Capítulo 14

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A lesada aqui esqueceu de dar o endereço do grupo no face dãaa hahaha

adicionem lá: https://www.facebook.com/groups/vidascruzadas/


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– De onde veio isso? – Bastian perguntou, ao ver mais uma cesta cheia de frutas sobre a mesa de sua cozinha.

– Da floresta. – Ela deu de ombros, sentando-se na cadeira enquanto ele fazia o mesmo.

– Aquelas árvores são muito mais altas... – observou num tom preocupado.

– Eu escalava montanhas quando ia caçar com meu pai, acha que não dou conta de uma árvore? – Kate contou com orgulho.

– Seu pai não era um homem comum – comentou Bastian com visível surpresa.

– O que quer dizer?

– Nunca vi homem nenhum ensinar esse tipo de coisa para uma filha mulher.

– Que tipo de coisa? – perguntou, com interesse.

– Você sabe, cavalgar com uma perna de cada lado, escalar montanhas, caçar animais, subir em árvores, lutar... falando nisso, aquele porco que comemos dia desses...

– Eu que matei – ela respondeu à pergunta que ele ainda nem tinha feito.

– Não se ofenda quando eu digo que você não parece mulher, então.

– Não me ofendo. Talvez por eu ser filha única ele queria que eu soubesse me defender.

– Ainda assim, ele era um homem incomum.

– Ele era. Por isso nunca vou casar. Nunca vou achar alguém como ele.

– Como assim?

– Ninguém nunca vai me aceitar pelo que sou. – Ela suspirou.

– Bem, seus amigos devem gostar de você como você é. – Ele tentou remendar.

– E você acha que é o único solitário? – Riu com tristeza.

– Que quer dizer? – Ele estreitou os olhos de maneira interessada. Kate revirou os olhos como sempre fazia quando queria fugir de algum assunto e ficou com uma expressão séria. Antes de responder pegou a garrafa de vinho e encheu uma taça.

– Eu não tenho amigos.

– Você está brincando! – Pegou a taça dela e bebeu um gole, sem desviar o olhar.

– Eu intimido homens e mulheres por diferentes razões, logo não agrado nenhum dos dois. – Ela pegou a taça de volta, dando mais um gole.

– Você não me intimida – disse ele com sinceridade.

– Só você então. Eu sou a vergonha da minha mãe, creio eu. Mulheres se sentem ameaçadas por mim porque pensam que meu jeito de ser é só para agarrar os noivos e maridos delas, sem contar que me acham louca. Homens se sentem intimidados por mim por eu me igualar a eles. Não preciso de proteção de ninguém e isso os apavora. Logo, eu me acostumei com minha solidão. Por que superar expectativas alheias ao invés das minhas próprias? – Deu de ombros.

– Resumindo, você tenta decepcionar de cara para ficar protegida?

– Você pode colocar dessa maneira. – Balançou a cabeça e esvaziou a taça.

– Você falhou então.

– Por quê?

– Nunca me senti intimidado por você – Bastian declarou com um tom sincero, e pensou que se estivesse de pé, teria titubeado.

– Nem quando quebrei sua espada? – Ela provocou.

– Impressionado. Não intimidado. – Confirmou com um olhar que a faria titubear se não estivesse sentada, e ela resolveu mudar de assunto.

– Por que você me beijou hoje à tarde, se deixou bem claro quando cheguei que eu nem sequer pareço uma mulher?

Bastian limpou a garganta e se inclinou na mesa para olhá-la mais atentamente.

– Boa noite, Sardenta.

Kate sorriu enquanto ele se levantava e se dirigia até as escadas. Enquanto isso ela pegou uma toalha e se preparava para sair quando subitamente ele parou nos degraus e perguntou:

– Aonde você vai?

– Vou tomar banho, oras. Minhas roupas estão imundas. – Sacudiu os ombros como se dissesse o óbvio.

– Você quer ficar doente? A água deve estar congelada!

– E você se importa? – Ela provocou e ele deu um longo suspiro como se fosse falar algo muito difícil.

– Você pode tomar banho aqui dentro, na minha tina – ele falou, e entrou no quarto sem olhá-la novamente. Kate deu um sorriso satisfeito e foi saltitando até a sala de banho.

Largou a toalha lá enquanto esquentava água para encher a tina branca que parecia tão convidativa.

A água quente a assustou a princípio, afinal fazia alguns dias que só tomava banhos frios num rio, o que nem sequer poderia ser considerado um banho de verdade, pois seus pés sempre terminavam embarrados.

Recostou a cabeça sobre a beirada e deslizou para o fundo, molhando os cabelos e erguendo-se de novo. Passou o sabonete pelo corpo enquanto imaginava que cabiam tranquilamente duas pessoas ali dentro.

Kate sentia algo estranho ao pensar que estava tomando banho na tina de Bastian. Ele ficava nu ali dentro, exatamente como ela estava agora. Como seria se estivessem os dois ali ao mesmo tempo?

Suas bochechas ruborizaram e seu corpo estremeceu com o leve pensamento de vê-lo completamente nu.

Somente o que ela conseguia ver através das roupas já a deixava sem fôlego e preferia não tentar colocá-lo em sua mente de outra maneira.

Levando a mão até os lábios, ela fechou os olhos tentando recriar a cena na cachoeira. Ainda podia sentir o gosto dele e diferente do que ela esperava, ele poderia ser amável. Embora tenha a beijado com fúria a princípio, ele suavizou os modos, fazendo com que ela se sentisse protegida pelo toque dele.

Bastian, deitado na cama, lutava contra sua vontade de descer e agarrá-la. Ele queria terminar aquele beijo e tocar naquela pele suave.

Por mais que ela quisesse mostrar-se furiosa e ter muitas vezes o vocabulário de um marinheiro, era doce e delicada.

O que a tornava tão especial é que ela não tinha ideia do efeito que causava, talvez acreditasse mesmo que fosse masculina demais para alguém gostar dela.

Mas ele estava começando a apreciar suas qualidades, ela as tinham escondidas naquela névoa no fundo dos olhos claros.

Por que aquela mulher estava fazendo-o perder o sono afinal?

Ele nunca sentira isso antes por ninguém. Pensou que talvez fosse porque estava sozinho há muito tempo e ela era bonita. Tinha que admitir que ela era linda e essa sensação de perder o chão devia ser somente um desejo incontrolável de tê-la.

Se ele pudesse tê-la ao menos uma vez, quem sabe essa curiosidade passasse, poderia chamar assim?

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LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora