– A culpa disto é minha. – baixei o rosto, deixando as lágrimas correrem livremente pelo meu rosto. Tapei-o com a minha mão livre e solucei baixinho, imaginando o sofrimento do loiro. Quando abandonei a sua casa eu sabia que ele não estava realmente bem, e que o nosso contacto teve mais efeitos do que aqueles que ele me mostrava, mas nunca imaginei que algo deste género pudesse acontecer. Nunca pensei que, por minha casa, ele poderia ir parar ao hospital.

            – Não! Não! Era exatamente isso que ele te queria dizer! Ele queria dizer-te que a culpa não é tua! – Jack foi rápido a intervir. – Porque é que eu ainda dou ouvidos àquele rapaz... eu não devia ter telefonado. – ele murmurou. – Desculpa, Sophie. A sério, desculpa. Eu não queria ter-te deixado assim. As coisas vão resolver-se, só tens de lhe dar tempo para se habituar.

            – Eu quero falar com ele. – afirmei inutilmente, tentando parar de chorar. – Quando é que ele sai daí?

            – Não temos a certeza... pode ser ainda hoje, mas se for será daqui a horas. Não podes ficar a noite toda acordada, Sophie. – ele suspirou. – Ouve, eu vou tentar falar com o médico e pedir-lhe para ver o Luke. Tenho a certeza de que ele ainda está acordado, mas eu não prometo nada. Volto a ligar daqui a uns minutos, pode ser?

            – Está bem. – limpei as lágrimas, balançando a cabeça. – Até já... e obrigada.

            – De nada. Fica bem. – e desligou.

            Não podia acreditar que aquilo estava acontecer. Não podia sequer acreditar que a culpada tinha sido eu. Se eu não lhe tivesse tocado nada disto aconteceria e ambos poderíamos dormir uma noite descansada. Luke não teria de ir parar ao hospital com um estúpido ataque de pânico, e eu não me encontraria agora sentada na cama a chorar como uma idiota. Só desejava poder recuar no tempo e reformular as minhas decisões e atos, pois assim não existiriam estes problemas, e, tanto eu como Luke, poderíamos estar bem.

            Não iria conseguir adormecer de novo, e muito menos tencionava deitar-me e esperar a chamada de Jack. Precisava de me levantar e pôr o sangue a circular, pois dessa forma poderia manter-me focada e firme. Levantei-me da cama e vesti um par de calças limpas, apanhando depois o meu cabelo num rabo-de-cavalo desajeitado. Limpei o meu rosto cansado com água fresca e fiz de novo o trajeto até à minha cama, sentando-me. Peguei no telemóvel e marquei o número do Michael, rezando para que ele atendesse. Só o fez ao segundo toque.

            – Que merda? – ele balbuciou, com a voz rouca e adormecida. – Que horas são?

            – Michael. – suspirei, sabendo que ele ainda levaria alguns segundos a acordar. – Ouve-me com atenção. O Luke está no hospital.

            – O quê? Hospital? – as suas palavras foram arrastadas pela confusão e pelo cansaço, mas percebi nelas um tom de preocupação. – Sophie, isto é um sonho? Estás a ter algum episódio de sonambulismo?

            – Não... quem me dera que fosse isso. – tornei a respirar profundamente, esfregando a testa nervosamente. – Desculpa se te acordei, mas eu preciso que me venhas buscar.

            – Mas que horas são, afinal? – ele grunhiu, insatisfeito com o meu pedido. – E porque caralho foi o Luke parar ao hospital? O que é que tu lhe fizeste!?

            – Pelos vistos... magoei-o. – balbuciei. – Ele teve um ataque de pânico e o Jack, o irmão dele, ligou-me. Estou à espera que me ligue de novo para saber quando é que o Luke sai do hospital, mas eu não consigo esperar. A culpa foi minha e eu preciso de ir lá. O Luke precisa de mim.

Naive ಌ l.hWhere stories live. Discover now