O Novato

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    Chegando na frente da casa do Mestre, Selena se pôs a descer vagarosamente até a porta fronteira. Lá, parado, estava um garoto encarando a porta. Ele parecia estar respirando fundo, como se estivesse criando coragem.

— Olá? — Selena disse pousando atrás de si. Ele se assustou e se encostou na porta da entrada, parecendo apavorado, soltando um gritinho agudo. Selena ficou o encarando com um sorriso divertido. — Ei, você tá bem?

— Que-Quem é você? — gaguejou com a careta.

Petit fingiu tossir e soltou um riso orgulhoso.

— Alguns me chamam de linda, outros de Abelha Divina... Mas minha verdadeira chamo Petit — ela ergueu a mão para ele segurar. — Muito prazer em conhecê-lo, cidadão inocente...

— Ah, é só mais uma usuária dos Miraculous... Eu achei que fosse uma espécie de doida varrida que gosta de se fantasiar no meio da rua — ele suspirou aliviado.

Logo entrou na casa.

Petit ficou lá, com sua postura estagnada, junto ao seu sorriso que congelou no rosto, mas agora estava assustador.

Esse... — ela rosnou furiosa fechando o punho com força.
Selena respirou fundo e começou a contar até vinte em sua cabeça, adentrando o local logo depois.

*

— Ora! Vejo que finalmente chegou — Mestre Fu se aproximou, saudando a garota. — Venha, sente-se.

Selena obedeceu e sentou-se ajoelhada ao lado do rapaz que vira mais cedo, parado em frente à porta. Ele nem sequer virou o rosto.

A presilha da garota bipou e sua transformação se desfez rapidamente, revelando suas roupas normais e um pequeno kwami que pulou de si, caindo em seu colo. Era Beel, o Kwami responsável pelo Miraculous da abelha.

— Você está bem? — Selena sorriu. — Se quiser eu trago um pouco de mel pra você...

— Está brincando? Eu estou... ótima — respondeu ela com uma falsa confiança. Tossiu fraco.

— Comidas dos kwamis tem na geladeira aos fundos, Selena, pode pegar — informou o ancião, apontando para uma porta oposta a si. A morena fez que sim e foi até lá, levando a kwami.

O velho desviou o olhar da garota que sumiu sala adentro para o rapaz que parecia bem nervoso. Ele pressionava o maxilar com força, e seus olhos pareciam fixos num ponto no chão. O mestre pigarreou.

— Jovem — chamou. O garoto mandou o olhar do chão imediatamente para si. — Como você se chama mesmo?

— Doug... — ele respirou fundo. — Doug Franklin.

Wayzz, o kwami verde, voou em frente ao seu rosto, ficando em sua frente o encarando. Ele ergueu a patinha.

— Olá, me chamo Wayzz... o kwami da... tartaruga... Vamos trabalhar juntos a partir de agora... — estranhamente, o pequeno kwami também parecia tremer. Estava tão nervoso quanto o rapaz.

   Doug era americano, tinha dezessete anos e convenceu seus pais de que viajar para a França seria uma boa ideia. Até ele salvar alguém de um acidente de caminhão, sua vida estava correndo completamente bem, até essa pessoa salva, um velho baixinho de camisa vermelha e de bengala, lhe sorriu e o chamou para dentro de um restaurante chinês. Lá, ele lhe contou tudo que tinha que saber sobre os Miraculous e sobre ele ser mais que digno para tal.

— Mas eu não fiz nada demais! — argumentou ele, nervoso.

— Se jogar na frente de um caminhão para salvar outra pessoa que nem conhece... isso é um tanto digno até demais, não acha? — o mestre apoiou as mãos em seu queixo, sorrindo de modo sábio. — Se aquele motorista não tivesse nos percebido ali naquele momento, você seria atropelado ao invés de mim e, isso não estava em meus planos. — ele ficou sério. — realmente lhe devo minha vida. Obrigado.

Agora o rapaz estava ali, na casa daquele mesmo velho que salvou, com um bichinho verde super estranho flutuando a sua frente.

— Relaxem — pediu o mestre. — Caro Doug, você será um usuário dos Miraculous, assim como a Ladybug, o Chat Noir e a Petit, como já lhe expliquei antes. Saiba que é uma grande responsabilidade, e que você não deve perder o Wayzz ou sua pulseira de modo algum, entendeu? — o rapaz fez que sim rapidamente. O ancião sorriu. — Ótimo. Agora, deixe-me explicar uma última coisa. Petit será sua mestre secundária; ela lhe ensinará tudo que precisará saber sobre como usar os seus poderes da tartaruga. Sua defesa será implacável e, seus movimentos serão ágeis, apesar do que você pensa. — Doug riu envergonhado, percebendo que o Mestre notou seu pensamento. — Enfim, Selena lhe explicará o resto.

— ...Selena? — o rapaz indagou confuso. Quem era essa?

— Mestre! a Beel esvaziou um pouquinho o seu estoque de um ano de mel e...! — Selena voltou para a sala rindo, mas logo ficou estática quando percebeu que todos os olhares estava nela. Começou a ficar vermelha e deu alguns passos pra trás. — O-O que estão olhando!?

O rapaz fez uma careta e desviou o olhar. Selena novamente fechou os punhos e respirou fundo, contando até cinquenta.
Oh, mas como ele dava nos nervos...

— Selena, minha cara, este rapaz será seu discípulo — o ancião lhe chamou a atenção. Ela abriu os olhos rápido. — Cuide bem dele, e faça o que precisar.

Selena levou seu olhar ao rapaz e lhe mandou um sorriso psicótico vitorioso. Ela ficou corada e lambeu os beiços.

— Amo um bom desafio... Isso vai ser divertido~

Continua?

My Wi-FuWhere stories live. Discover now