- Ter, eu tenho, mas nada melhor do que ver uma menina bonita dormindo. - Morde o lábio inferior e eu desvio os olhos, sentindo os lados do meu rosto esquentarem, enquanto provavelmente estavam ficando vermelhos. - Você deveria ver a sua cara, é adorável. - Ri e eu nego com a cabeça. - O que é isso? Um sorriso?

- Não, não seja idiota. - Viro o rosto pro outro lado, tentando esconder o riso, mas ela coloca seus dedos na ponta do meu queixo, me fazendo virar pra ela novamente.

- Não esconda, é um sorriso bonito demais pra esconder.

- Pare de flertar comigo, me leve pra jantar antes. - Zombo e ela solta uma gargalhada durante alguns segundos, o que me faz rir também.

- Não estou flertando, eu sou hétero, e uma hétero muito bem resolvida, se você quer saber. - Coloca uma mão no peito, orgulhosamente.

- Tudo bem, senhorita "nada melhor do que ver uma menina bonita dormindo." Me diga, quantos homens você pega com essa cantada?

- Não muitos, geralmente afeta a masculinidade deles. - Dá de ombros. - Mas admita que você gostou.

- Eu não gostei, foi só o meu corpo reagindo de forma estranha depois de um trauma, o que é completamente compreensível.

- Finjo que engoli essa, se você aceitar a minha ajuda. - Levanta uma sobrancelha e eu nego com a cabeça.

- Eu posso me virar sozinha.

- Uau, independent woman. - Debocha, levantando aos mãos em rendição. - Eu só quero te fazer companhia, eu juro, não sou uma estupradora nem nada. E você já disse que só tem uma pessoa que se importa com você, certo? Bom, eu imagino que ela tenha um emprego ou qualquer coisa do tipo, não vai poder ficar com você, e sejamos realistas, você não vai ter condição de ficar sozinha. E eu? Eu sou uma completa desocupada, olhe pra mim, eu parei meu carro em uma estrada deserta no meio da noite pra ajudar uma desconhecida, que por acaso manchou todo o meu banco traseiro com sangue.

- Nem precisava dizer, eu percebi o quão desocupada você é nos primeiros 5 minutos de conversa. - Digo e ela faz uma cara ofendida. - Sinceramente? É fofo da sua parte, eu admito, mas...

- Não, nem termine isso. - Revira os olhos. - Vamos fazer assim, você ainda vai passar 4 dias no hospital, me deixe ficar aqui com você esses dias e se você não gostar da minha companhia, eu desisto, ok? ok.

(...)

Eu não havia botado fé naquilo, mas Camila realmente havia feito o que disse. Ela vinha até o hospital e passava todo o dia comigo, puxando assuntos banais como filmes, séries, livros, o que gerava conversa pra uma vida toda, já que eram as 3 únicas coisas que conseguiam me deixar minimamente entretida.

Ela se mostrava uma pessoa divertida e implicante, e até a implicância dela me fazia sorrir. E no final do dia ela ia embora, mas voltava no dia seguinte, tão cedo que quando eu era acordada por algum dos enfermeiros pra tomar os remédios e o primeiro banho do dia ela já estava lá, cochilando na pequena poltrona.

- Seus pais não te ensinaram que é grosseiro observar as pessoas dormindo? - Diz, me tirando dos meus pensamentos. Ela fica alguns segundos com os olhos fechados antes de abri-los completamente, e se endireitar na poltrona pra se espreguiçar em seguida.

- Eu não estava olhando pra você, eu estava olhando nessa direção, é diferente. - Minto. Camila se levanta e vem até mim, se debruçando lentamente sobre o meu corpo e beijando minha bochecha. - Nós já estamos íntimas a esse ponto? - Pergunto, sentindo o local que ela havia beijado arder.

- Pensando bem, provavelmente não. - Coça a parte de trás de sua cabeça. - Desculpe se te incomodou.

- Eu estava esperando uma resposta como "não, mas eu não me importo" ou algo do tipo, e você vem e se desculpa? Que coisa estranha.

A Second Chance (Camren)Where stories live. Discover now