Capítulo 07 - Mesmo que haja desconfiança?

Start from the beginning
                                    

Eu congelei, e antes que eu pudesse repreender o Cassiano pela idiotice que fez, o Thiago havia se colocado de pé e ido na direção dele com os punhos fechados.

Eu tive que bloqueá-lo, ao me colocar entre eles, tentando parar o Thiago que começou a gritar, apontando ameaçadoramente para o Cassiano.

— Olha aqui, argentino filho da puta, vou ensinar você a respeitar as coisas dos outros!

— Olha aí digo, yo! O trolo tem sangue correndo nas veias! — e forçou uma gargalhada. — Deixa ele vir, Caiozito. Deixa ele vir.

— Para, Cassiano — eu pedi, bastante nervoso. — Thiago, por favor. Ele está te zoando.

— Brincadeira tem hora, Caio.

— Não sabe brincar, Thiaguito?

— Cassio, por favor, para. Vá embora. Você passou dos limites.

— Dale (5)! Tú manda — ele ergueu as mãos em sinal de rendição e saiu gargalhando em direção a porta.

— Isso! Volta para Argentina de onde não deveria ter saído — Thiago gritou e o Cassiano mostrou o dedo do meio para ele e depois saiu batendo a porta.

— Thi! — eu o repreendi.

— "Thi"? "Thi" o quê, Caio? O cara meteu a mão na sua bunda.

— Eu falei que não tem motivos para você ter ciúmes do Cassiano, não falei? Somos amigos desde os sete anos. Eu te contei que foi graças a mãe dele que tive um teto para morar aqui em Campo Grande. Ele sempre foi desse jeito provocador. Se você responder as provocações dele, aí que ele vai te provocar mesmo.

— Coisa de argentino vagabundo isso.

— Olha aí. Outra coisa que eu não gosto e certamente ele não gosta também é esse seu preconceito besta. Meu amigo tem nome, Thiago. "Cássio Fabiano". Você gostaria de chegar na Argentina e ficar ouvindo as pessoas te chamarem de "brasileiro" para cá e para lá a todo momento? Ou ouvir os argentinos gritando: "Volta para o Brasil, seu brasileiro!"?

— Como se eles não falassem assim com os brasileiros.

— Você já esteve lá por acaso?

— Tá, Caio. Eu estou errado nessa parte. Mas não justifica ele meter a mão na sua bunda.

— Foi um tapa. O Cassiano passou dos limites, eu sei. Eu vou repreendê-lo depois, mas, por favor, esquece isso. Não é motivo para ficar tão bravo. Não vamos estragar nosso fim de semana. Você nem falou se o pircing ficou legal.

— Tá sangrando.

— Oh, merda! — tapei o nariz com ambas as mãos e corri para o banheiro.

— Estou vou embora — ouvi o Thiago anunciar.

— Por quê? — eu apontei na porta do banheiro, com a toalha cobrindo o nariz.

— Tem muito trabalho da facul para fazer, Caio. Vou colocar alguns em dia. Além disso, seu amiguinho me tirou do sério, estou sem paciência. Você inventou de colocar essa merda no nariz logo agora, nem vamos poder ficar juntos. Então, não tem nada mais para fazer aqui. Fui — ele terminou de colocar as coisas na mochila, inclusive o DVD que tirou do aparelho, pendurou a alça da mochila no ombro e saiu sem sequer me dar um beijo.

Meus ombros pesaram.

— Oh, droga! — praguejei e, no momento de raiva, chutei o pé da cama, e a ponta do dedão bateu bem na quina de madeira, provocando uma dor extrema. — Ah! Hoje não é meu dia!

Entre Sem BaterWhere stories live. Discover now