Capítulo 55

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– Eles estão demorando muito. – Daniel comentou, andando em círculos e deixando Kate nervosa.

– Está tudo bem. Tenho certeza disso. Haveria movimento se notassem algo estranho acontecendo.

– Veja! – Ele apontou o dedo, rindo e pulando feito uma criança ao ver o perfil de Peggy descendo o muro com a ajuda de James. Ela usava uma camisola branca do internato e os longos cabelos loiros e lisos voavam por causa do vento forte que soprava.

Sem conter a emoção, Daniel correu até ela, fazendo com que ambos caíssem no chão.

Aliviada por tudo ter dado certo, Kate viu James dirigir-se a ela com um sorriso.

– Não acredito que você está aqui! – Peggy abraçou Daniel com toda sua força e o encheu de beijos.

– Achou que eu desistiria? Eu te amo, Peggy! – disse, com toda sinceridade que havia no fundo de seu coração.

– Também te amo. Eu sempre soube que você me encontraria.

Os dois começaram a se beijar freneticamente. Ele a pegou no colo e começou a girar com ela nos braços, enquanto Kate e James assistiam a cena lado a lado, em silêncio e um tanto desconfortáveis por partilharem aquele momento tão íntimo do casal.

Sem desviar o olhar do casal em frente, eles se deram as mãos e continuaram quietos por alguns instantes, até que Kate resolveu se pronunciar. Olhando para ele, indagou com um aperto no coração, pois a resposta era algo que poderia atormentá-la mais tarde.

– E então, o que vem a seguir?

– Que quer dizer? – perguntou, verdadeiramente em dúvida.

– Você já me ajudou, já ajudou Daniel, então o que vem a seguir?

– Está tentando se livrar de mim, Sardenta? – indagou ele, inclinando-se para ficar da altura dos olhos dela.

– Estou apenas sendo realista... – Ela suspirou, sem conseguir esconder sua aflição. – Eu tenho minha fazenda para tocar, agora sem Walter no caminho. E você tem o seu chalé no meio da mata... E você sabe por que a fazenda é tão importante para mim.

– Eu não ousaria impedi-la de seguir seus sonhos. – respondeu com um suspiro.

– Nem eu a você.

– Creio que é isso, então.

Ele deu um sorriso amarelo, tentando desesperadamente arranjar coragem para confessar-lhe que não podia ficar distante dela nem mais um minuto que fosse, mas concessões ainda eram complicadas para ele.

Ainda apertando a mão dela, ele beijou sua testa, preparando-se para dizer algo, quando Daniel e Peggy se aproximaram, interrompendo o momento.

– Irmão, nunca poderei agradecer o suficiente por isso! – declarou, abraçando James.

– Pare com isso! – James reclamou, enquanto Daniel continuava rindo e o soltava.

– Nossa! Eu nem as apresentei – disse Daniel, dando um leve tapa na cabeça devido ao esquecimento e à falta de decoro.

– Peggy, esta é Kate, futura esposa de James. – Apresentou, sorrindo. Kate engasgou com a saliva e tossiu, ficando claramente constrangida com a denominação.

– Na verdade eu... – ela começou, porém Peggy a interrompeu.

– Prazer em conhecê-la, Kate. Vocês formam um belo casal.

– Obrigado. – James sorriu e enlaçou Kate pela cintura. Pensou que, devido à reação dela, aquilo não era algo possível de acontecer. Mal podia imaginar que ela pensava que ele era quem não queria isso.

– Bem, acho melhor seguirmos viagem – Kate interrompeu o momento. – Para onde vocês querem ir?

– Na verdade, gostaríamos de saber se o amigo não poderia nos abrigar por mais um tempo, até que tenhamos para onde ir? – Daniel perguntou num tom de súplica, olhando para James, que parecia entediado, mas acabou concordando.

Kate e James guiaram durante todo o caminho de volta, fazendo apenas duas paradas para alimentação.

Ela sentia-se esgotada, mas queria chegar em casa o mais rápido possível, pois essa situação causava nós incômodos em sua garganta.

Pensou que ela e James já tivessem passado dessa fase, mas era visto que havia se enganado. Nenhum dos dois ainda tinha coragem de tomar uma decisão definitiva, então permaneciam em negação o quanto podiam, fingindo que tudo estava bem.

Enquanto isso, Peggy e Daniel matavam as saudades um do outro, provavelmente da mesma maneira que Kate e James haviam feito há poucos dias atrás, dentro daquela mesma carruagem.

LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora