Os espelhos estilhaçavam-se á primeira batida demonstrando a sua fragilidade perante a força do objeto prateado. Ele avançou um passo encurtando a nossa distância. A parede avermelhada bateu nas minhas costas verificando que estava em movimento, todavia a mesma parou assim que me embateu.
"Doce, doce Elaine."
Ele falava, mas o som parecia vir de todo o lado e de várias vozes ao mesmo tempo.
A pedra na sua mão deslizou pela minha cara, deixando-me conhecer a textura áspera e a temperatura alta a que se encontrava, queimando a minha pele. Um grito saiu pela minha garganta, e outro mais agudo que o anterior escapuliu assim que a pedra atingiu o espelho á minha direita e os vidros alfinetaram a minha carne.
"Niall." Sussurrei em suplica vendo-o a rir como se a minha dor lhe desse algum tipo de gozo ou prazer.
Ele negou com a cabeça olhando-me, e no momento seguinte senti a pedra a acertar na minha testa, fazendo-me cambalear para trás e arrumar com a nuca na parede rochosa avermelhada. A pancada foi forte, fazendo-me cair para o chão enquanto sentia o líquido quente a escorrer pelas minhas costas e testa. A minha visão tornou-se num borrão confuso, e senti-me a cair de um abismo quando a terra tremeu e os meus cabelos voaram ao sentir o vento gelado contra eles.
Eu estava morta.
Num movimento rápido, ergui o meu corpo sentando-me na cama enquanto gritos absurdamente agudos saiam pela minha garganta, e as minhas pernas esperneavam. Dois braços rodearam o meu corpo soado e escaldante.
- Shh, já passou, eu estou aqui. – Isaac murmurou abraçando-me.
Repousei a minha cabeça no seu ombro e apertei-o contra mim enquanto chorava amargamente relembrando-me do pesadelo que tive. A minha respiração estava acelerada e era atropelada freneticamente pelos meus soluços.
- Meu deus Laine, que susto. – Ele sussurrou apertando-me mais contra si. – Pensava que estava aqui alguém contigo.
Respirei fundo tentando controlar a minha respiração, e formar algum tipo de frase, todavia, a minha garganta estava seca e sentia as minhas cordas vocais embaraçadas umas nas outras. Tudo o que conseguia fazer era chorar sonoramente, e agarrar Isaac com uma força capaz de o sufocar.
- Está tudo bem. – Voltou a sussurrar.
- E-e-e-ele matou-me. E-ele matou-me. – Sussurrei ofegante.
- Shh, quem é que te matou? – Isaac murmurou com delicadeza deslizando os seus dedos pelas minhas costas numa dança relaxadora.
- E-ele. – Sussurrei mordiscando o lábio após me soltar dele.
Isaac suspirou e sentou-se de frente para mim na cama, esticou o braço para o fundo da cama agarrando uma camisola fina já suja e ergueu-a até á minha face passando-a pela minha cara soada. Ele sorriu e atirou a camisola para o chão do quarto beijando depois a minha testa.
- Dorme mais um pouco, ainda é cedo. – Sussurrou fazendo-me encarar o relógio que marcava quatro e cinquenta e três da manhã.
- Fica comigo. – Pedinchei mesmo sabendo que não iria conseguir dormir, pelo menos iria sentir-me protegida nos seus braços.
Ele assentiu e entrou na cama abraçando o meu tronco, enquanto o puxava mais para si. As suas pernas entrelaçaram-se com as minhas e ele agarrou a minha mão massajando-a com o polegar numa tentativa de me fazer adormecer. No entanto, por muito que quisesse voltar a dormir o medo era muito maior.
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Racism | njh
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