O INICIO

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Há muitos anos, na grande guerra do bem contra o mal, quando Miguel o guerreiro mais forte e destemido que estava representando o bem venceu, ele expulsou o senhor das trevas do paraíso, levaram-se mil anos para que o mestre de todo o mal caísse ate o submundo denominado como Inferno.

Na sua queda, o senhor de todo o mal que sabia e guardava um segredo, o da criação, tentou pela ultima vez derrotar a raça a qual ele tinha tanto ódio, a raça Humana.

Ele depositou toda a sua irá angelical e criou uma espécie. Levou todo o tempo de sua queda para que ele terminasse o seu ultimo apelo, fazer uma espécie que tinha como instinto aniquilar a todos e em especial os meros mortais.

Foi criado então criaturas de aparência horrenda; seus rostos cheios de veias pulsantes e uma deformação no lugar de suas sobrancelhas, caninos afiados e enormes para que eles conseguissem perfurar suas presas. Unhas grandes, escuras e afiadas, cor da pele pálida e amarelada. Uma aparência que de fato assustaria qualquer um, porém, acima de tudo existia uma casca protegendo e escondendo a verdadeira face, só falhando quando estivessem fracos ou prestes a atacar.

A casca era de aparência humana. Sim a perfeição da beleza humana os deixava belos e atraentes assim mais fáceis de trazerem as presas para perto. Tinham uma força sobrenatural, velocidade cem vezes maior do que qualquer outra espécie que viva na Terra, predadores, com sede de sangue e que eram imortais, nunca envelheceriam apenas amadureceriam com os anos.

Uma de suas maiores fraquezas era a luz do sol que os deixavam vulneráveis e fracos, por isso eram considerados noturnos. Era a controversa a escuridão das trevas. O sol representa recomeço, e sua luminosidade os enfraquecia e queimava-os até seus corpos serem explodidos em meio o ar.

Quando o sub mundo Inferno foi trancado com o senhor das trevas derrotado, foi esquecido ali os monstros para o lado de fora, esquecidos em meio ao final do mundo antigo.

Os três, sozinhos e perdidos diante a tanta imensidão; Deodara, Zezias e Dracul. Todos com mesma idade e mesmos instintos, alguns mais sensíveis do que os outros, mas sim, a mesma sede ali pesava nos três.

Na primeira semana Deodara e Zezias diferentes de Dracul sentiram algo novo, aconteceu algo que o senhor de todo o mal não pretendia. Na criação dos monstros usando as mesmas bases do segredo o qual foi confiado somente a ele, esqueceu-se de que, a raça humana tinha sentimentos, e como só sabia copiar esta, talvez com mais força essa qual tinha o seu preço, ele os fez sentir, sentir medo, fome, não só de alimento mais de sentimento. Tudo foi ampliado junto com a força e velocidade.

Deodara foi a primeira a se destacar dos demais, sentia um sentimento que fervia dentro dela, mais do que a sede que parecia rasgar sua garganta, algo que ela não conseguia entender, mas não era a todo o momento, apenas quando ela estava perto de Zezias.

Zezias era calmo, ardiloso, malicioso e também sentia o mesmo por Deodara, entretanto, Zezias não levará tanto em conta esse incômodo e para suprir essa estranha sensação Zezias sentia mais fome do que os três juntos.

Um dia enquanto os três irmãos tentavam caçar, quando a fome os dominou, Deodara se encontrou perante uma situação, ela estava perto de uma aldeia e viu humanos pela primeira vez, de longe, vulneráveis, eles o chamavam atenção. Deodara quis os matar, estava preparada como uma onça para dar o bote, seu instituto gritava dentro de si, mas, Deodara viu, aquela imagem que não a deixou os machucar. Ela os viu amar.

Deodara os observou por intermináveis minutos, talvez tenham sido apenas cinco, mas, para ela durou uma vida. O homem e a mulher apaixonados, entrelaçados em beijos profundos em meio apenas a luz do luar.
Quando os humanos decidiram voltar para perto de seus iguais, Deodara não conseguiu os atacar, ela entendeu o que sentia por Zezias e o procurou, quando o encontrou desengonçada e altamente corajosa pulou em busca do gesto que tinha visto os humanos fazendo, o beijo.

A partir daquele dia nenhum dos dois quis matar um humano se quer. Aprenderam que os animais serviam também de alimentação, embora não saciassem totalmente a sede e os deixavam fracos. Começaram a se esconder do mormaço que as noites quentes provocavam na mata, pois ate mesmo o ar quente e úmido, dentre as arvores, estavam os machucando.

Dracul, por outro lado, não entendia o que os irmãos sentiam, ele apenas queria se livrar de toda a sede. Vendo então que os outros dois tinham mudado, Dracul fugiu em uma noite chuvosa.

Sozinho no mundo Dracul desenvolveu suas habilidades, sendo muito inteligente e com facilidade de se adaptar com o novo mundo, assim foi devastando lugares aos poucos.

Tanto desmedido chamou atenção das forças do bem que assistia tudo acima de todos, acima do universo. Miguel, o mais velho, não podia deixar que Dracul continuasse com a devastação. Desesperado Miguel, que não podia mais descer a Terra, pois para isso era necessário uma força exorbitante, a qual já tinha sido usada para banir e prender o senhor de todo mal no Inferno, procurou sabedoria e repousou em meio ao paraíso.

Nele, Miguel achou a única resposta, ainda tinha seu dom, sua força e instinto contra o mal, ele não poderia e nem queria criar uma espécie, mas, lembrou que ele poderia fazer algo diferente.

Anos antes, Miguel sempre avistara uma família humana a qual ele apreciava o carinho entre os entes. O Pai daquela família sempre antes de se levantar, ceiar e repousar, agradecia humildemente a energia que em sua percepção o protegia todos os dias, e lhe dava mais um dia de vida. Ele não sabia ao certo a quem depositava a sua fé, sabia que existia uma força maior do que tudo que os guiava e guardava, e a ela, o Pai agradecia.

Miguel o admirava por tanta lealdade, por tanto carinho e amor, principalmente por saber que de nada sabia aquele humilde homem, nada conhecia, mas, tinha gratidão. Quando se lembrou de que poderia fazer algo diferente, entregar sem cobiça o seu dom por completo, uma ultima chance - na verdade sua ultima chance - ele escolheu Joel, o pai daquela família para dar-te todo o seu dom.

Os anjos só podiam visitar a Terra uma vez a cada mil anos, mas, foi aberto uma exceção para Miguel, que não viria a Terra de corpo, mas sim em energia, em um sonho para Joel.

No sonho, Miguel levou Joel para ver as vilas devastadas por Dracul, a maldade que estava rodeando todo o novo mundo. Perguntou a ele se queria proteger os humanos contra Dracul, que lhe entregaria seu dom e que não poderia lutar esta guerra pois não tinha mais forças. Assim foi feito, Joel aceitou e o agradeceu e na despedida, Miguel o explicou que estaria vigiando-o sempre torcendo por ele, mas que, seria a ultima vez que o veria, que agora ele tinha total autonomia para escolher como usar os dons dados a ele contra a criatura. E a partir daquela noite deu-se inicio a jornada de Joel, o primeiro caçador de monstros.

A Casa da Rua de TrásOnde as histórias ganham vida. Descobre agora