Capítulo 08 - Mesmo que haja interferências?

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Também passei a repensar minhas atitudes com o Thiago. Pensei que não era algo ruim afinal ele sentir ciúmes, pedir para vistoriar o meu celular, ser desconfiado. Não era apenas desconfiança, talvez ele gostasse mesmo de mim ao ponto de ter medo de me perder.

E, enquanto a Laura soluçava nos meus braços, eu mandei um Whats para o Thiago. "Limpe seu celular, meu bem, porque amanhã será dia de vistoria. Vou fuçar todos seus contatos, suas conversas, quero saber detalhe por detalhe de cada um deles". Ele respondeu me enviando uma carinha sorridente e um "vai dormir, Caio".

Bem que eu queria, mas a Laura não iria dormir e pelo jeito eu também não. Percebi por fim que nós dois chegaríamos acabados no serviço no dia seguinte.

...

A Laurinha ficou deprimida por mais de uma semana, depois que o namoro acabou ela entrou em uma "vibe" desesperada de encontrar um substituto o mais rápido possível para o Maurício. Algo que eu achava perigoso. Encontrar alguém no calor do momento poderia acabar aumentando as feridas. Mas ela não me deu ouvidos, baixou tudo quanto foi aplicativo de encontros no celular, e passou a maior parte do tempo tentando encontrar alguém legal para marcar um encontro.

Vê-la fazendo aquilo, me fez recordar de algo, não era ela a princípio quem vivia me criticando por tentar marcar encontros por meio virtual?

Enfim. Eu entendia o desespero dela, havia passado por uma fase parecida. Não tão desesperadora. Eu estava sozinho há muito tempo, por isso o meu desespero era mais com a intenção de ter alguém especial como companhia e não uma ânsia desmedida de substituir a ausência de outro.

De qualquer forma, eu queria fazer pela Laura mais do que estava ao meu alcance, mas eu não sabia o que fazer. Talvez, não tivesse mesmo o que ser feito, além de dar a ela a atenção que precisava. Ademais, eu tinha que cuidar do meu próprio relacionamento, ou ele iria pelos ares também.

...

Estávamos na primeira semana de novembro, era o último mês efetivamente letivo, pois os professores costumavam fazer as provas e trabalhos dentro daquele mês, para dezembro terem folga para revisão, lançamento de notas e trabalhar com aqueles que ficariam para o exame de recuperação. Mas naquele dia, a professora Cida, de português, havia nos dado um dia de aula-livre. Ela pediu para que fizéssemos uma redação tendo como base as manifestações daquele ano e as influências que elas teriam na eleição do ano seguinte. A única exigência feita por ela foi que a redação fosse manuscrita e entregue na próxima aula.

Por isso que os dois primeiros tempos com a Cida estariam livres. Thiago e eu aproveitamos para passarmos em casa e tomarmos banho antes de ir para faculdade. Eu pedi para ele me apanhar no serviço, depois que a Laura havia dito que não iria para aula, assim que ela confirmou comigo que o Thiago ia mesmo me pegar, ela bateu o ponto as dezoito cravado, entrou no seu uninho e desapareceu. Mas eu estava preocupado, tinha a impressão que ela estava prestes a aprontar uma.

Agora estávamos na biblioteca e enquanto o Thiago se empenhava na redação, eu aproveitei para dar início a missão: "Vistoria no celular do Thiago!" bem como havia prometido.

— Luíza?

— Vai fiscalizar as mulheres também? — ele perguntou sem se dar ao trabalho de erguer os olhos para visualizar a melhor cara de desconfiança que eu fazia.

— Vai que "Luiza" é na verdade Luiz, não é? Ou, pior. Vai que você de repente decidiu experimentar da fruta. Afinal, como você pode ter tanta certeza que não gosta de mulheres se nunca ficou com uma?

A caneta dele parou sobre o caderno por um segundo, mas foi um mero segundo, logo ele balançou a cabeça e voltou a escrever.

— Você já? — ele reverteu a pergunta.

Entre Sem BaterOnde as histórias ganham vida. Descobre agora