Capítulo 15

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Bastian levantou cedo e nem sequer tomou café, vestiu-se e foi até a floresta a pé. Precisava cortar mais madeira para fazer uma mesa que Michael havia encomendado. Tinha apenas dois dias para terminá-la e gostava de fazer um serviço bem feito e demorado.

Kate levantou-se mais tarde e resolver beber uma boa caneca de café bem quente para acordar bem. Vestiu as roupas que Bastian havia trazido e pensou que poderia ajustá-las melhor ao seu corpo, já que havia visto em algum lugar algumas agulhas. Apesar de sua relutância, sua mãe a convenceu a aprender a costurar quando tinha dezoito anos e talvez ela não tivesse perdido o jeito.

Já que estava sozinha enrolou-se numa toalha enquanto abria a costura da calça para ajustá-la as suas pernas. Fazendo o mesmo com a camisa, ela finalmente se vestiu e subiu as escadas para olhar-se no espelho que havia no quarto dele.

Agora podia sentir-se mais feminina, as calças estavam ajustadas perfeitamente às suas pernas e a camisa agora deixava que o volume de seus seios transparecesse.

Pela primeira vez na vida ela sentia vontade de parecer bonita, nunca se incomodou quando diziam que ela parecia um moleque, mas a opinião de Bastian a importava.

Não sabia explicar porque, mas queria que ele a achasse atraente.

Então pensou aonde ele teria ido sem o cavalo. Não podia estar longe. O sol estava alto e seria fácil encontrá-lo, já que a névoa branca que cobria a floresta durante a noite desaparecia à luz do dia.

Colocou as calças por dentro das botas e tentou pentear os cabelos com os dedos, enquanto andava pela mata, apertando os olhos devido à claridade intensa.

– Perdida, moça? – Ouvindo uma voz atrás de si, virou-se com agilidade.

– Sardenta? – Bastian perguntou, com um misto de surpresa e satisfação ao vê-la. Pela primeira vez estava vendo-a com roupas que pareciam ter sido feitas para o corpo dela. Seu olhar percorreu-a por inteiro, desde os cabelos soltos com os cachos rebeldes, passando pelos seios e descendo até os pés. Por mais que já a tivesse visto nua, isso era diferente. Ela estava a pouco mais que um metro de distância dele e seu coração acelerou quando percebeu que a moça era a mesma que tinha estado em sua casa na última semana.

Kate o olhou com a mesma atenção, sentindo cada músculo de seu corpo se contrair de nervosismo e excitação. Ele estava suado e queimado do sol já que tinha deixado sua camisa jogada perto de uma árvore. Os cabelos compridos caíam naquela tez que ela considerava a mais interessante que já tinha visto. Pensando melhor, ele era muito mais que interessante. Diferente dos homens que já havia visto sem camisa, seu peito era liso e quase não tinha pelos, apenas uma fina penugem, dourada como seus cabelos. Pingos de suor escorriam por sua barriga, levando o olhar dela para uma área mais baixa.

– Por que está me olhando assim? – ela perguntou, fingindo que não estava nem um pouco afetada pela presença dele.

– Apenas não a reconheci sem suas vestimentas prediletas. Onde conseguiu essas roupas?

– São as minhas roupas. – Sorriu com orgulho. – Eu fiz alguns ajustes.

"E que ajustes..." Ele completou em pensamento.

– O que está fazendo aqui? – Perguntou, batendo o machado com força em mais um toco de árvore e Kate se afastou com rapidez.

– Estou cansada de ficar trancada naquela casa, então resolvi dar uma volta.

Disse, encostando-se a uma árvore, tirando o chapéu e fazendo-o girar num dos dedos.

– Mentirosa – ele afirmou sorrindo, sem parar o que estava fazendo.

LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora