Capítulo 49

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Um breve período de tempo, que pareceu uma eternidade, se passou quando finalmente James direcionou seu olhar para Kate, que o retribuiu.

Os olhos dele desceram pela garganta dela, que tinha uma pequena listra vermelha de sangue seco, assim como pelos lábios trêmulos e inchados.

Seus dedos alcançaram o rosto dela e ele apertou os lábios, como se a culpa o invadisse mais que todos os outros sentimentos daquela hora. Ela fechou os olhos e precipitou-se para frente quase inconscientemente, mas ele não só fez o mesmo, como a puxou em seus braços com força, agarrando-a possessivamente pela cintura. Direcionou as mãos para o meio das costas dela, envolvendo-a completamente e depositando um beijo delicado no topo de sua cabeça.

Abraçou-a tão forte que ela mal podia respirar, mas tudo que queria era sentir que ele estava bem. Era evidente que não estava, e se bem o conhecia, ele ficaria distante por ter feito o que fez.

No entanto não havia tempo agora para chorar ou culpar-se pelos atos feitos. Precisavam fugir.

Temendo que a qualquer momento aquela afeição se despedaçasse, ela continuou em silencio até que ele se afastou um pouco e disse:

– Me perdoe por isso, Sardenta. Não consegui me controlar. – Acariciou novamente o rosto dela e deu-lhe um beijo cavalheiresco na mão, saindo do quarto.

John, que finalmente desistiu de fingir que estava desmaiado, para evitar apanhar novamente, aproximou-se de Kate assim que parou de ouvir os passos pesados de James pela escada.

– Katherine! Ainda vamos nos casar, não pense que escapou – falou, puxando-a pelo braço.

– Me solte, seu imbecil! – ela gritou, pisando no pé dele com toda sua força. Mas mesmo assim ele lutou contra a dor e não a soltou, dizendo:

– Você quer ser a prostituta daquele assassino? – John tinha um riso de desprezo nos lábios, o que fez Kate sentir ainda mais repugnância por ele. Com a voz ainda um pouco falhada e a respiração ofegante, ela aproximou-se. Fitando a boca dele sensualmente, fazendo-o titubear, disse:

– Antes prostituta dele, à sua esposa.

Aproveitando o lapso dele, soltou-se rapidamente, roubando-lhe a arma pendurada na cinta e voando pelas escadas à procura de James.

– O que diabos aconteceu lá em cima? – Daniel perguntou, assustado ao ver o estado de Kate. Ele esperava à distância, mas quando viu Walter caindo do segundo andar, resolveu se aproximar e entrar na casa. Os olhos de Kate se voltaram rapidamente para a porta do armário aberto, ignorando a presença de Daniel. Obviamente sua mãe havia sido libertada. No entanto não era isso que lhe importava agora.

– Mais tarde, Daniel.

Correu para fora. Walter ainda estava vivo e rindo de James, que o chutava e o fazia rolar pela grama.

– James! – gritou ela, apontando a arma para o homem no chão que mal estava vivo e mesmo assim não parava de rir.

– Isso é algo que eu preciso fazer – continou.

– Sardenta... – Ele a encarou e, em seguida, passou os olhos por Walter, que ofegava, mas não se entregava. Kate continuou se aproximando deles e apontou a arma diretamente no peito do homem esticado no chão. Os olhos de ambos se cruzaram e ela engatilhou a arma, James sabia que era inútil, mesmo assim tentou:

– Não vale a pena – ele ainda tentou, pousando a mão no braço dela, porém Kate não parecia disposta a ceder.

– Katherine!

LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora