Capítulo 28

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– E então.... É um longo caminho, suponho? – Daniel disse, depois de vários minutos em silêncio, ouvindo apenas o galope do cavalo e os movimentos das folhas das árvores.

– Umas duas horas – Bastian disse friamente, sem olhar para ele.

– Conte-me sobre a garota, então... – ele sugeriu, e Bastian lhe deu um olhar frio como se ele estivesse sendo atrevido ao mencionar Kate.

– Não sei se notou, mas sou um homem de poucas palavras – respondeu por fim, num tom de provocação. Daniel deu uma gargalhada e disse:

– Não estou interessado nela. Eu já tenho minha garota.

Ele colocou a mão num bolso interno do casaco e tirou um medalhão de ouro de dentro dela. Segurando na ponta dos dedos, ele mostrou a Bastian.

– Peggy? – Bastian pronunciou, fazendo uma careta.

– É. Ela está em algum convento em Londres e vou achá-la. – O tom dele era firme e confiante.

– Não entendo porque tanto esforço – Bastian disse com rapidez, incitando o cavalo a correr mais. Assuntos amorosos o deixavam nervoso.

– Porque eu a amo. – Ele usou uma entonação clara e simples. Bastian resmungou pensando um pouco.

– Ah, o amor.... Aquela coisa que transforma homens em simples tolos. Isso não passa de ilusão – disse com sarcasmo.

– Você está errado. O amor é o sentimento mais puro que as pessoas podem sentir uma pela outra, meu caro.

– Pois fique sabendo que minha mãe ter se enforcado porque sentia a falta do meu pai não tem nada de puro.

Seus lábios sorriam com amargura e em seus olhos era possível ver o rancor que ficara acumulado e adormecido durante todos aqueles anos em que se obrigou a não sentir nada, o que quer que fosse.

– Como? – Daniel perguntou num tom pasmo e curioso.

– É... Minha tia era doida, chamou de "morte de amor", mas eu vi o corpo dela, sem vida, pendurado na viga de madeira da casa. Minha tia apenas achou que não vi. Ainda acredita que o amor é puro?

– Sua mãe se perdeu.... Não quer dizer que acontecerá o mesmo com você. Kate está bem viva – ele comentou.

– Quem disse que esse assunto tem a ver com ela? – Bastian perguntou intrigado, franzindo a sobrancelha.

– O assunto é o amor. Logo tem tudo a ver com ela. – Devolveu, olhando profundamente nos olhos de Bastian, e esse disfarçou.

– Não entendo aonde você quer chegar.

– Você a ama! – exclamou com um sorriso nos lábios.

– Amor não existe, não creio em ilusões como essa.

– E do que você chama seu sentimento por ela, então? – Ele pôs a mão no queixo pensativamente e então completou: – Ela não me parece uma meretriz. E está bem claro que dorme com você, logo...

– Não se atreva a ofendê-la. – Bastian rangeu os dentes, assustando-se com sua própria fúria.

– Vê o que estou dizendo? – Daniel riu de novo.

– Isso se chama atração. Só isso. Eu simplesmente preciso tê-la, entendeu?

– Você está dizendo então que desde que a tenha na sua cama, não tem maiores preocupações com ela? – Daniel provocou novamente.

LIVRO - Vidas Cruzadas - K. Corsiolli (versão não revisada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora