3.1

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Milena acordou com um turbilhão de barulhos, sirene a tocar, vozes de homens a gritarem, palmas e gritos de euforia.

Ainda grogue ela foi na direção do barulho e não é que nem foi surpreendida, os novos recrutas ao inferno estavam a lutar.

Rehx estava sentado no seu falso trono rodeado de seus grupos de bandidos todos felizes, batiam palmas com a dor e sofrimento dos outros.

Um dos homens que estava ao lado dele, não era estranho por isso ficou encarando-o e nem percebeu que a miúda que estava prestes a ser morta encarava-a.

Ela não podia fazer nada por ninguém lá dentro, estava empatada, não sabia onde estavam localizados, depois de tanto tempo só lhe davam espaço para sair de vez em quando ir até os jardins, tinha um rio por lá, enfim, tudo era cercado e circulado com paredes altos, arames eléctricos, plantas espinhosas e muitos cães assassinos treinados para vigiar.

Todos os dias dizia que enquanto não soubesse como eles saíam dali não faria nada. E para isso tinha que se aproximar do Rehx que significaria fazer as vontades dele.

Ficava encarando-o por horas, pensando numa forma de ficar próxima a ele e ganhar sua confiança.

Milena não sabia o que poderia fazer, mas talvez haja uma outra forma que não seja se expor tanto.

Do seu quarto até o salão onde todos se reuniam para comer era mais ou menos uns dez metros de distância, antes de chegar lá tem várias portas, e uma delas nunca tinha entrado lá, mas naquele dia ouviu vozes vindo de lá. Como a curiosidade fala mais alto, ela encostou a orelha para escutar e percebeu que a porta estava entreaberta.

Infelizmente naquele lugar sempre se é surpreendido com coisas cada uma mais bizarra que a outra, talvez ninguém jamais seria capaz de se acostumar, deu-lhe a vontade de ir até lá e matar o desgraçado. Ele segura firma os braços de uma miúda e a violentava, era somente uma criança, sim porque ela não parecia ter mais do que dezoito anos, ela já estava fraca e não podia se defender, seu corpo estava imóvel.

Milena sentia raiva, ódio, e então não ficou parada, chutou a porta, e saltou logo para cima dele já dando socos, chutes e arranhões, surpreso ele caiu no chão, e começou esbravejar alguns palavrões que nem ele mesmo entendia.

Ela cuspiu nele enquanto gritava chamando-o de porco desgraçado e covarde.

Ele levantou e fechou o zíper da calça e chutou-a com toda a força que a fez sentir uma forte dor de estômago e a perder consciência.

Segundos depois acordou com o rosto de Rehx a lhe encarar raivoso, e o corpo da menina largada no chão.

Rastejou no chão onde ela estava colocou a mão no seu pescoço e sentiu que ela não respirava mais, não sabia porquê mas sentiu um alívio, era melhor ela morta do que viva naquele inferno, mas mesmo assim chorou, deixou seu corpo cair no chão ao lado dela, pediu que ele a deixasse enterrá-la, com um sorriso sarcástico ele respondeu: Aqui nada é desperdiçado, vivo ou morto.

_ Nós cuidamos do nosso meio ambiente reciclamos tudo, agora levam esta louca para ala de isolamento, serás castigada e ensinada a nunca mais interferir nos meus assuntos.

Arrastada como se fosse um saco de lixo seguiram a ordem do Rehx, no caminho ousadamente ela levantou o dedo do meio para ele e recebeu o mesmo em troca.


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