Capítulo 45

1.2K 138 10
                                    


James passou a noite angustiado, não conseguia comer, nem fazer nada, além de pensar em Kate. Não poderia simplesmente chegar lá para salvá-la sem que tivesse a certeza de que ela compreendia o que estava acontecendo.

Então sentou em outro sofá para movimentar-se um pouco, em seguida foi até a varanda e depois subiu as escadas. Daniel, já tonto só de observá-lo, exclamou:

– Por que não vai vê-la hoje, se está tão ansioso?

– Ansioso, eu? De onde tirou isso? – perguntou exasperado.

– Vai de uma vez... – Daniel disse, enquanto escrevia uma carta.

– Carta para quem? – James indagou, tentando desviar-se da conversa.

– Vá.

– Está bem!

Um tanto irritado, saiu batendo a porta atrás de si. Foi até o pequeno estábulo e parou por um momento, se dando conta de como uma coisa tão pequena quanto a falta do cavalo dela ali, tornava seu cotidiano mais vazio.

Subindo na montaria, ele tentou concentrar-se, pois a mata era fechada e a noite estava muito escura. Quase não conseguia distinguir nada à sua frente, por isso cavalgou devagar. Sabia que tardaria a chegar na fazenda. Provavelmente ela já estaria dormindo, mas mesmo que pudesse vê-la por apenas uma fração de segundo, já lhe bastaria para sentir-se mais tranquilo.

Não sabia quanto tempo havia levado para chegar até lá, mas sua visão começava a embaçar, calculava que já havia de ser madrugada. Por sorte, ele estava certo e não havia muitos guardas.

Na verdade, havia Ibrahim e outro apenas, facilitando seu serviço.

Com um olhar de cumplicidade que os dois compartilharam, Ibrahim distraiu o homem, enquanto James pulava o muro da propriedade e corria até a casa.

Havia uma árvore trepadeira que terminava justamente na janela de Kate. Sabia que não era muito seguro se pendurar ali, mas era tudo que podia tentar fazer.

Kate, com toda certeza, valia o risco, então sem pensar duas vezes, agarrou com firmeza nos galhos e começou a subir.

Ainda havia pequenos detalhamentos na madeira da casa no qual ele podia se apoiar, tornando assim sua subida mais rápida.

Alcançando a varanda, ele tentou não fazer barulho, embora a grade de ferro tenha balançado um pouco e feito um som estridente com o peso dele. Por que diabos ela dormia com a porta aberta?

O vento levitava a fina cortina. Ele então a atravessou e ficou observando-a, deleitado pela presença dela por alguns instantes.

Sabendo que ela sentiria que havia alguém ali e tomaria alguma medida drástica que chamaria a atenção da casa, ele postou-se na cama dela agilmente, como um felino, cobrindo-lhe a boca e fazendo com que ela arregalasse os olhos, espantada.

– James? – murmurou, o som abafado pela mão dele.

– Eu solto você, mas promete que não vai fazer escândalo e vai me ouvir? – ele sussurrou no ouvido dela. Ela fez um sinal afirmativo com a cabeça e ele a soltou.

Logo em seguida ela tratou de dar-lhe uma joelhada entre as pernas, fazendo com que ele tivesse dificuldade para suprimir um grito.

– Você é louca? – balbuciou, após alguns segundos.

– Ah, me desculpe! Como queria que eu o recebesse? Com beijos? – perguntou, com um tom visivelmente irônico.

– Bem... – Ele abriu um sorriso devasso, aprofundando as covinhas, mas Kate não sorriu, fazendo com que ele mudasse de tática. – Kate, eu...

LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora