UM BEBÊ?

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Passaram horas desde que eu tinha chegado da escola, nada de Maria aparecer, já tinha ligado mais de mil vezes pra Fabi, que eu não tinha visto o dia todo e nem sinal dela na escola. Tentei ficar confortável sem ter ninguém em casa, mas não deu nem tempo, logo havia alguém tocando a campainhá. E a preguiça de ir atender? Desci calmamente as escadas, escorando nas paredes avistando a porta.

A campainhá não parava de chamar. Ai meu Deus pra que tanta pressa e tanto alarme? Será que era alguma emergência?

Abri a porta de entrada, avistei o portão e não tinha ninguém. Ué? Fui checar mais de perto, e realmente estava tudo calmo. Virei as costas já bufando e la estava alguém a chamar novamente. Estão zombando de mim? Fui em passos pesados atender o portão, pronta para espraguejar quem estava me irritando. Abri o portão, olhei para todos os lados, olhei para baixo e logo fui surpreendida.

Ali, parada em minha frente, uma criança com seus dois anos de idade no maximo, vestindo uma roupa social, se é que isso é possível para um bebê. Os cabelos penteados de lado, liso e ruivos, num tom alaranjado, como o amanhecer.  Bochechas rosadas, cheias de pintinhas rosas, e um enorme anel encaixado em seu dedo anelar da mão esquerda. O garotinho com os olhinhos esbugalhados parecia me observar, será que alguém tinha o deixado em minha porta?

Ou não! Tinham o abandonado ali sozinho.

—Ei você esta bem? — Falei calma, me aproximando da linda criança.

Ele me olhava com um sorrisinho, eu não podia deixar ele sozinho no meu portão, olhei para os lados e a rua estava solitária e sozinha, o peguei no colo e tentei leva-lo portão adentro. Ele se recusou, quis sair do meu colo, pobrezinho.

—Não fica com medo, pode entrar eu não vou te machucar.

Ele pegou minha mão e entrou comigo caminhando perfeitamente, tão fofo e inteligente, assim que entrou me fitou com muita seriedade.

—O que foi neném?

Ele riu.

—Bem. Em primeiro lugar, sinto que devo apresentar-me, meu nome é Murilo, não é neném.

Tomei um susto e cai para trás, o neném era uma criança falante de dois anos.

—Calma senhorita Marquês, não vim te fazer mal algum.

Fiquei atrás da cadeira rezando para que aquela criança não se aproximasse de mim.

—Magnífica donzela, eu me chamo Murilo Álvares Toledo, irmão caçula de Ricardo e Victor.

Só podia ser brincadeira, tudo que era de estranho estava envolvido com o Victor. Um bebe vampiro!

—  Não precisa se assustar, já estou a observando faz tempo, mas como você nunca havia me notado tive que tentar fazer você me chamar para convidar para a sua casa. — Ele franziu as sobrancelhas e bufou — É engraçado, mas Victor e Ricardo nunca me chamam para conhecer suas amizades, e bem, você é humana, eu nunca tinha falado com um humano.

Eu mal conseguia falar, ele ali sorridente, com dentinhos pequenos e iluminados. Observei o seu perfil por completo, ele parecia mesmo com Victor, a mesma cor dos olhos e esse brilho encantador, sorriso era também muito parecido. Incrível! Uma miniatura de Victor, só que ruivo.

—  Você é um vampiro? — Consegui emitir a pergunta como um suspiro.

Ele fez que sim com a cabeça.

—  Mas você é muito pequeno.

—Certamente, mas irei crescer e se me permite, quando crescer serei um rapaz alto e de boa índole, posso lhe oferecer um ótimo futuro ao meu lado.

A Casa da Rua de TrásOnde as histórias ganham vida. Descobre agora