Provas

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-Scott?

-Rose, você está bem?

- Eu.. Eu.. - Eu conseguia mentir pra Lisy em casos como esse, mas não pra ele.

-Rose...- Ele fez uma pausa - Já estou chegando.

-Scott... Vem rápido - Ele havia desligado.

  Não conseguia pensar direito. Não sabia porquê.

  Eu revivi todas as memorias daquele dia. A única pessoa que consegui amar no passado, está ligada a pessoa que amo agora. Sim, eu o amo. Evan não poderia ter matado ele, não era possível. Evan não é flor que se cheire mas também não poderia ser um assassino. 

  Mas isso explicaria aquelas conversas, explicaria o porquê ele disse que era perigoso, e explicaria o porquê dele querer me afastar. Mas ser um assassino? Eu acho que estava delirando. Aquilo poderia ser só uma coleção estranha ou coisa do tipo.

  O pior de tudo era saber que ele sabia algo sobre Steven. Trancar o dedo numa porta dói, torcer o tornozelo dói, um tapa, um soco, um pontapé. Mas o que mais dói é a saudade. Tinha saudade do meu irmão que estava longe, saudade de uma cachoeira da infância, saudade do meu pai morto, saudade dos amigos que nunca mais vi. Saudade de quem eu fui um dia. Essas saudades que causam dor.

Mas a saudade mais dolorida é saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos olhares. Saudade da presença de certa pessoa ao seu lado sempre que tinham chance de se ver. Você podia ficar na sua casa e ele na dele, sem se verem, mas sabia que ele estava lá. Você podia ficar o dia sem vê-lo, mas sabia que amanhã teria essa chance.

  A saudade que eu tinha do Steven era tanta. Não consegui conter as lágrimas e só as enxuguei quando Scott bateu na porta. Eu a abri e ele entrou.

-Oi - Eu disse olhando pro chão.

-Oi - Ele olhava fixamente pra mim.

-Eu preciso conversar com você - Eu o encarei ainda com os olhos inchados - Vi uma coisa hoje.

-E esses olhos Rose? Você não sabe o quanto dói te ver assim.

-Scott, esse não e o assunto..

-Claro que e Rose, olha oque ele está fazendo com você. Ou você não percebe?

-Percebo.

-Me deixa te ajudar Rose - Ele falou se aproximando calmamente - Pelo menos me deixe tentar - Ele pegou minhas mãos e olhou no fundo dos meus olhos.

-Scott o que você está fazendo - Me soltei e me afastei - Você está com a Lisy.

-Quem te disse isso?

-Vocês estão sempre juntos.

-Não estamos juntos. Ela sabe a verdade sobre quem eu gosto.

-Você gosta de mim, não é?

-Rose, eu tentei dizer tantas vezes que era você - Hesitei - Mas, sempre que eu tentava o Evan aparecia no assunto. Eu sei que você o ama, mas me deixe tentar fazer você esquece-lo. Só te peço uma chance. Só uma.

-Eu.. Scott eu não sei, você me pegou de surpresa.

-Olha.. não sei oque ele te disse, mas vi que mexeu com você, não quero mais que isso aconteça. Ele não te merece, bom, nem eu mereço, mas vou fazer o meu melhor.

..........

  Scott com certeza me pegou de surpresa. Foi difícil dizer não.

  Esse dia seria um desafio. Eu era medrosa, tinha tanto medo do Scott não falar comigo de novo. Não era assim tão simples. Tinha medo de perder uma das amizades que eu mais valorizei em tão pouco tempo.

 Interrompi meus pensamentos quando deu a hora de ir. Peguei o carro e fui antes que pudesse desistir. Chegando lá fui direto ao meu armário pegar os livros do dia e fui pra aula.

  Não estava prestando atenção em nada.

  Até que a diretora bate a porta pra apresentar uma aluna nova. Porque tantos alunos novos? Levei um susto quando vi quem era. Aquela morena que Lisy tinha me falado que estava com Evan. Ela me olhou e lançou um sorriso sínico, eu pude sentir os olhos dos meninos nela quando ela se sentou sozinha em uma cadeira no meio da sala. Até que Evan passa pela porta e se senta ao lado dela.

  Agora não fui tomada por tristeza. Não pude ver seu rosto mas sabia que estava sorrindo. Não acreditei no que estava pensando em fazer, mas estava ansiosa pra aula acabar e.

  A aula acabou. Eu procurei pelo Scott mas sem sucesso.

  Estava passando pelo corredor vazio porque tinha esquecido minha jaqueta no armário depois do horário quando escuto vozes vindo de uma das salas, era impossível não reconhecer aquela voz. Era a Francis. Ela estava gritando, mas não escutei outra voz.

  Não passei em frente a porta, vi Evan sentado em uma das mesas olhando ela gritar com ele, ele como sempre estava sem nenhuma emoção. Fiquei parada uns cinco segundos ouvindo ela dizer "Você e tão burro. Porque ela está aqui? Será que você não pensa nos riscos. E se a menina descobrir a verdade Evan? Já pensou nisso? Ela é inocente. Eu mato você se esse plano não der certo, me ouviu?"

  Eu continuei andando, ouvi o barulho da porta se abrindo atrás de mim. Eu estava assustada com o que tinha ouvido.

 Fui pro estacionamento em direção ao meu carro e entrei nele. Senti que alguém estava atrás de mim. Antes de achar a chave pra liga-ló Evan entra e se senta no banco do carona, e em nenhum momento parou de me encarar.

-Eu não ouvi nada - Desisti de procurar as chaves - Pode sair agora?

-Pare agora.

-Parar com oque? Não sou fanática por você se e oque pensa.

-VOCÊ NÃO SABE ONDE ESTÁ SE METENDO - Ele grita - Será que não entende isso? Eu não gosto de você. Então pare de procurar por mim - Ele iria sair do carro se eu não tivesse segurado seu braço.

-Eu entendi - Fiz uma pausa - Antes de sumir preciso que me responda umas coisas. Só assim vou te deixar em paz.

-Vá em frente.

-Porque tem uma caixa cheia de provas de assassinatos na sua casa?

-Como você entrou..Esquece. São falsos, são itens de colecionador. Nada daquilo e real.

-Mentira - Ele ri debochado - Foi você não é? Você matou aquelas pessoas.

-Não me faça rir. Não sou um mercenário.

-Eu conhecia um deles. Era meu namorado. Como pode mentir agora? Foi você que o matou não é? Me diz a verdade - Não pude segurar as lágrimas - Por quê?

-Rose...

-Porque Evan? Só me diz isso e eu te deixo em paz - Ele me olhou sem expressão e saiu do carro.

O mistérioWhere stories live. Discover now