chorar. Ela apenas se aproximou e depositou a mão no ombro do rapaz, sussurrando:

Seja forte. Você consegue, eu sei.

Ela se retirou dali, sumindo da vista de ambos.

Continua?

My Wi-FuWhere stories live. Discover now